SAIU NO SITE P3:
autoria Ana Marques Maia
Agnieszka Sosnowska é polaca, cresceu em Boston, nos Estados Unidos da América, mas vive na Islândia há dez anos. “A Islândia é o melhor sítio do mundo para se ser mulher”, garantiu ao P3, em entrevista, e foi com base nessa ideia que começou o projecto de retratos “Iceland: In My Backyard”, que desenvolve há vários anos. À medida que o tempo passa, Agnieszka sente que absorve mais e mais da cultura islandesa. Em entrevista, via Skype, disse que “o processo de envelhecimento” e o de aculturação e a nova relação com a Natureza são ingredientes essenciais desta série de imagens que produziu, literalmente, nas traseiras da casa de campo onde habita, em Egilsstaðir. “Existe uma cultura radicalmente diferente na Islândia. Aqui é mais fácil ser mulher, existe uma sensação de que as mulheres são unidas, que se protegem umas às outras.” Agnieszka viaja muito, mas nunca encontrou outro lugar onde essa protecção fosse semelhante. A Islândia tem uma tradição feminista pungente que culminou expressivamente na eleição da primeira mulher Presidente da República, entre 1980 e 1996, entre outros dados que a tornam um país onde as medidas em prol da igualdade de género se encontram na dianteira, em todo o mundo. Agnieszka é professora de inglês numa escola local e alguns dos retratos desta série são de alunos seus; outros são auto-retratos. A ligação com a Natureza está muito patente nas imagens. “O projecto é cru, é duro”, afiança a fotógrafa, e isso prende-se com as exuberantes manifestações naturais do país. “Alguém que visita a Islândia fica estarrecido com a Natureza. É absolutamente deslumbrante e, ao mesmo tempo, assustadora. Quando ‘faz birra’, as consequências são graves. Aqui tens a noção de que é ‘Ela’ quem está a mandar, sentes-te pequeno.” Essa vertigem está patente nas imagens. Agnieszka fotografa unicamente em suporte analógico de médio formato, a preto e branco.
PUBLICAÇÃO ORIGINAL: Islândia: o país onde mandam as mulheres e a Natureza