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Veja publicação original: Divisão social, racial e de gênero confinou negra no mercado informal
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Não há análise e política pública que possam avançar sem a compreensão das raízes da opressão
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Por Djamila Ribeiro
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SÃO PAULO Entender as raízes coloniais do Brasil é compreender fatos históricos que contribuíram na estruturação de desigualdades. Para citar alguns, a lei de Terras de 1850 foi um divisor importante, pois a partir daquele momento a aquisição de terras somente poderia ser feita mediante compra com Estado e não mais por ocupação, o que criou uma elite fundiária.
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Mulheres negras, no pós-abolição, sem acesso a oportunidades e políticas do Estado, saíram da condição de escravizadas para o trabalho doméstico. Essa relação direta entre a escravidão —considerada um crime contra a humanidade, segundo tratado assinado pelo Brasil na Conferência de Durban de 2001— e
os tempos atuais é patente.
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Essa divisão social, racial e de gênero do trabalho confinou a mulher negra no mercado informal, sobretudo no serviço doméstico, contribuindo para o que se conhece como “feminização da pobreza”.
Apontamento recente do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) calcula que no país há 6,2 milhões de empregadas domésticas, a maioria mulheres negras, uma profissão historicamente tratada à margem.
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Segundo pesquisa do Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio) e dados colhidos pelo Instituto Ethos, mulheres negras ostentam os maiores dados de exclusão e precarização. Ganham menos da metade da renda do homem branco e, entre suas ocupações, um quinto está em serviço doméstico, mais precisamente 19,1%. Na segunda colocação, serviço de limpeza.
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Nos cargos de executivo das “500 Empresas mais admiradas”, 0,4% é composto por mulheres negras. Os dados piores de mulheres negras na economia são seguidos pelos dados de homens negros, mulheres brancas e homens brancos no topo.
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Sendo as mais precarizadas, mulheres negras sofrem o maior impacto com os impostos, os quais carregados no consumo oneram desproporcionalmente grupos da base da pirâmide.
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Na reforma da Previdência, verdadeiro desastre, as mulheres negras serão mais afetadas, por conta da própria informalidade, de uma relação descontínua no mercado de trabalho e os próprios lugares do que significa experienciar diversos vetores de opressão.
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Quem são as mulheres responsáveis, muitas vezes unicamente, pela criação de filhos, por lutar por creche, ir trabalhar, atravessar a cidade de transporte público? Quantas são as mulheres negras que não tem qualquer condição de contribuir com o INSS. O que a reforma da Previdência fará com elas?
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Sem contar a reforma trabalhista flexibilizou os direitos trabalhistas, liberou a terceirização e afastou as pessoas de buscarem suas reparações na Justiça do Trabalho. Quais são os grupos sociais mais enfraquecidos com essas medidas?
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São perguntas que mostram a inviabilidade de qualquer análise ou política econômica de êxito sem antes entender as opressões postas no país.
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