SAIU NO SITE ELLE:
Se antes Miuccia Prada era uma das poucas representantes da luta, a italiana está ganhando algumas comparsas. A primeira delas, obviamente, é Maria Grazia Chiuri. Depois de sair da sombra da Valentino – onde ela dividia os holofotes com Pierpaolo Piccioli -, a designer agora brilha sozinha à frente da Dior. Considerando a primeira coleção que a estilista desenhou para casa, já deu para entender que este é o momento de dar mais espaço e voz às mulheres em um mercado que, majoritariamente, é movido pelo dinheiro que sai dos bolsos (ou das it-bags) delas.
Não à toa, depois de uma das mais longevas carreiras em uma só etiqueta, Riccardo Tisci finalmente saiu da Givenchy depois de 12 anos, deixando espaço para a entrada de Clare Waight Keller, ex-Chloé. O movimento, apesar de oportuno, é arriscado. O italiano criou uma fórmula que funcionava. Se por um lado ele se apropriava do legado obscuro e dramático que Alexander McQueen e John Galliano deixaram para a marca, Tisci também inseriu boas doses de sex appeal e sportwear na Givenchy.
O que se espera é que Keller siga na mesma linha que Chiuri e Bouchra Jarrar – na Lanvin pós-Alber Elbaz – estabeleceram. Com estas mulheres, as roupas destas marcas gigantescas deixaram a ideia do statement para trás e abraçaram a possibilidade do diálogo. O desfile não acontece para provar um ponto de vista artístico ou alguma subjetividade pouco relacionável.
Agora, a função é causar desejo imediato, fazer com que a plateia se veja naquelas peças que – apesar de parecerem superficialmente simples – trazem uma intelectualidade velada, que aparece somente nos detalhes. Percebida somente pelos mais atentos. A semana de moda tende, com isso, deixar de ser um afago no ego dos ditos “criadores” e passar a ser um serviço para as consumidoras que, no fim do dia, pagam as contas de todo mundo.
PUBLICAÇÃO ORIGINAL: Por que é importante ter mulheres à frente de grandes marcas