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Dez anos atrás, neste mês, um terrível estupro coletivo seguido de assassinato em Delhi, na Índia, foi um divisor de águas que concentrou as discussões do país em uma questão anteriormente deixada nas sombras – a violência contra as mulheres.
*ATENÇÃO: Este texto contém descrições de violência sexual*
Quando Jyoti Singh, de 23 anos, foi estuprada pelo motorista e cinco cúmplices no ônibus em que ela viajava em Delhi. O incidente chocou o mundo.
Jyoti, que recebeu o apelido de “Nirbhaya” ou “a destemida” pela imprensa, lutou, mas morreu por conta dos ferimentos internos causados após ela ser jogada nua do ônibus. Ela morreu duas semanas após o ataque.
O choque da nação logo deu lugar ao ódio. Centenas de jovens mulheres e homens em Delhi exigiram justiça, marchando no frio cortante, desafiando canhões de água e gás lacrimogêneo usados pela polícia para dispersar a multidão furiosa.
O medo é minha primeira lembrança daquele ataque. Lembro-me do pavor que invadiu meu corpo ao ler os relatos horríveis da tortura – uma vara sendo inserida nela e seus intestinos arrancados. Eu me considerava bastante calejada, tendo crescido com assédio frequente nas ruas de Delhi, mas isso me aterrorizava