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Veja publicação original: A voz da inclusão
Conheça a história e o projeto da jornalista e atriz Fernanda Honorato, vencedora na categoria Trabalho Social, no Prêmio CLAUDIA 2017
Por Giuliana Bergamo, editado por Abril Branded Content
“Digo às mães de crianças com síndrome de Down para não desistirem dos sonhos e acreditarem nos próprios filhos”, Fernanda Honorato (Ariel Martini, Mariana Pekin e Pablo Saborido/Reprodução)
O Prêmio CLAUDIA não é exatamente um evento artístico. Também não fala de sonhos sem lastro, mas de projetos realizados. Sua essência é a boa reportagem, que, ao longo dos últimos 22 anos, tem descoberto e promovido brasileiras que batalham para construir ou consertar o país. Na grande festa de premiação, porém, o jornalismo ganha tons de arte e contagia. Na noite de 2 de outubro, 1,1 mil pessoas estiveram na Sala São Paulo, na capital paulista, para conhecer o perfil e a obra de 24 finalistas e acompanhar de perto o anúncio dos nomes vencedores.
A seguir, conheça a história da jornalista e atriz Fernanda Honorato, 36 anos, premiada na categoria Trabalho Social.
O que ela faz: Em seu programa de TV e em palestras, divulga os direitos e as potencialidades das pessoas com deficiência.
Ainda na maternidade, ao descobrir que sua recém-nascida tinha síndrome de Down, a contadora carioca Carmen Honorato chorou copiosamente por uma noite e um dia inteiros. “Eu enfiava o rosto no travesseiro, para não fazer barulho, e soluçava”, relembra. No dia seguinte, enxugou as lágrimas e insistiu para ter alta médica. “Era preciso começar a estimulá-la quanto antes.” Com apenas 23 dias de vida, Fernanda, hoje uma mulher de 36 anos, fazia a primeira sessão de fisioterapia.
Desde então, segue surpreendendo os pais. Na adolescência, quando morava com a família em Foz do Iguaçu (PR), depois de assistir a uma reportagem na televisão, anunciou: “Estão dizendo aí que tem vagas para pessoas com deficiência na prefeitura. Eu tenho síndrome de Down, quero trabalhar também”. Embora nunca tivesse escondido nada da filha, era a primeira vez que Carmen ouvia a menina falar sobre sua condição. O primeiro emprego, no entanto, só viria em 2006, quando a família estava de volta ao Rio de Janeiro. Fernanda dançava em uma boate quando foi abordada e entrevistada por uma equipe de audiovisual e recebeu o convite para fazer um teste. Aprovada, passou a integrar o time do Programa Especial, da TV Brasil, tornando-se a primeira repórter com deficiência intelectual do país. O semanal vai ao ar aos sábados, às 12 horas. Traz reportagens sobre deficiências, transmitidas com legendas, narração para imagens e linguagem de sinais. Nele, há o quadro Tietando, em que a repórter entrevista celebridades.
Já responderam às perguntas de Fernanda, por exemplo, Chico Buarque e Maria Bethânia, conhecidos por evitar o assédio da imprensa, e a jornalista Marília Gabriela, “musa inspiradora” da repórter. Orgulhosa por ser “completamente independente”, a carioca também viaja pelo Brasil para ministrar palestras sobre inclusão. “Sempre digo às mães de crianças com síndrome de Down para não desistirem dos sonhos e acreditarem no potencial dos filhos. No futuro, eles podem ser repórteres, como eu”, afirma.
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