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O acesso à moradia adequada é difícil em um país como o Brasil, que possui um déficit habitacional de 6,3 milhões de moradias (FUNDO FICA, 2019). A lógica perversa do mercado imobiliário – em que os custos de compra de terras e imóveis e mesmo de aluguel são altíssimos –, associada à carência de políticas públicas de provisão habitacional – em um contexto social em que famílias com renda de até dois salários mínimos residentes em áreas urbanas gastam 41,2% da renda familiar em despesas de consumo com à habitação (GUERREIRO; MARINO; ROLNIK, 2019) –, fazem com que a aquisição da casa própria seja extremamente difícil para as camadas mais pobres da população.
Essa conjuntura, associada a precariedade urbana das cidades brasileiras, faz com que a aquisição da casa própria seja pauta de luta social organizada. Além do acesso ao lar, os movimentos sociais urbanos de luta por moradia buscam a reforma urbana e o direito à cidade pois entende-se que o habitar não se restringe apenas ao espaço físico da casa, mas envolve também a localização na cidade, o acesso à serviços e infraestrutura da vida urbana.
O MST-Leste 1 surgiu em 1987, na luta pelo direito à terra e moradia na Zona Leste da cidade de São Paulo e Zona Leste Metropolitana (Ferraz de Vasconcelos e Suzano). Cerca de três mil famílias dos grupos de origem participam atualmente da entidade, que é composta também pelas 4.343 famílias dos diversos mutirões e conjuntos já conquistados nesses 33 anos de luta. O movimento é apoiado por entidades populares da região e pelas comunidades da igreja católica da Região Episcopal Belém, e tem relação com diversas assessorias técnicas na área urbana e parceria com a ONG Habitat para a Humanidade (MSTLESTE1, 2019). O movimento defende que a moradia é um direito humano e deve ter a atenção do Estado, e acredita na transformação através de políticas públicas com a participação popular e autogestão, proporcionando que as famílias sejam beneficiadas pela atuação ativa em todos os processos (FAHHAM, 2017).