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“A mulher precisa sair do ciclo de violência doméstica”, diz defensora Rosana Leite

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“A mulher precisa sair do ciclo de violência doméstica”, diz defensora Rosana Leite

Por: CAMILLA ZENI

Violência doméstica é um problema que assola todo o país e preocupa em ambas as esferas, pública e privada. Por possuir diversas formas, podendo ser física, sexual, verbal, psicológica ou uma ameaça, o crime depende das vítimas para romper com um ciclo. Para tanto, é preciso não se calar.

 

No início da semana, um caso de feminicídio chocou Cuiabá. Um ex-presidiário assassinou sua companheira a facada e estuprou e matou a enteada com golpes de martelo. Conforme os vizinhos, as brigas entre o casal eram constantes. Entre idas e vindas, o “basta” veio de forma trágica.

A defensora Rosana Leite, do Núcleo de Defesa da Mulher da Defensoria Pública de Mato Grosso, explica que, infelizmente, o caso ainda é comum porque as vítimas não têm forças para denunciar o companheiro logo no início do ciclo de violência doméstica.

“A mulher nunca imagina que aquela pessoa que teve a intimidade com ela, que é pai dos seus filhos e filhas, possa fazer um mal maior, ninguém acredita. Mas precisa acreditar para que ela possa também se proteger e entender que aquela ameaça é muito grave, justamente por ser dentro do ambiente doméstico e familiar”, destacou.

Conforme a defensora, a violência é um ciclo e vem enraizada. “A mulher sempre foi tratada como ser humano de segunda categoria. A hierarquia do homem sempre prevaleceu sobre a mulher”, disse. No entanto, com o avanço da Lei Maria da Penha, as mulheres têm tomado maior consciência sobre os atos dos companheiros e passaram a não mais aceita-los.

“A violência não é crescente, ela sempre aconteceu. O feminicídio procede de crimes mais leves, como uma ameaça e lesão corporal. Nós temos que fazer essa mulher compreender que ela precisa sair deste ciclo de violência doméstica e que a Defensoria está pronta para ampará-la em qualquer situação”.

O ciclo da violência doméstica possui três fases: 1) aumento de tensão, quando se inicia injúrias e ameaças e as vítimas começam a sentir o perigo; 2) ataque violento, quando as vítimas sofrem agressão física e psicológica, e a intensidade e frequência aumentam; e, 3) lua de mel, quando o agressor envolve a vítima com carinhos, se desculpa e promete mudança. No entanto, como em todos os ciclos, as ações voltam a se repetir.

Diante do caso, a mulher que se sentir ameaçada pode procurar o trabalho da defensoria para garantir sua segurança. “A finalidade do Núcleo é justamente tentar quebrar este ciclo da violência doméstica. A mulher, muitas vezes, está inserida dentro desse centro e não sabe como sair ou não entendem que estão dentro da violência”.

O Núcleo de Defesa da Mulher não atua somente na violência doméstica familiar, mas em todas as formas de violência. “Todas as vezes que a mulher é menosprezada pela sociedade, menosprezada dentro do seu ambiente de trabalho, e que sofre preconceito, discriminação, ela pode procurar o Núcleo”, observou.

 

 

 

 

 

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