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COLUNA | O FUTURO NO ESPAÇO É DAS MULHERES

Saiu no site ÉPOCA

 

Veja publicação original:  COLUNA | O FUTURO NO ESPAÇO É DAS MULHERES

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Menores, mais leves, precisando de menos suprimentos e mais resistentes física e psicologicamente, elas seriam a melhor escolha para missões de longa duração na órbita da Terra, para a Lua, Marte e além

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Quando eu era garoto, assim como muitos meninos de minha idade, uma de minhas respostas imediatas para a clássica pergunta dos adultos de “O que você quer ser quando crescer?” era “Astronauta!” (quando não “bombeiro” ou “piloto de avião”). Já entre as meninas, era raro ver uma que respondesse assim.

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E não era por menos. Afinal, naquela época, praticamente não havia exemplos de mulheres astronautas. Até então, a única mulher a ir ao espaço havia sido a russa Valentina Tereshkova , que deu 48 voltas na Terra durante três dias em junho de 1963. Só quase 20 anos depois, em julho de 1982, outra russa, Svetlana Savitskaya , foi a segunda mulher no espaço, e também a primeira a fazer uma caminhada espacial. Já a primeira mulher astronauta americana, Sally Ride , só faria seu voo de estreia em junho de 1983, a bordo do ônibus espacial Challlenger .

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Com o tempo, porém, as coisas estão mudando, ainda que lentamente. Sinal disso veio na última sexta-feira, com a realização da primeira caminhada espacial totalmente feminina da história . Durante cerca de sete horas, Christina Koch e Jessica Meir, da Nasa , ficaram do lado de fora da Estação Espacial Internacional ( ISS ) trabalhando na troca de uma unidade de controle de energia com defeito.

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A caminhada espacial conjunta de Koch e Meir veio mais de seis meses depois do cancelamento da que teria sido a primeira missão totalmente feminina do tipo. Marcada para 29 de março último, e da qual Koch também participaria, ela acabou tendo a companhia do astronauta Nick Hague devido à falta de uma traje espacial cabível para a que teria sido sua companheira, Anne McClain.

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Mas talvez o sinal mais forte dessa mudança seja a última turma de candidatos a astronautas da Nasa, anunciada em 2017. Escolhida entre mais de 18 mil inscritos, recorde na história da agência espacial americana, a turma é formada por sete homens e cinco mulheres, num também recorde de presença feminina .

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Mais do que uma questão de igualdade de gêneros, porém, essa mudança é estratégica. Menores, mais leves, aparentemente mais resistentes física e psicologicamente e precisando de menos suprimentos, as mulheres seriam uma escolha melhor para missões de longa duração no espaço, seja na órbita da Terra ou em viagens para a Lua , Marte e além.

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Quanto às duas primeiras vantagens delas, se poderia contra-argumentar que bastaria então selecionar homens pequenos. Mas isso não mudaria o fato de que, qualquer que seja seu tamanho, as necessidades energéticas de uma mulher são cerca de 20% menores que as de um homem. Com um metabolismo mais eficiente, seu consumo de água e ar também é ligeiramente menor.

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Tudo isso também se traduz ainda em menos resíduos e excrementos, com menores exigências aos sistemas de reciclagem de ar e reaproveitamento e descarte de urina e fezes. Pode não parecer muito, mas na exploração espacial, em que cada grama de carga é contado, isso já faz diferença, que cresce exponencialmente quanto mais longa a missão.

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E ainda há a questão da resistência física e psicológica. Aqui os dados ainda são um tanto contraditórios e falhos, resultado também do fato de que as mulheres são historicamente uma minoria na exploração espacial. Uma revisão de estudos publicada em 2014 , no entanto, sugere uma pequena vantagem para elas em termos cardiovasculares e imunológicos. Já no campo sensório-motor houve meio que um “empate”, com cada gênero apresentando melhor desempenho dependendo da função. Por fim, ainda na parte física, a reação do sistema músculo-esquelético se mostrou extremamente dependente de fatores individuais, independentemente do gênero.

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Já no campo psicológico e comportamental, as pesquisas indicam que as mulheres têm duas vezes mais chances de sofrer com desordens de ansiedade ou depressão. Mas elas também têm melhores capacidades de conversação e convivência, empatia e resistência ao estresse, o que, novamente no caso de missões longas, podem se mostrar enormes vantagens.

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Assim, à medida que a humanidade busca chegar cada vez mais longe no Sistema Solar, é de se pensar que o futuro da exploração espacial será, principalmente, das mulheres, com, espero, cada vez mais meninas respondendo à clássica pergunta dos adultos com o mesmo “Astronauta!” que eu e tantos meninos de minha geração diziam.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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