Um projeto tem resgatado a saúde e também a autoestima de mulheres em Macapá. Chamada de “Apolônias”, a iniciativa oferta tratamentos dentários gratuitos para vítimas de violência doméstica que tiveram lesões em decorrência de agressões sofridas. O trabalho é realizado por dentistas voluntários com ajuda do poder público.

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A dona de casa Leiliane Carneiro, de 42 anos, viveu 10 deles em um relacionamento abusivo. E sofreu muito. Ela detalha que usava uma prótese dentária e que a violência era tão grande, que os constantes golpes no rosto a fizeram perder todos os dentes.

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“Devido ao espancamento, existia ferro pra cima e pra trás, e foi estragando o maxilar, porque inchava meu rosto, devido à prótese que eu usava. Eu tentava não tirar porque eu tinha vergonha, aí como ele batia muito, o ferro furava e foi prejudicando toda a minha sensibilidade da boca”, detalha Leiliane.

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A dona de casa Ana Maria Nascimento teve uma história de vida bem parecida. Ela ficou casada durante 14 anos e, depois de várias agressões, também perdeu os dentes.

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“Você fica com uma autoestima comprometida nessa situação. Você sofre bullying, pessoas te criticam, mas não sabem o que aconteceu, o que levou aquela pessoa a estar nessa situação”, relata Ana Maria.

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Mas, depois de tanto sofrimento, ela conseguiu reunir coragem para lutar por si mesma e buscou ajuda. Foi no Apolônias que essas mulheres encontraram um apoio.

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O projeto nasceu para ajudar essas mulheres que já tiveram tanto sofrimento, e que hoje querem de volta uma vida plena e saudável. Os mobilizadores explicam que cuidar dos dentes está muito além de questões estéticas.

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Dentes saudáveis na boca significam qualidade de vida. Sem eles, ficam prejudicados a musculatura da face, a fala, não há uma alimentação correta e a autoestima fica baixa.

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“Quando uma pessoa sofre uma perda dentária, não é só a boca que fica sem dentes, mas a musculatura da face toda sofre com isso. Muda até o perfil facial, o jeito como fala, não consegue mastigar, o estômago e o intestino ficam sobrecarregados. Isso é real!”, lembra Daiz Nunes, cirurgiã-dentista voluntária.

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Para receber o atendimento, a mulher precisa passar por uma avaliação detalhada.

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“Além da questão social, psicológica, tem também a questão funcional. Então a gente tem que procurar fazer uma avaliação bem detalhada, odontológica, e procurar saber como reabilitá-las”, comentou Rivaldo Bueno, cirurgião-dentista voluntário.

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Para que o projeto continue ajudando mulheres como a Ana Maria e a Leiliane é preciso a dedicação de dentistas voluntários e também da ação do poder público.

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Para fazer parte e conseguir um tratamento, as vítimas de violência doméstica têm que estar recebendo apoio do Estado e do Centro de Atendimento à Mulher e a Família (Camuf).

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A titular da Secretaria de Estado da Inclusão e Mobilização Social (Sims), Albanize Colares, reforça que os cuidados com a saúde dental têm consequências boas para outras áreas da vida dessa mulher.

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“Esse resgate da autoestima vai facilitar a busca de um emprego, a facilidade de mastigação, mas a autoestima é o ponto principal por conta das dificuldades que elas têm”, disse a secretária.

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