Saiu no site CLAUDIA
Veja publicação no site original: A imortalidade das heroínas de Jane Austen
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Em tempos angustiantes, reler e relembrar as heroínas de Jane Austen pode ser uma opção de se sentir melhor
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Por Ana Claudia Paixão
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Jane Austen nasceu há 245 anos, na Inglaterra. Em sua brilhante carreira como escritora em um período que não era comum mulheres escreverem, ela deixou 6 livros, sendo que dois deles só foram publicados após sua morte.
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Muitas pessoas associam sua obras a apenas livros românticos e é verdade que a fórmula de Austen não é de reviravoltas ou heroínas rebeldes. Ao contrário, são mulheres fortes, tímidas e com forte senso de decoro (da época). O que é sensacional da autora é mesmo dentro de uma história de amor, ela faz críticas de comportamento humano pertinentes e atemporais. Austen retratava o cotidiano inglês do interior do país com um texto rico, certeiro, irônico e brilhante. Ela nos presenteou com algumas personagens que viraram referência, como Elizabeth Bennet, Elinor e Marianne Dashwood e Emma Woodhouse, para citar apenas as mais famosas.
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Em tempos de angústia e isolamento, reler ou rever os filmes adaptados das obras de Jane Austen pode nos faz sentir bem. Para cada livro da escritora, várias adaptações foram feitas para o cinema ou TV. A mais recente versão de Emma está para ser lançada. Lá fora a NBC Universal vai disponibilizar via streaming, por conta dos cinemas fechados e o distanciamento social do momento. No Brasil, a previsão do lançamento é 23 de abril.
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Vamos lembrar suas heroínas?
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Razão e Sensibilidade
Elinor e Marianne Dashwood são as irmãs unidas que refletem a amizade de Austen com sua irmã, Cassandra. As duas também tem personalidades opostas: Marianne é pura paixão enquanto Elinor é contida e discreta. Ambas sofrem mais pela maneira que amam do que pela falta de dinheiro a que são impostas. Em um ambiente onde a falsidade e segredos podem literalmente partir o coração, elas têm que sobreviver em condições econômicas incertas.
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Se a opção é não ler, há o filme. Emma Thompson ganhou um Oscar de Melhor Roteiro Adaptado ao levar para o cinema a única versão do primeiro romance publicado de Jane Austen. Thompson fez um roteiro sucinto, fiel e brilhante e que ainda nos rendeu uma atuação brilhante da (então) adolescente Kate Winslet pré-Titanic. A Marianne Dashwood de Winslet é exatamente como a autora descreve nos livros e é um desafio não simpatizar com ela imediatamente. Entre os fãs de Austen, Marianne tem um lugar que outras personagens não têm. Atenção para o spoiler se não conhece a obra. Para muitos, Marianne é a única personagem que Austen puniu ao não encontrar uma alternativa para sua felicidade que não fosse ser domá-la e mudá-la. Marianne que era moderna ao defender casamento por amor, união sem vergonha de expressão quase morre de decepção e conclui que o casamento com o homem mais velho (mesmo que bacana e apaixonado) Coronel Brandon é a melhor opção. Há quem diga que a conclusão é o único livro da autora com um final infeliz. Se conseguir encontrar o filme em algum streaming ou canal pago, destaco também a brilhante trilha sonora de Patrick Doyle
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Orgulho e Preconceito
É o livro mais conhecido e adorado de Jane Austen e sua protagonista, Elizabeth Bennet, é unanimidade. Lizzie é uma personagem divertida, não é perfeita (é super orgulhosa) e já foi defendida nas telas do cinema por Lily James (na versão zumbi), Keira Knightley e Greer Larson. Assim como Elinor e Marianne, ela tem uma relação linda com a irmã, Jane. Em uma trama de pequenas surpresas e muito romance, Lizzie Bennet vive às turras com o arrogante senhor Darcy e é um desafio não torcer por ela ou por ele. O livro não é um dos maiores clássicos da literatura à toa e é uma delícia para reler em tempos de incerteza.
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Mansfield Park
Essa obra não é a mais popular de Austen, mas rendeu muitas frases famosas que encontramos por aí como inspiradoras. Fanny Brice é a primogênita de uma família muito pobre que é enviada para viver com a tia rica. Lá, CLARO, passa por situações de saia justa com as primas desmioladas, pessoas sem boas intenções e descobre o amor com o… ugh… primo, Edmund. No livro a amizade e amor dos dois nos faz esquecer a ligação familiar que na época da autora não era nenhum impedimento. Fanny Brice é a heroína contida da autora que não traz nenhum traço de rebeldia, apenas integridade inabalável.
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O texto de Mansfield Park é um dos melhores de Austen. Ela consegue tratar seus antagonistas com carinho e sem precisar falar mal deles, nos deixa ver a mesquinhez de suas intenções e almas. O mais curioso desse livro em particular é que Austen trata de infidelidade conjugal abertamente, de relações sexuais fora do casamento e também critica a colonização britânica com sua violência. Tudo isso em meio à uma ‘simples’ história de amor. Há um filme, mas o livro é infinitamente melhor.
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Emma
Um dos livros mais populares depois de Orgulho e Preconceito, Emma é também um clássico. Emma Woodhouse não é uma heroína comum de Austen, ao contrário, ela é a personagem que frequentemente aparecia nas suas páginas como a anti heroína. Emma é rica, bonita, arrogante e cega em sua vida de privilégios. Muito inteligente e manipuladora, ela até tem boas intenções mas é também responsável por algumas lágrimas. Não é à toa que Austen dizia que apenas ela gostava de Emma. Bom, Austen e o Sr Knightley, mas isso é para quem conhece a obra…
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Emma tem qualidades, claro e seu amadurecimento ao longo do livro é o que faz dela uma personagem muito querida.
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No cinema, Gwyneth Paltrow virou uma estrela na versão de 1996, que não é fácil encontrar nem no streaming. Kate Beckinsale também interpretou a mocinha em outra adaptação mais ou menos na mesma época. Mas a versão mais adorada de todas até o momento é As Patricinhas de Beverly Hills, que levou a história para uma Los Angeles dos anos 1990.
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A nova versão que chega aos cinemas em abril, Emma é defendida por Anya Taylor-Joy e tem um roteiro assinado por Eleanor Catton. Veja o trailer.
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Northanger Abbey
Um livro curto onde Austen brinca com os populares livros de sua época que lidavam com mistérios. Catherine Morland tem muita imaginação fã de romances góticos. Não é a personagem mais famosa ou marcante da autora, mas o livro tem seus fãs.
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Persuasão
Pessoalmente considero o melhor livro de Jane Austen. Foi publicado logo após sua morte e tem uma personagem mais sofrida, madura e que paga por um erro cometido em sua adolescência. O texto tem menos ironias, mas é reflexivo e maduro. Anne Elliot é uma das heroínas mais lindas da obra de Austen porque ela reúne as qualidades de Elinor e Marianne Dashwood e Elizabeth Bennet combinadas. Sua história com o major Frederick Wentworth é ainda dentro do padrão do universo de Austen, mas com reviravoltas e conclusões distintas. Não há versão para o cinema, mas na Amazon Video Prime tem a versão do filme de 1995 que vale rever, se optar por conhecer a obra fora das páginas. Mas os livros são sempre superiores a qualquer versão.
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