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Advogada diz que vítima precisa fazer um diário com todas as situações documentadas
Recentemente, estudantes de uma escola particular da Bahia se uniram para denunciar um professor de geografia por assédio. De acordo com a advogada Yasmin Cascone, especializada em direito da mulher e membro da Rede Feminista de Juristas, casos como o das adolescentes são subnotificados. Mesmo sendo comuns, poucas jovens se sentem à vontade para denunciar casos como esse.
O primeiro passo para formalizar uma denúncia de assédio contra um professor é fazer um diário com o que aconteceu, hora e local. A especialista também diz que é importante que a jovem escreva exatamente o que foi dito pelo assediador.
— Tem uma dificuldade de configurar esses casos pois tem uma naturalização do assédio. Eles são constantes e sistemáticos. Ela nunca consegue provar. Ainda mais com adolescentes que têm essa questão hierárquica. O assediador vai ter um certo domínio em relação aos alunos. É um caso difícil de configurar, por isso a gente sempre indica que a vítima faça esse relatório.
A advogada também entende que é difícil a vítima enxergar que está sofrendo um assédio por conta de a nossa sociedade ver algo do tipo como “natural”. Mesmo assim ela alerta para que, ao menor sinal de desconforto com uma atitude de um professor, que a pessoa assediada evite ficar sozinha com o assediador.
O próximo passo, segundo Yasmin, é dar visibilidade ao caso, falando com familiares e com colegas. Principalmente, se alguém presenciou ou já passou pela situação.
A especialista diz que é fundamental que a pessoa não se sinta intimidada, mas que existe uma dificuldade muito grande encontrada por mulheres e homens que procuram órgãos de defesa para denunciar casos como esse.
Segundo a advogada, apesar de a maioria dos casos de assédio ter mulheres como vítimas, os homens também podem ser vítimas de algum abuso e que “o machismo atinge também os homens” que se sentem intimidados na hora de denunciar por acreditarem que terão sua heterossexualidade questionada.
Caso os assédios sejam feitos por meio da internet, como foi o caso das jovens da Bahia, Yasmin diz que fazer prints da conversa e entregar as imagens para um advogado responsável pode ajudar na denúncia, já que funcionam como um diário.
