Saiu no site CLAUDIA
Veja publicação no site original: ‘Sex Education’ e o debate sobre o que une as mulheres
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A história de Aimee foi o ponto alto da segunda temporada e reascendeu um debate importantíssimo.
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Por Júlia Warken
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Aviso: se você não quer spoilers da segunda temporada de “Sex Education”, é melhor parar de ler por aqui.
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Lindamente roteirizada e executada, a cena em questão mostrou as colegas de Aimee se unindo para apoia-la depois de um acontecimento traumático. No ônibus a caminho do colégio, a garota foi surpreendida por um homem se masturbando – e a calça dela ficou manchada de esperma. Casos assim não são tão raros e viraram tema de um intenso debate no Brasil em 2017, lembra? A repercussão foi tamanha que a criminalização da chamada importunação sexual virou crime no país em 2018.
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Voltando a “Sex Education”, Aimee passou por esse tipo de assédio, mas não deu muita importância num primeiro momento – tentando levar as coisas com leveza. Só que, com o passar do tempo, o trauma foi crescendo e ela já não conseguia mais entrar no ônibus.
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Noutro momento da trama, no sétimo episódio, as seis personagens que aparecem na imagem do ônibus estão “de castigo”. É aquela clássica detenção da escola, frequentemente mostrada em filmes e séries. A professora então lhes dá uma tarefa: descobrir algo que une todas elas. A missão é mais difícil do que parece e nem mesmo gostar de chocolate é consenso. De repente, duas das personagens – que fazem um triângulo amoroso com o protagonista da série – começam a se ofender.
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“Parem de brigar por causa de um cara idiota!”, grita Aimee, com lágrimas nos olhos. Logo após, ela conta ao grupo o que está enfrentando e todas começam a relatar situações de assédio pelas quais já passaram. Eis aqui o que une essas garotas.
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A cena das seis no ônibus fecha o episódio, mostrando que as colegas se uniram para acompanhar Aimee na ida à escola. Singela, a imagem que viralizou realmente toca o coração e reascende o debate sobre a união das mulheres. O tema está longe de ser novidade, mas segue muito necessário.
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Ao longo dos últimos anos, vimos o neoapogeu do feminismo. Em séries, filmes, reportagens, vídeos de YouTube, textões no Facebook, almoços de domingo e cervejadas da empresa… nunca se falou tanto sobre o tema. Só que essa avalanche, enganchada no culto contemporâneo à intolerância verborrágica, acaba por enfraquecer o debate e a vivência prática do feminismo.
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As mulheres estão realmente unidas e exercendo a sororidade em pequenas ações do dia a dia? 2019 começou com “ninguém solta a mão de ninguém” e terminou com “elas que lutem”. Também foi o ano em que o conceito de autocuidado ganhou grande força.
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“Chega de desaforo, chega de priorizar o outro, chega de gastar minha energia com o que não me traz felicidade. Vou cuidar de mim”. Bacana, a gente realmente deve se amar antes de qualquer outra coisa. Você deve colocar a sua máscara de oxigênio antes de ajudar o passageiro ao lado, certo? Claro que sim.
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Acontece que o autocuidado e a autopreservação ganham contornos de umbiguismo egoísmo com muita facilidade. Será que não é hora de resgatar a empatia e a sororidade?
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Não soltar a mão de ninguém é muita coisa e talvez seja o momento de sermos mais realistas. Abraçar o mundo não é uma opção, mas recusar-se a falar da roupa da colega de trabalho é, por exemplo. Aliás, a época de Carnaval é mais do que propícia para colocar a sororidade em prática. Que tal ajudar uma desconhecida que bebeu demais? Que tal não passar a mão na cabeça do amigo machista? E da amiga gordofóbica também? Que tal oferecer apoio a uma mulher que sofreu assédio?
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“Sex Education” acertou ao mostrar que pequenas atitudes podem não mudar o mundo, mas certamente têm o poder de transformar a realidade de alguém. Segurar uma mão por vez já é um passo bem importante.
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