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Veja publicação original: Machismo desde cedo: meninas têm mais medo de serem julgadas do que garotos
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Hoje é Dia Internacional da Menina. Ao redor do mundo, a questão que se discute é: como é ser menina em 2019? Afinal, passar pela infância pertencendo a uma geração tão conectada quanto a dos tempos atuais tem suas particularidades. Na opinião de Déborah de Mari, pesquisadora nas áreas de gênero e liderança, há pontos positivos e negativos. “Existe uma abertura maior para discutir assuntos importantes, como o feminismo, em comparação com as demais gerações”, aponta.
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Por Ana Bardella
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Imagem: iStock
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Ao mesmo tempo, surgem novos desafios relacionados à saúde mental. “A hiperconexão aumenta o engajamento por causas, mas também ajuda na criação de padrões de imagem. Desde cedo se fala na construção de uma marca pessoal — característica muito enfatizada pelos influenciadores digitais. Esse fator aumenta a pressão pela montagem de uma persona digital. Há quem queira parecer descolada, há quem sinta a necessidade de demonstrar que está de bem com a vida desde nova. Mas nem sempre a realidade é tão bonita e fantasiosa”, diz.
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Medo de julgamento
Déborah, que também é sócia-fundadora e presidente do Força Meninas, uma plataforma para estimular a liderança feminina na infância e adolescência, chama atenção para outra característica das garotas desta geração: o medo do julgamento. “Durante uma atividade que fizemos, 88% das meninas participantes responderam que não expressam sua opinião por receio do que as outras pessoas podem pensar”, explica.
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O dado se cruza com o de uma pesquisa mais ampla. O estudo de Harvard “Leaning Out – Teen Girls and Leadership Biases”, publicado em 2015, mostrou que apenas 8% das meninas preferem as mulheres ocupando cargos de lideranças políticos. 23% delas acreditam que os homens exercem melhor estas funções — e o restante não têm preferência por gênero.
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Entre os motivos elencados pelo estudo para as mulheres não apoiarem umas às outras quando o assunto são posições de destaque estão: a crença de que mulheres são muito “dramáticas” para assumirem responsabilidades e, principalmente, baixa autoestima — ambos diretamente relacionados com a imagem pública das mulheres.
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Uma questão de gênero
Na opinião de Déborah, a preocupação excessiva com a imagem atinge principalmente as crianças e adolescentes do sexo feminino. “Os rapazes podem enfrentar outras inseguranças, como a de não corresponder a um estereótipo esperado para o gênero, mas não sofrem tanto para expressar suas opiniões quanto elas”, garante. Isso porque socialmente, são mais estimulados para alcançar posições de sucesso.
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“Já as meninas desde cedo têm suas referências limitadas. Enquanto garotos brincam com carrinhos, helicópteros e peças para simular a construção de pontes e edifícios, grande parte dos objetos direcionados às meninas tem relação com cuidados com a casa e a família”, relembra.
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Estímulo à liderança
Na visão da especialista, a mudança de cenário deve ser estimulada pela escola e pelos pais. “Sempre sugiro para as famílias que observem suas meninas e vejam as causas que mais fazem seus olhos brilharem. Às vezes, uma criança se incomoda com situações de injustiça, em outras se preocupa com animais ou com o meio ambiente. Em todas elas, vale a pena estimular que se engaje mais com a causa, reflita sobre ela e proponha soluções”, ressalta.
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Estimulando o papel de liderança feminino, o Força Meninas promove em parceria com o Banco Original o prêmio “Mude o Mundo Como uma Menina”, que vai homenagear pela primeira vez cinco jovens nas categorias: Pioneira, Líder, Visionária, Criativa e Determinada. O prêmio será anunciado durante a terceira edição do evento “Mude o Mundo Como uma Menina”, que acontece hoje no Unibes Cultural (Rua Oscar Freire, 2500), em São Paulo (SP). Lá, 200 meninas participam de palestras e oficinas imersivas associadas às temáticas das premiações.
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