Saiu no site CORREIO BRAZILIENSE
Levantamento mostra que, no primeiro semestre de 2024, 905 mulheres já foram vítimas de feminicídio
A coordenadora da pesquisa e socióloga da UEL, Silvana Mariano, explica que o crime de feminicídio, muitas vezes, é uma consequência de uma série de violências que a vítima passa. Apesar disso, a pesquisa mostrou que 81,1% dos casos de feminicídio consumados, a vítima não tinha nenhuma denúncia prévia contra o agressor. Mariano atribui isso ao fato de que muitos dos agressores fazem parte do ciclo íntimo da vítima, assim, as mulheres não veem a medida protetiva como uma opção de proteção. Os crimes consumados com medidas protetivas, no entanto, representam 12,8% do total.
“Os feminicídios em que a mulher tinha uma medida protetiva contra o agressor mostram que nós falhamos em proteger essas mulheres. Nós, como sociedade, não somos capazes de protegê-las”, reflete a pesquisadora.
O crime de feminicídio, geralmente, é cometido dentro da casa da vítima (48,6%) por parceiros íntimos (41,9%) ou ex-parceiros íntimos (23,4%). Além de ser um crime brutal, em que o agressor violenta a privacidade da vítima, o feminicídio não afeta somente as mulheres, mas também os filhos e/ou familiares. O estudo mostra que 17,8% dos assassinatos de mulheres e 21,4% das tentativas de feminicídio foram presenciadas pelos filhos da vítima.
“Uma quantidade significativa de crianças presencia as séries de violências que a mãe sofre do marido ou namorado. É um dano gigantesco o filho presenciar o pai matando a mãe”, diz Mariano.
Não existem dados concretos de quantas crianças são órfãs do feminicídio no Brasil. Os pesquisadores do Fórum de Segurança Pública calcularam, no entanto, que em 2022, existiria uma média de 2.300 filhos de mães vítimas de feminicídio. No Distrito Federal, o programa “Acolher Eles e Elas”, lançado no início do ano, auxilia em R$ 1.412 os filhos das vítimas.