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A ativista Julia Ward Howe foi a responsável por destacar a data em 1872, 45 anos antes de ela ser oficializada nos Estados Unidos
Ao longo da história, muitas mulheres têm assumido a vanguarda dos movimentos de paz e justiça social. O que não falta nos livros e manchetes são exemplos inspiradores, que vão desde o das jovens feministas líderes de marchas importantes no mundo todo ao da ativista norte-americana Julia Ward Howe, responsável por convocar o primeiro Dia das Mães, em 1872.
Feminista abolicionista e pacifista, ela tinha como objetivo na época dedicar um dia à paz em homenagem às mães que perderam os seus filhos e maridos durante a Guerra Civil dos Estados Unidos. Durante o conflito, um em cada 10 jovens homens americanos tiveram suas vidas dizimadas.
Em sua amplamente divulgada carta de Proclamação do Dia das Mães, Howe pediu para que todas saíssem às ruas de seus países não apenas para rejeitarem a guerra, como também para que trabalhassem pela paz “em nome da feminilidade e da humanidade”.
Décadas depois, sua filha Anna Reeves Jarvis interpretou a data criada por Howe como um dia de amizade entre as mães e que poderia juntar famílias e vizinhos divididos pela guerra. Foi então que ela decidiu se dedicar a fazer um lobby junto a governos, empresas, sociedade civil e líderes religiosos em apoio a uma declaração oficial do Dia das Mães. Seus esforços surtiram efeito em 1914, quando o presidente Woodrow Wilson declarou que, a partir de então, o segundo domingo de maio seria de celebração.
Com o passar dos anos, a data perdeu consideravelmente o seu efeito de esforços pela paz e se tornou bastante comercial. Mas como as imagens militares ainda figuram no noticiário, o sentido histórico da data se prova atual. Muitas das palavras de Howe soam tão verdadeiras hoje, quanto durante um dos momentos mais sangrentos da história de seu país.
Leia a íntegra da declaração:
“Levantai-vos, todas as mulheres que têm coração, se o vosso batismo é de água ou de lágrimas! Diga com firmeza: ‘Não teremos grandes questões decididas por agências irrelevantes, nossos maridos não virão a nós, cheirando a carnificina, para carícias e aplausos.
Nossos filhos não serão tirados de nós para desaprender tudo o que temos sido capazes de ensiná-los de caridade, misericórdia e paciência. Nós mulheres de um país seremos demasiado tenras das de outro país para permitir que nossos filhos sejam treinados para ferir o deles.
Do peito da terra devastada uma voz sobe com a nossa. Ele diz: ‘Desarmar, desarmar! A espada não é o equilíbrio da justiça.’ O sangue não apaga a desonra nem a violência indica a possessão.
Como os homens muitas vezes abandonaram o arado e a bigorna na convocação da guerra, deixem as mulheres deixar agora tudo o que pode ser deixado de casa para um grande e sério dia de conselho. Que se encontrem primeiro, como mulheres, para lamentar e comemorar os mortos. Que elas então solenemente se aconselhem umas com as outras sobre os meios pelos quais a grande família humana pode viver em paz, cada uma aprendendo após o seu próprio tempo, a impressão sagrada, não de César, mas de Deus.
Em nome da feminilidade e da humanidade, peço sinceramente que seja instituído um congresso geral de mulheres, sem limite de nacionalidade, que possa ser designado e mantido no lugar considerado mais conveniente e, no mais curto prazo, coerente com os seus objetivos, promover a aliança entre diferentes nacionalidades, soluções amigáveis de questões internacionais, que atendam aos grandes e gerais interesses pela paz.”
De fato a maior participação feminina na política continua sendo necessária e urgente. É com a igualdade de gênero que as mudanças sociais e os interesses gerais serão atendidos.
PUBLICAÇÃO ORIGINAL: O Dia das Mães foi criado há 145 anos por uma feminista