Saiu na ONU
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Pesquisa ouviu trabalhadoras brasileiras, refugiadas e migrantes sobre condições de trabalho, renda e perspectivas sobre o futuro
Mulheres, mães e com renda menor que dois salários mínimos por mês – abaixo da remuneração média na indústria da moda. Esse é o retrato das costureiras, de acordo com um diagnóstico lançado nesta segunda-feira (29) pelo Escritório das Nações Unidas de Serviços para Projetos (UNOPS), pela ONU Mulheres e pelo Ministério Público do Trabalho (MPT), por meio da Procuradoria Regional do Trabalho da 2ª Região (PRT-SP).
O estudo Mulheres na confecção: estudo sobre gênero e condições de trabalho na Indústri da Moda é inédito e mapeou quais são as condições de trabalho de costureiras atuantes na região metropolitana de São Paulo. A área concentra 12% do total de vagas de emprego do setor de confecção no país. Além de fazer ampla revisão bibliográfica, o estudo ouviu 140 costureiras, que contaram, também, sobre suas aspirações para o futuro. Entre as entrevistadas, estão refugiadas e migrantes (correspondendo a 30,7% do total da amostra).
A pesquisa considerou a perspectiva interseccional, procurando dar conta de alguns dos aspectos sociais e econômicos que influenciam a vida dessas profissionais. Foram levantados dados como a idade das trabalhadoras, a escolaridade, a raça, se têm ou não filhos/filhas e o local onde desenvolvem suas atividades laborais. Menos da metade delas (45%), por exemplo, concluiu o ensino médio e a maioria (62,1%) exerce a profissão na própria residência.
Ainda de acordo com o diagnóstico, 31% das brasileiras trabalham com carteira assinada, enquanto esse percentual é de apenas 7% entre as refugiadas e imigrantes. Nesse último grupo, a maioria (51,2%) atua de maneira autônoma, sem vínculo formal. O estudo foi viabilizado com recursos oriundos da aplicação da legislação trabalhista, destinados pela PRT-SP. A iniciativa foi coordenada pelo UNOPS, com apoio técnico da ONU Mulheres.
Outros dados significativos dizem respeito à renda familiar das trabalhadoras – cuja média está abaixo do recebido por outros profissionais da indústria têxtil – e ao fato de que 80% delas são mães. A maioria sente a necessidade de haver mais políticas públicas voltadas para o cuidado com as crianças.