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“Sou feminista desde que um grupo de meninos me jogou numa lixeira”, diz Ana Cañas

Saiu no site REVISTA MARIE CLAIRE

 

Veja publicação original:  “Sou feminista desde que um grupo de meninos me jogou numa lixeira”, diz Ana Cañas

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Cantora protagonizou ensaio pelas lentes de Fernanda Carvalho e bateu um papo com a Marie Claire sobre feminismo

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Por Thalita Peres

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Ana Cañas é uma das artistas nacionais mais engajadas quando o assunto é feminismo. Em uma conversa sincera com a Marie Claire, a cantora relembrou os primeiros passos como feminista em reportagem ilustrada com cliques exclusivos de Fernanda Carvalho e produção, figurino e beleza assinadas por Omar Bergea. “Topei posar para este ensaio porque era uma reunião apenas de mulheres. Foi uma catalização dessa força e de suas competências. O corpo feminino visto pelo olhar feminino, pelas lentes (fotografia e produção) delas, sem a objetificação usual de um olhar masculino”.

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Marie Claire: Por que topou fazer um ensaio sensual?

Ana Cañas: A ideia era refletir um pouco a mulher contemporânea, em 2019, livre, dona do seu próprio corpo, regras e desejos. O dia da sessão foi muito forte, bonito e transformador. O empoderamento é a alteração das estruturas de decisão e poder. Nosso corpo é político – por isso ele é tão violentado e censurado, e a sexualidade e o prazer femininos ainda são tabu na sociedade.

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O Brasil é um País machista. Na sua opinião, o que falta para que possamos melhorar nesse aspecto?

A questão do machismo é mais profunda, porque vai além dos hábitos. Tem a ver com privilégios e isso é algo que o homem branco, hétero, cis não está disposto a abrir mão. Todas as conquistas têm a ver com poder. Machismo, sexismo e misoginia são ferramentas de manutenção dos privilégios. Mas vai ter luta, vai ter militância, vamos lutar pela equidade até o fim. É tudo estrutural. As mulheres vêm fazendo muitas conquistas ao longo da história e, nos últimos seis anos, temos visto uma primavera feminista, uma revolução ainda maior. Os homens têm que se desconstruir diariamente, repensar os hábitos que sustentam a cultura patriarcal.

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Ana Cañas (Foto: Fernanda Carvalho)

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Muitas mulheres assimilam o feminismo apenas com mulheres que não querem se depilar e não com a equidade de direitos. O que acha disso?

Elas precisam repensar e entender o mundo em que vivem. Convido todas as mânas que ainda não despertaram para o movimento a lerem livros e se informarem, se conscientizarem. Elas sofrem opressão, são cerceadas em seus espaços. É preciso lutar para haver mudança. Eu não conheço uma mulher que não tenha sofrido algum tipo de violência.

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Lembra algum caso de assédio que a marcou?

Sofri muitos assédios ao longo da minha vida. Assédio vindo da minha família, de gravadoras, com quem trabalhei, vindo das ruas…

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E quando você decidiu usar sua voz e se descobrir feminista?

Sou feminista desde sempre. Desde que um grupo de meninos, na escola, me agarrou e me jogou dentro de uma lata de lixo. Virei feminista naquele dia, porque eu era uma menina que fazia teatro, dizia o que pensava e não se calava nunca. Eu sempre gravei canções voltadas a esse tema. Passei a frequentar os movimentos sociais – muitos deles matriarcais, a ler e a entender as intersecções do movimento, o feminismo negro, as mulheres trans e entrei de cabeça em lutas políticas pela democracia, além de assumir minha bissexualidade.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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