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Morador de condomínio de luxo de SP suspeito de violência doméstica diz que ganha ‘R$ 300 mil’ e xinga PM de ‘lixo’; veja vídeo

 

Saiu no site G1

 

Veja a publicação original:  Morador de condomínio de luxo de SP suspeito de violência doméstica diz que ganha ‘R$ 300 mil’ e xinga PM de ‘lixo’; veja vídeo

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‘Aqui é Alphaville, mano’, ‘PM que ganha R$ 1 mil’, disse homem que ameaçou e ofendeu policiais militares em Santana de Parnaíba. Comerciante foi detido, mas acabou liberado após esposa desistir de representar contra ele na Delegacia da Mulher.

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Por Kleber Tomaz

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Um morador de Alphaville, condomínio de alto padrão na Grande São Paulo, que era suspeito de violência doméstica contra a mulher durante a quarentena, aparece num vídeo que circula nas redes sociais ameaçando agredir um policial militar, dizendo que ganha “R$ 300 mil por mês”, o chama de “lixo” e xinga ele e uma policial com palavrões em frente à sua residência, em Santana de Parnaíba (veja as imagens acima). Ele resistiu, mas foi detido. Depois acabou liberado.

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O comerciante de 49 anos foi levado algemado na tarde de sexta (29) para a Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) da cidade, mas foi solto porque sua esposa, uma operadora bancária de 46 anos, não quis representar criminalmente contra ele naquele momento (apesar disso, ela tem prazo legal de até seis meses para fazer a representação). Em depoimento à Polícia Civil, o homem negou que tenha ameaçado a mulher e afirmou que não se lembra de ter ofendido os policiais.

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O caso ocorreu em meio à pandemia do novo coronavírus, quando os números de casos de violência contra a mulher aumentaram em São Paulo durante o isolamento social, medida adotada pelo governo para evitar a propagação da doença (leia mais abaixo).

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Na gravação do vídeo é possível ouvir as ofensas do homem aos PMs. As imagens viralizaram ao serem compartilhadas, causando indignação principalmente em policiais, que se manifestaram publicamente em grupos na web repudiando os xingamentos.

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Entre as coisas que o comerciante falou aos agentes da Polícia Militar estão:

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  • “Você pode ser macho na periferia, mas aqui você é um b* [palavrão]. Aqui é Alphaville, mano”,
  • “Você não me conhece”;
  • “Eu ganho R$ 300 mil por mês”, “você é um m* [palavrão] de um PM que ganha R$ 1 mil”;
  • “Eu vou te chutar na cara”, “tenho uns 50 caras pra enfrentar você”;

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As ofensas foram ditas principalmente a um cabo da Polícia Militar (PM), de 41 anos, que foi ao local, na Alameda dos Tagetes, acompanhado de uma soldado da corporação, de 36. Ambos foram de máscara atender ao chamado da moradora, que é casada com o comerciante.

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  • Numa das poucas falas ditas pelo PM no vídeo ao comerciante é possível ouvir: “Mas você não é homem de vim [sic]”.
  • Ao fim da gravação, o homem ainda xinga e a ponta a mão para uma policial feminina que estava atrás de um carro: “Você e essa p* [palavrão] do c* [palavrão]”.

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Segundo os PMs, a esposa tinha dito que o marido estava violento e agressivo com ela após beber. De acordo com o registro do caso, feito na delegacia, a operadora telefonou para a Polícia Militar pedindo ajuda porque o comerciante “havia feito uso de bebidas alcoólicas, e durante o dia todo, a ofendeu com diversos xingamentos”. O casal está casado há 20 anos e tem dois filhos.

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Ao chegarem ao local, os agentes da PM contaram que a mulher saiu de dentro da residência com a filha no colo, mas o homem também apareceu “totalmente alterado” e passou a ofender e ameaçar a equipe. A criança e a mulher presenciaram as ofensas na garagem.

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O cabo afirmou que “pediu calma” ao comerciante, mas “ele se recusava a conversar com os policiais e continuava a ofendê-los” da porta da casa..

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PM tenta conversar com morador de Alphaville, na Grande São Paulo. Ele ofende o policial com xingamentos e dizendo que ganha R$ 300 mil por mês — Foto: Reprodução/Redes sociais

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PM tenta conversar com morador de Alphaville, na Grande São Paulo. Ele ofende o policial com xingamentos e dizendo que ganha R$ 300 mil por mês — Foto: Reprodução/Redes sociais

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Vídeo e ofensas

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Veja abaixo parte do que foi dito no vídeo. Não há informação oficial sobre quem gravou, mas no local tinham moradores, além dos policiais militares que depois deram apoio ao cabo e a soldado da PM.

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Nas imagens que circulam nas redes sociais, o homem aparece falando no celular e pedindo ajuda a alguém, enquanto é observado pelos policiais. Durante a exibição do vídeo, eles não aparecem apontando as armas para o comerciante, que berra ao telefone:

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“Um f* [palavrão] de um polícia de m* [palavrão]. Querendo invadir minha casa e me levar preso. Por favor, vem pra cá agora”, diz o homem no telefone.

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Enquanto isso, a mulher dele diz algo ininteligível e sai da casa com a criança no colo, ficando na garagem. O comerciante fica parado na porta da casa falando ao telefone:

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“Vem pra cá e me ajuda. Porque esse b* [palavrão]. Esse gordo f* [palavrão] tá achando que ele é o quê?”

