Saiu no site O GLOBO
Veja publicação original: Formado só por mulheres, Moça Prosa propõe reflexão sobre resistência e força femininas
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Grupo se apresentará dia 27 de setembro no Teatro Rival
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Por Amanda Pinheiro
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RIO — Ao passar pela Pequena África, Zona Portuária, atenção ao batuque. Provavelmente é o Moça Prosa Samba. Há sete anos com o gênero no nome e na voz, o grupo, formado por Fabiola Machado e Jack Rocha (vocais), Claudia Coutinho (cavaco), Michele Souza, Ana Priscila, Taina Brito, Dani Andrade e Luana Rodrigues (percussão), as últimas moradoras do Méier e do Grajaú, respectivamente, se reúne mensalmente no Largo de São Francisco da Prainha, onde tudo começou. Dia 27, às 19h30m, o grupo se apresentará no Teatro Rival para comemorar sete anos de existência.
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Fabíola Machado, de 38 anos, uma das criadoras e vocalistas, conta que o Moça surgiu numa oficina de percussão na Pedra do Sal. E desde o início, a ideia era cantar para enaltecer a mulher.
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— Mesmo com o fim das aulas, resolvemos continuar. Em abril de 2012 nos apresentamos pela primeira vez, na mesma Pedra do Sal. Não é a primeira roda de samba de mulheres, mas a primeira a ocupar a rua com a sua música — comenta Fabíola.
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Donas de um vagão próprio no tradicional Trem do Samba, evento promovido anualmente por Marquinhos de Oswaldo Cruz no dia 2 de dezembro, data dedicada ao gênero, elas costumam abordar assuntos do cotidiano e prestar homenagens a mulheres negras nas rodas.
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— No último Trem do Samba o nosso vagão era o único feminino. Por isso acreditamos que o lugar da mulher é abraçando outras mulheres. As rodas servem para isso. Além de levar alegria, precisamos levantar discussões importantes. Em 2018 falamos de suicídio e fizemos uma sequência sobre saúde mental. Então, o samba é um caminho necessário para falar sobre as mazelas da sociedade — destaca Fabíola.
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“Enfrentei preconceito na roda de samba. Disseram que eu não era bamba, que tinha que sair. Fui quebrando essa banca e resistindo”, diz uma das composições de Jaqueline Rocha, a Jack, de 30 anos, que divide o vocal com Fabíola. A carreira está consolidada, mas o grupo enfrentou dificuldades, sobretudo o machismo. Jack conta que durante uma apresentação elas foram interrompidas e um homem tentou ensiná-las a manusear os instrumentos.
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— Alguns oferecem cachê menor, não querem pagar, acham que vamos fazer um trabalho abaixo do esperado. Tentam nos desestabilizar. Acredito que por sermos mulheres negras, tocando samba, gera incômodo. E enfrentar o racismo e o machismo sempre foi difícil, principalmente há sete anos, quando não se falava sobre empoderamento e independência da mulher — ressalta.
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Recentemente, o Moça Prosa lançou campanha de financiamento coletivo para gravar o primeiro EP. O valor arrecadado será usado na gravação de um clipe e na produção do show em comemoração aos 7 anos do grupo.
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— Nesse tempo nos ressignificamos e crescemos juntas. Atualmente tocamos em lugares importantes, e o trabalho alcança outro patamar. Acreditamos na força do povo de matriz africana, principalmente na mulher, e isso nos dá fôlego. Esse passo será significativo na nossa trajetória — completa Jack.
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