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Academia Francesa analisa adoção do uso feminino em nome de profissões

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A Academia Francesa de Letras, maior instituição responsável pela conservação e pela aprovação de mudanças do francês, começa a examinar nesta quinta-feira (28) um relatório para aprovar a “feminização” das profissões. O assunto é considerado um tabu no país, onde diversos títulos são usados somente no masculino, como “escritor” (“écrivain”), professor (“professeur”) ou “médico” (“médecin”).

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O relatório tem 20 páginas e foi redigido por uma comissão presidida pelo historiador Gabriel de Broglie e composta pela romancista e ensaísta Danièle Sallenave, pelo poeta de origem britânica Michael Edwards e pela escritora Dominique Bona. Enquanto Bona luta durante anos por uma reabertura do debate sobre o lugar do feminino na Academia Francesa, Sallenave afirmou, em 2017, que o “masculino não é neutro” e foi escolhido como “gênero dominante”.

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O uso do feminino para as profissões já é aceito em diversos países francófonos, como a Bélgica, a Suíça ou a província canadense do Québec. Caso a França se junte ao grupo, isso representaria uma revolução para uma instituição que sempre fez oposição à mudança e à demanda das feministas.

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A querela deu até origem ao livro “O ministro está grávida”, publicado no ano passado pelo linguista Bernard Cerquinglini. A obra traz uma frase dita por Maurice Druon em 1997, na época secretário perpétuo da Academia Francesa: “Livres são nossos amigos do Québec, que não permanecem inocentes nesse assunto, de quererem dizer ‘uma autora’, ‘uma professora’ ou ‘uma escritora’”. Drouon duvidava que esse debate alcançaria a França e os outros países de língua francesa.

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Uma médico ou uma mulher médico?

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Em uma declaração de 2014, a Academia Francesa disse aceitar a “feminização” de profissões como “aviadora”, “farmacêutica”, “advogada”, “compositora” e “editora”. Mas ela também ressaltou rejeitar “um espírito sistemático que tende a impor, às vezes contra a vontade das envolvidas, novos formatos” como “professeure” (professora), “sapeuse-pompière” (bombeira), “ingénieure” (engenheira) ou “procureure” (procuradora). Segundo a instituição, tais modificações são “contrárias às regras” e constituem “verdadeiras barbáries”.

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O presidente da Comissão de Enriquecimento da Língua Francesa, Frédéric Vitoux, publicou na quarta-feira (27) um artigo onde argumenta que certas profissões, se alteradas para o feminino, podem causar confusão, como “médica” que, em francês, seria “medicine”, mesma palavra usada para falar de “medicina”. “Como vamos dizer médico no feminino sem causar confusão semântica com a disciplina? Vamos dizer ‘uma médico’ [opção escolhida pelo Québec] ou ‘uma mulher médico’? Há mil soluções, mas é preciso escolher”, disse.

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A Academia Francesa tem atualmente apenas 4 mulheres contra 31 homens. Além disso, não há entre seus imortais nenhum linguista e nenhum especialista em gramática.

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