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Como saber se você está em uma relação tóxica – e por que é importante sair dela

Saiu no site UNIVERSA

 

Veja publicação no site original:  Como saber se você está em uma relação tóxica – e por que é importante sair dela

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Ainda que esse seja um tema cada vez mais debatido, muitas vezes quem está dentro de um relacionamento abusivo subestima alguns sinais e não consegue identificar outros.

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Por Cristina Escobar – Da BBC News Mundo

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“Meu relacionamento com Tom* parecia um conto de fadas, daqueles que você só vê em filmes.”

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Assim começava o relato chocante de Anna*, que contou à BBC News como uma relação que parecia uma história de amor pode se transformar em pesadelo.

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Com o tempo, o que parecia ser carinho e atenção se mostraram, na verdade, maneiras do parceiro de controlá-la.

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“Foram tantos sinais de alerta que deixei passar nessa época…”

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O caso de Anna é o exemplo clássico do que os especialistas chamam de relação tóxica, que pode culminar em violência física e até em feminicídio.

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Ainda que nem todos os relacionamentos abusivos terminem de forma trágica, eles são o ponto inicial de praticamente todas as formas de violência doméstica, alertam psicólogos ouvidos pela BBC News Mundo, serviço em espanhol da BBC.

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Por isso, é preciso entender como é possível identificá-los e, mais importante, como sair deles.

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‘Toxicidade subestimada’

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Qualquer pessoa pode apresentar comportamentos considerados tóxicos, independentemente da orientação sexual ou da identidade de gênero.

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Todos podemos em algum momento tomar atitudes para tentar evitar que outra pessoa nos abandone ou que “prefira outro”.

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E não apenas aqueles que estão em um relacionamento amoroso — a relação tóxica também existe entre amigos ou colegas de trabalho.

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“Deve-se ficar atento para perceber quando essas características, que todo mundo tem em alguma medida, começam a ganhar proporções cada vez maiores”, diz o psicólogo e sexólogo mexicano César Galicia.

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Emma Puig de Bellacasa, consultora do programa Spotlight, da ONU Mulheres, acrescenta que o relacionamento tóxico envolve comportamentos distintos que, muitas vezes, a vítima não consegue identificar.

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São atitudes “que aprendemos a partir do modelo romântico e patriarcal de relacionamento, que normaliza e às vezes glorifica muitas delas”, afirma Galicia.

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Como consequência, em muitas situações “se subestima a toxicidade de uma relação”.

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Por isso, a ONU Mulheres, braço das Nações Unidas com a missão de promover a igualdade de gênero e o empoderamento feminino, criou o “violentômetro”, que ajuda a identificar comportamentos abusivos por parte de parceiros.

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De acordo com ele, as mulheres devem ficar atentas:

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– Se o parceiro as intimida ou ameaça

– Se as humilha ou ridiculariza

– Se é muito ciumento

– Se mente

– Se destrói objetos

– Se controla amizades ou a relação da parceira com a família

– Se diz como a parceira deve se vestir ou se maquiar

O “violentômetro” também sugere às mulheres quando devem reagir:

– Se o parceiro a insulta

– Se a empurra ou belisca

– Se bate em você “brincando”

– Se controla as finanças ou os bens da parceira

– Se a proíbe de usar métodos contraceptivos

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Ainda segundo a organização, as situações de maior alerta, quando a mulher deve procurar imediatamente sair da relação, acontecem quando:

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– Ele a agride fisicamente

– Obriga-a a manter relações sexuais

– Ameaça-a de morte

– Cerceia sua liberdade ou a afasta de pessoas que lhes eram próximas

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Fim trágico

A questão é ainda mais grave na América Latina, em que os relacionamentos abusivos muitas vezes têm fins trágicos, ressalta Puig de la Bellacasa.

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“Não esqueçamos que 14 dos 25 países com os maiores níveis de feminicídios no mundo estão na América Latina e Caribe. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que entre 27% e 40% das mulheres de 15 a 49 anos na região já tenham sofrido alguma violência por parte do parceiro.”

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Tanto para ela quanto para o psicólogo César Galicia, os comportamentos abusivos derivam, em certa medida, dos modelos de amor romântico que vemos em filmes e histórias infantis.

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Puig associa essa origem aos primeiros anos da infância, com a atribuição de papéis de gênero baseados em estereótipos.

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“As meninas crescem acreditando que seu lugar no mundo está relacionado a tarefas domésticas, à maternidade, enquanto os meninos recebem mensagens de masculinidade, às vezes acompanhadas de atitudes violentas”, afirma a especialista.

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“Delas se espera que sejam tranquilas, que não façam barulho, que sejam delicadas, enquanto eles são incentivados a ocupar os espaços públicos e a praticar esportes e outras atividades”, acrescenta.

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Esse modelo cria ainda uma dependência grande do parceiro, diz Galicia, porque é em geral por meio deles que buscamos aceitação social.

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“É por isso que muita gente, às vezes inconscientemente, prefere ficar em um relacionamento tóxico do que sozinho.”

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Porta de saída

Galicia afirma que, como ponto de partida, é importante aprender a escutar o que o corpo nos está dizendo.

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“Ainda que o abuso esteja quase normalizado, o corpo sente que está sendo agredido. Você deve prestar atenção a esses sinais.”

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Também é fundamental contar com a família e com os mais próximos, dividir com eles o que está acontecendo.

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Um dos primeiros desdobramentos das relações tóxicas é, inclusive, a perda dos grupos de apoio.

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E esse isolamento é um dos fatores que depois dificultam a saída desse tipo de relacionamento, “porque (os que sofrem) não têm ninguém para pedir ajuda ou mesmo apoio financeiro”, diz Galicia.

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Muitas vezes, são organizações de apoio às melheres que acabam acompanhando as que são vítimas de violência.

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“Continua sendo um desafio, já que as estruturas do Estado que devem garantir a proteção das mulheres com frequência estão debilitadas ou simplesmente não funcionam.”

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*Nomes fictícios

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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