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A vlogger chinesa que denunciou abusos em rede social e acendeu debate sobre violência doméstica no país

Saiu no site R7

 

Veja publicação no site original: A vlogger chinesa que denunciou abusos em rede social e acendeu debate sobre violência doméstica no país

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He Yuhong era famosa por transformações no rosto dela — e agora provocou um debate nacional

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Os relatos de uma vlogger chinesa sobre violência doméstica reacenderam os debates sobre se as vítimas desse tipo de crime estão recebendo o apoio de que precisam.

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He Yuhong, conhecida na internet como “Yuyamika”, ganhou fama por usar maquiagem para se “transformar” em celebridades, como John Lennon e Taylor Swift.

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Na segunda-feira (25/11), ela divulgou um vídeo em sua conta na rede social Sina Weibo no Dia Internacional das Nações Unidas pela Eliminação da Violência Contra as Mulheres.

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No vídeo, ela alegou que seu ex-parceiro, um ilustrador de 44 anos, abusou dela repetidas vezes durante o relacionamento de um ano.

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O ex-namorado, identificado apenas como Chen, não respondeu publicamente às acusações.

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A polícia, responsável por investigar as acusações na cidade de Chongqing, no sudoeste do país, diz que Chen está detido há 20 dias.

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A força policial local disse em sua conta na rede social que “foi descoberto que Chen havia cometido atos ilegais que ameaçavam a segurança pessoal alheia por meio do WeChat” — aplicativo de mensagens muito popular na China.

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He compartilhou imagens de rede de vigilância e disse que seu parceiro a forçou a sair do elevador, puxando-a pelos tornozelos

BBC NEWS BRASIL

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‘Vivendo um pesadelo’

He conquistou muitos seguidores, na China e no exterior, pelos vídeos tutoriais de maquiagem. Ela tem mais de 750 mil seguidores apenas no Instagram.

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A postagem na segunda-feira foi uma mensagem de tristeza: “Nos últimos seis meses, parece que estou vivendo um pesadelo”.

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Ela compartilhou imagens da câmera de vigilância de um elevador, datada de agosto, em que aparecem duas pessoas que ela disse serem Chen e ela.

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As imagens mostravam uma mulher sendo violentamente arrastada pelos tornozelos.

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“Ele continuou chutando meu corpo, e eu estava com tanto medo que só consegui me deitar no chão e esperar até que ele terminasse de descontar tudo em mim”, disse He.

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He Yuhong relatou em rede social os detalhes sobre os abusos físicos que sofreu

BBC NEWS BRASIL

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Ela também compartilhou entrevistas em vídeo com duas mulheres que alegavam ser ex-esposas dele, falando de suas próprias experiências de violência doméstica. O vídeo também contou com depoimentos de pessoas que alegaram ter visto Chen bater em He.

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Em seu post na rede social, He usou a hashtag #NoLongerSilentFacedWithDV (que defende a denúncia de casos de violência doméstica), que desde então se tornou viral.

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Mais de 720 mil usuários postaram mensagens usando a hashtag, muitos falando de suas próprias experiências com a violência doméstica.

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Uma quantidade impressionante de comentários é de usuários que dizem ter vivido situações de violência doméstica na própria pele ou testemunharam isso na relação de seus pais.

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“Estou pensando na época em que minha mãe foi espancada pelo meu pai. Eu tinha medo quando era jovem, só conseguia chorar”, disse um usuário da rede social.

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Dezenas de milhões de vítimas

A Federação das Mulheres da China tem sido particularmente firme ao destacar situações de abuso. Nesta semana, divulgou que até 30% das mulheres casadas da China sofreram alguma forma de violência doméstica.

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O jornal estatal China Daily diz que o número é de pelo menos 90 milhões de mulheres, e o People’s Daily diz que crianças, assim como parceiros, são vítimas em até 63 milhões de famílias.

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Um relatório da ONU Mulheres de 2017 constatou que, entre março de 2016 e outubro de 2017, pelo menos 635 adultos e crianças morreram vitimados pela violência doméstica na China.

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“A violência dentro das famílias é tradicionalmente vista como uma questão privada na China”, escreveu a ativista feminista Lu Pin em março de 2018. “Uma área em que pessoas de fora não teriam o direito de interferir.”

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Consequentemente, levou anos para a China criar uma legislação criminalizando a violência doméstica. A primeira lei de violência doméstica do país foi promulgada apenas em 2016.

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Antes de 2001, a violência física nem mesmo era motivo de divórcio. E, antes da legislação, as mulheres temiam falar sobre suas experiências.

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Em abril de 2015, a China deteve por um mês um grupo de feministas que usavam vestidos de noiva manchados com tinta vermelha para aumentar a conscientização sobre o abuso sexual e a violência doméstica.

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Mas, mesmo agora, os casos de violência doméstica ainda são difíceis de provar nos tribunais chineses.

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A legislação existente também falha ao não levar em conta casais que não são formalmente casados ou que são do mesmo gênero.

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E o site de notícias Sixth Tone diz que “reclamações bem-sucedidas exigem evidências substanciais documentadas” e que “as próprias proteções são limitadas e as punições por violações são relativamente leves”.

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De fato, tornou-se comum que as mulheres compartilhem na internet as agressões que sofrem, usando a força da indignação pública para forçar as autoridades a agirem.

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E no Brasil?

No Brasil, o 190 é número de telefone da Polícia Militar que deve ser acionado em casos gerais de necessidade imediata ou socorro rápido. A ligação é gratuita. Outros números são o 192, do serviço de atendimento médico de emergência, e o 193, do Corpo de Bombeiros.

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Por meio do Ligue 180, é possível entrar em contato com a Central de Atendimento à Mulher em Situação de Violência, que é um serviço gratuito e confidencial. Ele funciona para “receber denúncias de violência, reclamações sobre os serviços da rede de atendimento à mulher e para orientar as mulheres sobre seus direitos e sobre a legislação vigente, encaminhando-as para outros serviços quando necessário.”

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Pelo Disque 100, que também é uma ligação gratuita e funciona 24 horas, é possível fazer denúncias de violações de direitos humanos — entre elas, as que têm crianças e adolescentes como vítimas. Segundo o governo, o serviço “pode ser considerado como ‘pronto-socorro’ dos direitos humanos pois atende também a graves situações de violações que acabaram de ocorrer ou que ainda estão em curso, acionando os órgãos competentes, possibilitando o flagrante”.

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