Saiu no site TJGO:
O 1º Tribunal do Júri de Goiânia, em sessão presidida pelo juiz Jesseir Coelho de Alcântara, condenou Gaspar de Jesus Alves a nove anos de reclusão, em regime inicialmente fechado, por ter tentado matar sua companheira, Silvana Ferreira da Silva, na noite de 16 para 17 de julho de 2015, por esganadura. A pena será cumprida na Penitenciária Odenir Guimarães – antigo Cepaigo, localizada no Município de Aparecida de Goiânia, onde ele já se encontra.
Segundo a denúncia do Ministério Público do Estado de Goiás (MPGO), Gaspar e Silvana viviam em regime de união estável há cinco anos e residiam na Rua Indiana, no Setor Novo Mundo, em Goiânia, onde aconteceu a tentativa de homicídio. Ele tentou matar a companheira mediante esganadura. Segundo os autos, o relacionamento deles era “bastante conturbado”, com “agressões físicas” por parte de Gaspar e ameaças de morte caso ela pedisse a separação.
Durante a convivência do casal, Silvana pediu por diversas para que ele deixasse a casa onde moravam. No dia do fato, por volta das 23 horas, ela foi deitar-se e ele ficou sentado numa cadeira ao lado da cama, quando começou a beber. Mais uma vez, a vítima perguntou a Gaspar se ele já havia arrumado suas coisas para se mudar, tendo recebido um não como resposta. Tão logo ela tentou dormir, foi surpreendida com o réu agarrando seu pescoço e tentando esganá-la, ao mesmo tempo em que revezava dando-lhe socos e enfiando a mão na sua boca.
A sessão desta segunda-feira (28) contou com participação do promotor de justiça Maurício Gonçalves de Camargos e do defensor público Samuel Alves Rezende. A vítima não compareceu à sessão de julgamento, tendo o conselho de sentença sido formado por quatro homens e três mulheres.
Mês Nacional do Júri
Este júri popular integra a pauta do Mês Nacional do Júri, que está sendo realizado em todos Tribunais de Justiça, para levar a julgamento acusados de crimes dolosos contra a vida, ou seja, homicídios e tentativas de homicídio, com foco também em processos de feminicídio (contra mulheres). A iniciativa é dos órgãos integrantes da Estratégia Nacional de Justiça e Segurança Pública (Enasp), parceria que une o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), o Conselho Nacional do Ministério Público e o Ministério da Justiça. Este será o terceiro julgamento presidido pelo juiz Jesseir Coelho no Mês Nacional do Júri. No primeiro, Adriano Pantoja do Rosário, acusado de matar a ex-namorada Luciene Ribeiro Vieira, foi condenado a 17 anos de reclusão, a serem cumpridos em regime fechado.
No dia do crime, 28 de setembro de 2015, cerca de dois meses após o fim do namoro, Adriano estava em frente à casa de Luciene, quando viu uma motocicleta, dirigida por um homem, deixando a ex-namorada. Ele teria esperado o condutor ir embora e foi tirar satisfações com a mulher, quando discutiram, pois não aceitava o rompimento do namoro, bem como o relacionamento dela com outras pessoas. Consta da denúncia que, de forma inesperada, o réu golpeou a mulher com uma faca, várias vezes, na região do pescoço e fugiu. Luciene morreu no local.
O segundo processo levado a julgamento no Mês Nacional do Júri e conduzido pelo juiz Jesseir Coelho foi o de Raílson Coelho Defino de Souza, que pegou 19 anos e 8 meses de reclusão por ter encomendado a morte da namorada Karoline Alves Clemente. Seu comparsa, Bruniel Silva Vieira da Costa, acusado de atirar na jovem, foi punido com pena de 18 anos e 8 meses de reclusão.
Os réus foram, ainda, acusados por crime de corrupção de menores, uma vez que dois adolescentes foram contratados para atuar no homicídio. Consta da denúncia que a vítima morreu no dia 12 de abril de 2015, por volta das 17 horas, no Setor Solange Parque 1, em Goiânia. Ela foi alvejada na cabeça, tórax, pescoço e abdome.
Ainda conforme apurado, o relacionamento de Raílson e Karoline era marcado por várias brigas, principalmente por motivo de ciúmes da parte dele. Na época do fato, o homem cumpria pena na Penitenciária Odenir Guimarães, do Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia, local que a jovem frequentava todos os domingos para visitá-lo. Próximo ao dia do fato, acabaram se desentendendo e terminaram o namoro, o que teria motivado o réu a encomendar a morte de Karoline, pois imaginava que ela o estivesse traindo.
O Mês Nacional do Júri substitui a Semana Nacional do Júri, realizada anualmente desde 2014. No ano passado, o Tribunal de Justiça do Estado de Goiás (TJGO) ficou em primeiro lugar na realização de julgamentos na Segunda Semana Nacional do Júri, com 318 sessões efetuadas, conforme balanço divulgado pelo CNJ. Em Goiás, foram julgados os crimes dolosos contra a vida distribuídos até 31 de dezembro de 2009. Anápolis foi escolhida como a Comarca Estratégia Nacional de Justiça e Segurança Pública (Enasp) em 2015, devido ao número de processos que se encaixavam na Meta Enasp. Em seguida, em abril do ano passado, duas comarcas goianas receberam o Selo Ouro Enasp concedido pelo CNJ: Piracanjuba e Goiandira. (Texto: Lílian França / Foto: Aline Caetano – Centro de Comunicação Social do TJGO)
Publicação Original: Homem que tentou matar companheira por esganadura pega nove anos de prisão