Saiu no site ENTRETENIMENTO UOL
Veja publicação no site original: Weinstein fez uma ‘lista negra’ de mulheres que queria investigar
.
Nova York, 24 Jan 2020 (AFP) – O júri do julgamento de Harvey Weinstein soube nesta sexta-feira que o produtor contratou um detetive particular para investigar dezenas de mulheres que suspeitava que pudessem contar para jornalistas suas supostas agressões sexuais.
.
Dois meses antes do início do escândalo que deu origem ao movimento #MeToo em outubro de 2017, o ex-produtor de Hollywood enviou um e-mail com uma “lista negra” de pessoas que queriam investigar a um detetive particular.
.
A lista inclui dezenas de nomes, alguns deles destacados em vermelho para indicar as pessoas que mais preocupavam o produtor, e quem contou isso ao tribunal foi o próprio investigador contratado, Sam Anson.
.
Segundo o detetive, a lista tinha os nomes das atrizes Rose McGowan, que Weinstein afirma que estava tentando chantageá-lo, e a atriz da série “Família Soprano”, Annabella Sciorra, que na quinta-feira testemunhou sobre seu suposto estupro nas mãos do acusado.
.
O ex-homem forte de Hollywood pode ser condenado a uma pena máxima de prisão perpétua se declarado culpado de violentar a atriz Jessica Mann em 2013 e de agredir sexualmente a ex-assistente de produção Mimi Haleyi em 2006.
.
Sam Anson falou à corte penal de Manhattan que recebeu o email de Weinstein em 17 de agosto de 2017, mas não seguiu suas instruções.
.
Anson, que agora trabalha para a empresa Guidepost Solutions, afirmou também teve uma conversa por telefone com Weinstein na época.
.
“Disse que havia preocupação de que essas reportagens que estavam sendo escritos sobre ele descrevessem seu comportamento sexual de maneira negativa”, lembrou.
.
O jornal New York Times e a revista The New Yorker publicaram extensos artigos sobre alegações de agressão sexual contra Weinstein em outubro de 2017.
.
Mais de 80 mulheres, incluindo as atrizes Salma Hayek e Angelina Jolie, denunciaram Weinstein por assédio, agressão sexual ou estupro desde o surgimento do escândalo sobre seus supostos abusos em outubro de 2017.
.
Weinstein nega e garante que todos os seus relacionamentos foram consensuais.
.
A defesa mostrou para o júri mensagens trocadas entre Mann e Weinstein que mostram que ambos tinham “uma relação carinhosa”.
.
Nesta sexta-feira, a psiquiatra legista Barbara Liv foi chamada como testemunha pela promotoria para dissipar vários “mitos” sobre o estupro e disse ao júri que as vítimas de agressão sexual às vezes permanecem em contato com o agressor por anos após o incidente.
.
“Esse contato pode variar de mensagens de texto a um relacionamento contínuo”, afirmou.
.
– “Trauma” -Weinstein, que vestia um terno escuro, fez anotações num bloco e bateu com os dedos numa mensa enquanto ouvia o depoimento de Liv.
.
Ziv disse aos jurados que a maioria das agressões sexuais é cometida por alguém que as vítimas conhecem, e não por um desconhecido, como se acredita normalmente.
.
A psiquiatra, que foi chamada como testemunha em mais de 200 julgamentos de agressão sexual, incluindo do comediante Bill Cosby, disse que é errado acreditar que as vítimas sempre resistem aos agressores.
.
Outra ideia equivocada, informou, é a de que as vítimas geralmente denunciam o ataque a amigos ou à polícia
.
A psiquiatra afirmou que as vítimas muitas vezes permanecem caladas sobre um ataque porque têm algum carinho pelo agressor.
.
O autor da agressão também pode ter o poder de arruinar sua carreira e outros relacionamentos, acrescentou.
.
“Eu posso lidar com esse trauma, mas Deus me livre de que isso arruíne minha vida e me faça incapaz de seguir em frente”, pensam as vítimas às vezes, segundo a psiquiatra.
.
O advogado de defesa Damon Cheronis perguntou a Ziv se há mulheres que relatam um encontro sexual consensual como estupro anos depois, “por vergonha”.
.
“Tudo é possível. Mas não é comum”, respondeu.
.
O ator Bill Cosby foi condenado em setembro de 2018 a três anos de prisão por drogar e agredir sexualmente uma mulher há 15 anos.
.
pdh/lbc/ll/lca/cc
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.