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Susana Cristalli – Equipe BuzzFeed, Brasil
Atitudes e ações práticas para que empoderamento seja mais do que uma palavra da moda.
Pedimos para mulheres à frente de ONGs, coletivos e publicações feministas dar dicas práticas de como mulheres podem empoderar umas às outras. A Viviane Duarte do Plano Feminino, a Maíra Liguori do Think Olga, a Monique Evelle do Desabafo Social, a Nathalia Parra da Frente Feminista Casperiana Lisandra (coletivo de alunas faculdade paulistana Fundação Casper Líbero), a Letícia Bahia da revista AzMina, a Raquel Marques da ONG Artemis e as meninas da revista teen feminista Capitolina responderam com estas sugestões.
1. Seja a amiga que você gostaria de ter.
Valorize as qualidades de suas amigas e faça elas acreditarem que podem fazer acontecer. E sempre dê apoio a uma amiga que precisa de colo.
2. Não veja outra mulher como rival só por ela ser mulher, no geral.
E, no específico, esqueça a competição com outra mulher por um homem. Não vai ser difamando e agredindo a sua igual que você vai garantir que ele goste de você.
3. Você não é obrigada a ser amiga de todas as mulheres que conhece – se não curte alguém, se distancie, mas nunca seja a pessoa que diminiu a imagem de uma mulher.
Criticar as roupas, o corpo, a atitude “barraqueira” de alguém são comportamentos em grande parte misóginos que não precisamos reproduzir.
4. Não aproveite da falta de autoestima de uma mana para ser abusiva (sim, pode acontecer entre mulheres também!).
6. Mostre os trabalhos de outras mulheres para o mundo e não apenas o seu.
7. Se tiver a oportunidade, indique mulheres, quando qualificadas, para uma vaga de trabalho ou uma promoção.
E, na escola ou faculdade, elogie sua colega, mesmo que não sejam próximas. Se ela for inteligente, bondosa, generosa, simpática, diga!
8. Na escola ou faculdade, não deixe professores sacanas ou colegas cruéis mexerem com as minas, sejam elas suas amigas ou não.
A escola pode ser um ambiente sufocante e a adolescência é um período difícil. Imagina para aquelas entre nós que têm mais dificuldade em fazer amizades ou que passam por bullying? Precisamos ter empatia e nos defender.
9. Respeite o jeito de cada uma: tanto de quem gosta de ficar em casa estudando como de quem sai e beija muito na boca.
E de todos os espectros possíveis entre um e outro!
10. Na balada, se um homem for inconveniente com minas na sua frente, pode intervir sim – avaliando o risco, claro.
Casais de lésbicas, por exemplo, são um alvo frequente de quem acha que pode “pedir para participar”.
11. Divulge as organizações que apoiam mulheres que precisam de um aborto, como a Women Help Women ou a safe2choose.
Não há risco legal em divulgar esse tipo de trabalho, mas pode ajudar a salvar a vida de uma mulher.
12. Você não precisa se engajar politicamente com tudo: às vezes só dar o exemplo com seu comportamento na vida é uma forma de ajudar outras mulheres.
13. Aprenda a perdoar a sua mãe, mesmo que sua forma de pensar seja muito diferente da dela: ela também é uma mulher em um mundo machista.
14. Ouça. Às vezes mais do que falar sobre feminismo é importante apenas ouvir o que outra mulher pensa, sente e viveu.
15. Converse com mulheres mais novas que você, e também muito mais velhas. O mundo muda muito rápido e às vezes a visão de gerações diferentes pode ser muito esclarecedora.
O cartaz diz “sem a Hermione o Harry teria morrido no primeiro livro”.
16. Sempre respeite o tempo de outra mulher. Ninguém nasce desconstruída.
Conhecimento e empoderamento exigem tempo, dedicação e informação. Seja parte do que ajuda, não do que atrapalha.
17. Não use palavras difíceis com outras mulheres que começaram a entender agora o que é feminismo. Não é uma competição de quem sabe mais.
Colabore com mulheres que estão querendo saber mais sobre feminismo indicando espaços onde a mulher tem voz, como reuniões de coletivos feministas.
18. Não subestime uma mulher que pensa diferente de você. Se em vez disso você a acolher, pode enriquecer o debate.
Compreenda que existe uma opressão em comum entre nós: o patriarcado, mas que somos diferentes e que temos que aprender a lidar com essas diferenças.
19. Se conhecer uma mulher vítima de violência doméstica, informe-a e dê apoio emocional – mas jamais cobre uma atitude dela. Ela fará isso quando estiver pronta.
20. Ouça de coração aberto as minas que, além de serem minas, pertencem a outras minorias.
Muito do que vemos e ouvimos na mídia ou na internet sobre pessoas negras, indígenas, mulheres trans, lésbicas e outras minorias vem de pessoas que na verdade não vivem essas realidades, e isso faz muita diferença sim.
21. Saiba reconhecer seus privilégios e procure sempre lembrar deles na hora de analisar opressões sofridas por mulheres, sem ficar na defensiva.
Ter privilégios não significa que você fez algo errado, e ouvindo pontos de vista diferente você pode aprender como pode ajudar sem tirar a visibilidade de outras mulheres.
22. Se você é uma mulher de pele branca, não afirme que é – ou se sente – negra. Senão, as mulheres negras nunca terão voz.
Enquanto nos EUA é suficiente uma gota de sangue para alguém ser considerada negra, no Brasil é o fenótipo que decide se as mulheres negras serão ou não estatística – houve um aumento de 54% nos homicídios de mulheres negras e uma redução de 9,8% de mulheres brancas.
23. Trabalhe para que as pautas das negras ganhem mais visibilidade, ainda que o que você possa fazer por isso seja ficando quieta.
Uma mulher branca tem menos chances de levar um enquadro da polícia, e não há nada que você possa fazer de imediato contra isso, mas pode colaborar percebendo seu lugar de fala.
PUBLICAÇÃO ORIGINAL: 23 formas de uma mulher empoderar a outra indicadas por ONGs e coletivos feministas