Saiu no site Marie Claire:
“Estou disposta a dar minha vida por isso”, diz a jovem de 27 anos, que há 11 meses, luta na linha de frente da “Unidade de Proteção da Mulher”, ao lado de outras 8 mil combatentes, contra os terroristas
11 meses, Kimberley Taylor, de 27 anos, foi a primeira mulher britânica a embarcar rumo a Síria para lutar contra o Estado Islâmico. Sem permissão alguma, chegou ao campo de batalha motivada por dois propósitos: o socialismo e a revolução feminista. Por isso, rapidamente se aliou ao YPJ (Unidade de Proteção da Mulher, em português livre), um grupo só de combatente mulheres – cerca de 8 mil -, criado em 2012, no Curdistão.
“Não contei nada aos meus pais quando fui para Rojava, não contei a ninguém. Disse a eles que estava indo para o Curdistão iraquiano, onde tinha estado no ano anterior”, disse à BBC. “Mas aí, quando decidi ficar de vez, contei pra todo mundo. Meus pais ficaram felizes, garanti a eles que eu estava segura. Eu disse que tinha encontrado o que vinha buscando faz tempo – uma resposta para os problemas do mundo. Me levantei contra o facismo dos nosso tempo.”
Certa de que era essa sua responsabilidade, Taylor pegou em armas e, em poucos meses, viveu momentos difíceis, como um ataque recente. “Eram quatro horas da manhã”, relembra. “Vimos os terroristas do outro lado do prédio. Nós estávamos lutando há mais ou menos três horas. Dois homens-bomba apareceram – um obteve sucesso.”
Viajando para a Síria, Taylor se colocou em uma posição arriscada: enfrentar as graves acusações criminais do governo britânico, caso decidisse voltar para casa. Mesmo assim, a combatente não demonstra nenhum arrependimento. “Não aceito a opinião do governo sobre isso”, declarou. “Quando eles me dizem algo do tipo, simplesmente não escuto. Estou fazendo isso pela humanidade, não por eles.”
Seu primeiro contato com os refugiados sírios foi em Atenas, em novembro de 2013. “Eles se sentaram comigo e senti uma sinceridade em seus olhos”, escreveu no Facebook, onde compartilha detalhes de suas atividades. “Me contaram histórias pessoais de tragédia, medo, perda… Trouxeram a realidade da guerra para mim. Em 2015, minha viagem ao longo das fronteias da Síria, Turquia e Curdistão Iraquiano despedaçou meu coração.”
Além da carência alimentar e médica, o psicológico despedaçado dos civis que são usados como escudo humano nas guerras, que se desdobram em sequestros, violações e torturas, chocaram Taylor. “Lembro-me com culpa e frustração de mães me estendendo seus filhos nos braços, implorando para que os levassem para uma vida melhor. Não era só uma questão de desespero, mas de falta de oportunidade e esperança. Por isso, me comprometi a lutar pela causa, para colocar todo o controle nas mãos do povo.”
Enquanto mulher, lamenta a vigência das regras patriarcais que guiam as sociedades. “Sob qualquer sinal de influência social, nós recebemos rótulos que julgam pejorativos. Bruxas, puta, lésbica… Um objeto sexual incapaz de tomar decisões racionais sobre a vida de todos ou a política.” Na linha de frente dos combates, ela prova o contrário e não se deixa abater: “Estou disposta a dar minha vida por isso”.