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Conquistas de espaço no setor também se estendem aos cargos de direção.
A participação das mulheres nas cooperativas goianas ainda é menor que a dos homens, mas nos últimos quatro anos houve um crescimento significativo. Segundo o estudo Panorama do Cooperativismo Goiano, realizado pela Universidade Federal de Goiás (UFG), a pedido do Sistema OCB/GO, o contingente feminino saltou de 68.949, em 2019, para 84.065, em 2022, um aumento de 21,9% em apenas quatro anos.
Segundo o levantamento, a presença das mulheres é mais equilibrada em relação a dos homens nos ramos trabalho, produção de bens e serviços; saúde; infraestrutura; crédito e consumo. O maior desafio está nos ramos agropecuário e transporte, em que a participação feminina ainda é menor.
Para o presidente do Sistema OCB/GO, Luís Alberto Pereira, os homens ainda predominam nas cooperativas dos ramos agro e transporte por fatores culturais, mas ressalta que essa diferença vem diminuindo nos últimos anos. “À medida em que as mulheres assumem maior protagonismo nas diversas atividades profissionais, aumenta a proporção de cooperadas e dirigentes nas cooperativas”, analisa.
O Sistema OCB/GO tem estimulado o engajamento das mulheres nas cooperativas, não somente como cooperadas, mas como dirigentes também. “Para isso, criamos o comitê Elas pelo Coop GO, seguindo um direcionamento nacional. Fazemos isso com a consciência de que a presença da mulher nas cooperativas agrega qualidade no processo de gestão, bem como a sensibilidade feminina ajuda a reforçar os princípios basilares do cooperativismo”, destaca Luís Alberto.
Cargos de gestão
Em Goiás, de 2023 para 2024, houve um crescimento de 9,09% no número de mulheres no cargo de presidente de cooperativa, chegando a um total de 36 dirigentes. O aumento da participação feminina em cargos nos conselhos de administração (256) e fiscal (306) foi de 12,9% e 10,8%, respectivamente.
Coordenadora do Comitê Elas pelo Coop GO, Naiara Almeida avalia que avanços significativos foram obtidos nos últimos anos na redução do preconceito em relação à liderança feminina. “Superamos alguns desafios, como a maior conscientização sobre a importância da diversidade de gênero na liderança, o reconhecimento do talento e a capacidade das mulheres para ocupar cargos de gestão. No entanto, ainda há muito a ser feito para alcançarmos uma verdadeira igualdade de gênero, especialmente nas posições de direção”, reconhece.
Para Cheila Cristina Girardello, diretora-executiva da Sicredi Planalto Central, promover a diversidade de gênero contribui com o desenvolvimento do cooperativismo e das comunidades onde as cooperativas estão inseridas. “A participação das mulheres nas cooperativas de crédito é crescente e muito positiva. Na Sicredi Planalto Central, por exemplo, incentivamos e apoiamos as mulheres no movimento cooperativo. Temos aproximadamente 40% de mulheres no quadro de cooperadas, mais de 65% no quadro de colaboradores e 36% de mulheres em cargos de liderança”, comemora.
Cheila Cristina Girardello, diretora-executiva da Sicredi Planalto Central — Foto: Divulgação
Diretora da Cooperativa de Energias Renováveis do Brasil (Cerb), Ludimila Barbosa vê com satisfação o aumento da participação das mulheres no cooperativismo. “A mulher quer conquistar o seu espaço, até para demonstrar sua capacidade. É muito bom saber que grande parte da força do cooperativismo vem das mulheres. Temos um jeito diferente, mais acolhedor de lidar com determinadas situações, por isso, quero que mais mulheres se tornem cooperadas na nossa cooperativa “, ressalta.
Agronegócio
Se no ramo cooperativista do agronegócio ainda predominam os homens, há novas iniciativas que, aos poucos, ajudam a mudar essa realidade e que são bem-sucedidas graças à determinação das mulheres em conquistar esses espaços. Um bom exemplo é a Cooperativa de Agricultoras Familiares, Povos Tradicionais e Economia Solidária (Floryá), formada em sua totalidade por mulheres agricultoras.
Presidente da Floryá, Ihasminy Teixeira Areias Fernandes informa que a cooperativa foi criada há menos de um ano, em junho de 2023. “Fizemos questão de redigir nosso estatuto no feminino e escolhemos o nome Cooperativa das Agricultoras Familiares com o intuito de fortalecer e dar visibilidade às mulheres do campo como protagonistas e representantes de suas famílias em nosso espaço”, explica.
Ihasminy Teixeira Areias Fernandes é presidente da Floryá, cooperativa de agricultoras. — Foto: Divulgação
Ihasminy Teixeira afirma que não é fácil para as mulheres ocuparem espaços em áreas onde predominam os homens, a exemplo do agro. No início houve resistência e estranhamento por parte dos próprios familiares, até conseguirem uma abertura para o diálogo e, por fim, o apoio, lembra a dirigente.
“Se temos ao nosso lado a figura masculina, a exemplo do pai e do marido, geralmente são essas figuras que ocupam esses espaços. Houve muita resistência, nossos agricultores não entendiam a importância de suas companheiras à frente desse lugar. Por isso, fizemos questão de lutar pela participação dessas mulheres”, relata. Os números revelam que a presença das mulheres nas cooperativas vem aumentando em todos os ramos e não apenas no papel de cooperadas. A crescente força de trabalho feminina nos cargos de direção mostra que as mulheres têm se preocupado cada vez mais em desenvolver habilidades e investir em capacitação, em busca da progressão profissional.