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‘A Mulher que Empoderava Mulheres’: conheça a leopoldinense Jerônima Mesquita, pioneira na luta pelo direito ao voto feminino

Saiu no site G1

 

 

 

Neste 30 de abril, em que é comemorado o Dia Nacional da Mulher, o g1 conta a história da leopoldinense Jerônima Mesquita, líder e fundadora do movimento feminista ‘Movimento Bandeirante’. Ela também fez parte do desenvolvimento do Conselho Nacional das Mulheres e na luta pelo direito das mulheres ao voto.

A história e trajetória de Jerônima virou tema do livro “A Mulher que Empoderava Mulheres”, escrito pela também leopoldinense Natália Montes, com licenciatura plena em História e pós-graduada em Antropologia. A obra, lançada em 2021, conta com a ilustração de Simone Morais Campos, formada em Educação artística pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). Confira a reportagem abaixo.

“Uma mulher de fibra que lutou com muita coragem contra as regras sociais criadas e impostas por alguns homens. Mesmo nascendo em uma família rica, dedicou-se a ajudar a diminuir a dor dos feridos, dos abandonados e dos desamparados. Lutou por justiça através da igualdade entre homens e mulheres perante a lei”, cita parte do livro.

Nesta semana, a indicação do livro para ser incluído no Programa Nacional do Livro e do Material Didático (PNLD) e nas ações do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) foi aprovada pela Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG).

Feminista, sufragista, enfermeira:
conheça Jerônima Mesquita

 

Jerônima de Mesquita, feminista leopoldinense — Foto: Reprodução/A Mulher que Empoderava Mulheres

Jerônima de Mesquita, feminista leopoldinense — Foto: Reprodução/A Mulher que Empoderava Mulheres

Jerônima Mesquita nasceu em Leopoldina, Zona da Mata de Minas Gerais, no dia 30 de abril de 1880, na Fazenda Paraíso, Distrito de Providência. Filha de José Jerônimo de Mesquita e Maria José Villas Boas de Mesquita, tinha 4 irmãos. A família viveu na cidade mineira até os 7 anos de Jerônima. Depois, foram para o Rio de Janeiro.

Perdeu o pai aos 15 anos e aos 17 anos casou-se com o primo Miguel Manuel Martins, com quem teve um filho, Mário Martins. Com 20 anos, ainda no final do século XIX, Jerônima separou-se do marido.

A separação de Jerônima em uma época em que mulheres não se divorciavam é apontada como uma das razões que levaram a mãe dela a deixar o Rio de Janeiro para morar na Europa por alguns anos com todos os filhos.

Viveram na França por 10 anos, até o início da 1ª Guerra Mundial, quando Jerônima ingressou como voluntária na Cruz Vermelha, em 1918. Depois foi para a Suiça.

Ao retornar ao Brasil, tornou-se ativista na luta dos direitos da mulher com as amigas, Stela Guerra Duval e Bertha Lutz , e com a mãe. Juntas, criaram o hospital Pró-Matre, no Rio de Janeiro, e atuaram como enfermeiras durante a epidemia de gripe espanhola.

Após o fim da guerra, Jerônima fundou o Movimento Bandeirante Feminino no Brasil com uma proposta de educar crianças e jovens. Em 1922, fundou a Federação Brasileira pelo Progresso Feminino (FBPF) e tornou-se uma das pioneiras na luta pelo direito ao voto feminino no Brasil, atuando no movimento sufragista de 1932.

A Mulher que empoderava Mulheres

 

Autora Natália Montes à esquerda e ilustradora Simone Campos à direta — Foto: Natália Montes/Arquivo Pessoal

Autora Natália Montes à esquerda e ilustradora Simone Campos à direta — Foto: Natália Montes/Arquivo Pessoal

Em entrevista ao g1, a autora do livro “A Mulher que Empoderava Mulheres” e professora, Natália Montes, contou que a ideia de escrever o livro surgiu na sala de aula.

“O ano era 2019 e eu trabalhava a história do Movimento Feminista dividindo os alunos em grupos e estudando sobre a biografia das várias mulheres feministas do Brasil. O nome Jerônima era citado em diversas fontes e, ao me deparar com sua origem e história, observei que era minha conterrânea. Conversei com algumas colegas de profissão que já haviam escrito artigos sobre Jerônima, mas, não havia um livro. Este episódio me causou enorme desconforto e, a partir dali, desejei muito escrever e pesquisar mais sobre ela”, explicou.

Segundo Natália, a escolha por contar a história de Jerônima foi pela trajetória de luta em várias frentes de lutas em que ela esteve envolvida: “sempre envolvendo o ser humano em suas mazelas e dificuldades, mas, focando nas mulheres, mães e sua falta de direitos e oportunidades”.

Paradidático, Natália espera trabalhar o livro nas escolas públicas e particulares, do Ensino Fundamental ao médio.

“Desta forma, as gerações atuais e futuras teriam o contato com vivências de uma personagem muito importante para o nosso país, haja visto que temos a comemoração do dia Nacional da Mulher como a data de seu aniversário, 30 de Abril, desde 1980”, completou.

Já para o público adulto, o livro traz, de forma sintetizada, a trajetória de lutas e belos exemplos de amor e abnegação pelo próximo, especialmente na conquista do voto da mulher no Brasil.

A reportagem também conversou com a ilustradora do livro, Simone Morais campos, também nascida em Leopoldina. Simone tem licenciatura em educação artística pela UFJF e pós-graduada em docência de ensino.

“Quando eu conheci a história percebi como era importante que a nossa cidade conhecesse também essa incrível feminista. Histórias assim podem inspirar o público infanto juvenil. Quantas “Jerônimas” existem ao nosso redor e que não foram reconhecidas? Mulheres que lutam por suas vidas, sua dignidade todos os dias, oprimidas por seus pais, parceiros ou patrões. O livro “A mulher que empoderava mulheres” é um livro para se inspirar”, analisou a artista.

Segundo Simone, foi usada a a técnica de aquarela nos desenhos para trazer suavidade nas cores dos desenhos, pensados conforme os trechos do livro e na divisão das páginas.

“Natália me apresentou o projeto do livro e embarquei nessa história, começamos a trocar algumas ideias, logo em seguida veio a pandemia, mesmo assim continuamos nosso contato pelo celular, fizemos reuniões on-lines, fui fazendo rascunhos, mandando por fotos, fizemos as alterações”, explicou.

Dia Nacional da Mulher

 

Ilustradora em Leopoldina deseja feliz Dia Nacional da Mulher

O Dia Nacional da Mulher foi instituído pela Lei 6.971 de 1980. O dia 30 de abril é a data de nascimento de Jerônima Mesquita.

Assim como o Dia Internacional da Mulher, comemorado em 8 de março, o Dia Nacional da Mulher também lembra a luta das mulheres na conquista de direitos.

“Há uma longa estrada a ser percorrida, todos os dias, pois, se temos direitos no século XXI, conquistados a duras penas e lutas coletivas no passado, não podemos esmorecer e perdê-los. Além do que, o machismo e o feminicídio nos mostram como a luta é árdua e contínua. Podemos trabalhar o empoderamento feminino, as histórias de mulheres que construíram um legado de amor e lutas em prol de outras mulheres, como também educar nossos filhos para que se percebam iguais em direitos e gênero”, concluiu Natália Montes.

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