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Veja a publicação original: “Não haverá novo normal; mulheres terão grande papel nesse mundo diferente”
No painel de abertura da segunda edição de Universa Talks, que debate as condições das mulheres no mercado de trabalho, as convidadas Lisiane Lemos, especialista em transformação digital, Laura Chiavone, sócia da Sparks&Honey, Daniela Cachich, vice-presidente de marketing de alimentos da Pepsico e Egnalda Cortês, CEO da Cortês, trazem reflexões sobre o mundo pós pandemia.
Lisiane defende que não haverá “novo normal”: “Pelo contrário, iremos construir uma nova história a partir do que aprendemos antes”. Laura concorda. “É preciso entender que o futuro é construído por nós. Nada vai ser como antes. A humanidade está passando, pela primeira vez, por uma mesma crise, com grandes impactos culturais, que afeta empresas e famílias. É uma marca que vai ficar para sempre”, diz.
Para Laura, a cultura será uma das áreas mais impactadas. “Haverá uma mudança importante com relação ao esporte, ao trabalho e às relações humanas. O toque, as conversas. O mundo será diferente e as mulheres têm um grande papel de construção de futuro, principalmente pelo seu papel social, pela maternidade. Muito do que é a sociedade passa por nós”, opina.
Daniela acredita que o privilégio branco deve ser usado para promover transformações reais na sociedade. “Chamamos mulheres negras de minoria, mas elas são maioria do ponto de vista técnico. Não as temos inseridas no mercado de trabalho ou não estamos dando à elas oportunidade?”, afirma, reforçando a importância de reformular os modelos de contratação a fim de diminuir a desigualdade.
Pesquisadoras de tendências e futuro apontam o que já é possível prever nas relações, seja no campo pessoal ou no coletivo. Hábitos de consumo, a necessidade ainda mais urgente de políticas efetivas de diversidade, o que não terá mais espaço, e as prováveis relações profissionais ou carreiras que são imprescindíveis no cenário de volta a alguma normalidade.
“Home office nos deixa exaustas” Entre as convidadas, é consenso que as condições de trabalho forçadas pela pandemia tem sido cansativas, em especial para as mulheres, que são as principais responsáveis pelos cuidados em casa. “Isso que estamos vivendo não é home office”, define Laura, depois de contar sobre uma imagem que postou em que sua mesa de jantar divide espaço com a tarefa escolar e as atividades de trabalho.
Laura diz que, em seu trabalho, a pandemia já modificou, para sempre, a rotina. As segundas e sextas passam a ser permanentemente de trabalho em casa. E, durante o isolamento, há um escalonamento de trabalho que leva em consideração o tempo para preparar o almoço ou acompanhar a vida escolar dos filhos.
Daniela diz que a impressão é de que passamos a trabalhar 24 x 7, em referência à disponibilidade total para o trabalho durante o período em quarentena. “Estamos trabalhando muito mais do que trabalhávamos. Mas como a gente garante esse momento para as pessoas conectarem e desconectarem? Se não a produtividade não vai mais acontecer”, diz ela. “Estamos todas exaustas.”.
Saúde mental durante a quarentena Lisiane também traz ao debate a questão da saúde mental. “Todo mêsversário de quarentena eu surto”, conta. “A gente não tinha estrutura em casa e agora temos que lidar com questões de saúde mental.” Sobre o processo de aprendizagem sobre a experiência da quarentena, ela cita nossa capacidade de adaptação. “Nunca fomos tão resilientes”, diz ela. “Isso vai ser parte do novo, mas o mais importante vai ser ouvir o outro, e não só viver esse ciclo infinito de trabalho e rentabilidade”.