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Quando o policial militar parece caminhar, o comerciante grita e o ameaça de agressão:

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“Não pisa na minha calçada. Não pisa na minha rua. Eu vou te chutar na cara, f* [palavrão]” e em seguida diz: “Você é um lixo, seu m*[palavrão]”.

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Quando pede ajuda, o comerciante diz os nomes de duas pessoas que conheceriam ou seriam ligadas a pessoas envolvidas com segurança de algum lugar:

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“Traz o segurança de segurança pública. Traz o secretário que você tem que trazer e leva esse f* [palavrão] da p* [palavrão] pra casa do c* [palavrão]”

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Enquanto isso, o homem insiste que quer a saída do policial da frente da sua residência:

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“Mas tira esse lixo da minha casa”, fala. “Eu quero ver [ininteligível] se não tenho uns 50 caras pra enfrentar você.”

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Nesse momento, o agente da PM diz:

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“Mas você não é homem de vim [sic]”.

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E o comerciante responde:

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“Eu não sou mesmo. Sabe por que? Porque você é um b* [palavrão]. Porque você é um m* [palavrão] de um PM que ganha R$ 1 mil. Eu ganho R$ 300 mil por mês”.

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Policiais que assistiram ao vídeo e demonstraram indignação em grupos de Whatsapp disseram que o salário de um cabo da PM pode chegar a R$ 4,5 mil.

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Na última parte do vídeo, o comerciante volta a ofender o policial militar:

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“Você não me conhece. Você pode ser macho na periferia, mas aqui você é um b* [palavrão]. Aqui é Alphaville, mano”.

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E pede para o PM se aproximar e depois o ameaça processá-lo na Justiça:

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“E aí? Sobe aqui. Quero ver se você é macho de vir aqui. Você vai ver o processo que você vai responder na sua vida”.

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Em seguida o vídeo termina com o homem xingando a policial:

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“Você e essa p* [palavrão] do c* [palavrão]”.

Comerciante ficou falando ao celular enquanto xingava PM em Santana de Parnaíba, na Grande São Paulo — Foto: Reprodução/Redes sociaisComerciante ficou falando ao celular enquanto xingava PM em Santana de Parnaíba, na Grande São Paulo — Foto: Reprodução/Redes sociais.

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Secretaria da Segurança

Por meio de nota, a Secretaria da Segurança Pública (SSP) informou ao G1 que o comerciante foi “foi detido por ameaça, violência doméstica e injúria”.

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No termo circunstanciado [TC] do caso constam os crimes de desacato” e “resistência” contra o homem.

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De acordo com a pasta, a mulher dele “contou à equipe que seu marido estava sob efeito de bebidas alcoólicas e durante todo o dia a ofendeu com diversos xingamentos na frente da filha.”

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Ainda segundo a Secretaria da Segurança, o homem “começou a ofender toda a equipe da PM que estava no local, sendo necessário apoio de outra viatura para detê-lo e levá-lo à delegacia.”

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“O caso foi registrado na Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) da cidade, onde a vítima compareceu, mas optou por não representar criminalmente contra o companheiro. Ela foi orientada quanto ao prazo de seis meses para a representação”, informa trecho do comunicado da SSP.

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Segundo a pasta, o comerciante não foi preso e acabou sendo libertado.

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Segundo a PM, mulher de comerciante pediu ajuda porque marido tinha bebido e estava agressivo — Foto: Reprodução/Redes sociais

Segundo a PM, mulher de comerciante pediu ajuda porque marido tinha bebido e estava agressivo — Foto: Reprodução/Redes sociais

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Comerciante

G1 não conseguiu localizar o homem, a mulher e os policiais militares para comentarem o assunto.

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Em seu depoimento à Polícia Civil, o comerciante negou ter “ameaçado ou ofendido” a esposa, e disse que tudo “não passou de uma discussão entre casal”.

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Ele contou ainda que a mulher arremessou o controle remoto e outros objetos contra ele, mas que não chegou a machucá-lo”.

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Quando ela chamou a PM, ele contou que neste momento estava muito nervoso, e que não se lembra do ocorrido”. Respondeu ainda “não se lembrar” de ter ofendido os policiais.

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Violência durante pandemia

Em abril, matéria publicada pelo G1 mostrou que o número de casos de violência contra a mulher aumentou em São Paulo durante o isolamento social em razão da pandemia de Covid-19. De acordo com o Núcleo de Gênero e o Centro de Apoio Operacional Criminal (CAOCrim) do Ministério Público (MP), em um mês, houve o aumento de 30% dos casos.

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De acordo com os dados, em março foram decretadas 2.500 medidas protetivas em caráter de urgência, no mês anterior foram 1.934. As medidas protetivas são determinações que visam garantir a segurança das vítimas. Também foi verificado aumento no número de prisões em flagrante devido a casos de violência doméstica, em fevereiro foram registradas 177, já em março foram 268.

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Segundo especialistas, a quarentena é necessária, mas traz fatores de risco que podem ocasionar o aumento dos casos de violência contra a mulher. Eles pedem para que as vítimas não deixem de buscar atendimento no serviço de saúde durante o período.

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Vítimas de violência doméstica podem pedir ajuda por telefone ao projeto ‘Justiceiras’ durante o distanciamento social. A vítima deve entrar em contato pelo Whatsapp no número (11) 99639-1212.

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