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Pela primeira vez, Irma Sargentelli chegaria mais tarde. A auxiliar de serviços gerais, recém-admitida no emprego, caminhava com pressa em direção a um edifício no distrito da República, região central da capital paulista.
Às 9h30, subiu até o primeiro andar e manejou a chave do apartamento número 1, que servia como residência e consultório de sua patroa. Um letreiro anunciava a quem viesse pelo corredor: “Anita Carrijo – Cirurgiã-dentista”.
Irma abriu a porta, temendo uma advertência pelo atraso. O cenário não era o mesmo de todas as segundas-feiras.
No chão da sala, encontravam-se duas bolsas remexidas. Por cima da mesa, muitas folhas de papel. A patroa não dava as caras, e seu quarto permanecia trancado.
Irma espiou pelo buraco da fechadura e avistou um vulto caído. Com ajuda do zelador, arrombou a porta, descortinando um painel mórbido: gavetas abertas, mais papéis, roupas em desalinho por todo o cômodo — e o corpo de Anita sobre o assoalho.