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Homens notam bagunça tanto quanto mulheres (mas eles não limpam mesmo assim)

Saiu no site GALILEU

 

Veja publicação original:  Homens notam bagunça tanto quanto mulheres (mas eles não limpam mesmo assim)

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Os homens não são cegos à poeira: eles simplesmente são menos severamente penalizados por não manter os espaços deles limpos

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Em um dia típico, os homens passam apenas um terço do tempo que as mulheres gastam limpando. Isso faz das mulheres a fonte da limpeza, enquanto os homens são geneticamente incapazes de notar a bagunça ao seu redor?

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Esse mito é uma explicação comum de por que os homens não fazem tanto as tarefas de casa como as mulheres. Homens andam no quarto e aparentemente não veem a poeira acumulando no chão ou as pilhas de roupa empilhadas no sofá.

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Mas, em um estudo recente, nós mostramos que os homens não são cegos à poeira — eles conseguem enxergar a bagunça assim como as mulheres. Eles simplesmente são menos severamente penalizados por não manter os espaços deles limpos e arrumados.

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Apesar de ganhos massivos em educação e emprego, as mulheres ainda ficam com a parte maior do trabalho de casa. Mulheres passam, em média, quase uma hora e vinte minutos por dia cozinhando, limpando, e lavando roupa. Cerca de um terço disso é o tempo que os homens passam limpando. Homens, por outro lado, gastam cerca de meia hora fazendo essas tarefas — e apenas gastam 10 minutos esfregando e arrumando.

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Essa desigualdade é evidente ao longo do tempo, entre profissões e até mesmo quando as mulheres trabalham por mais horas para fazer mais dinheiro. Mesmo na Suécia, onde as políticas governamentais estão fortemente voltadas à igualdade de gênero, as mulheres fazem as tarefas de casa. Mulheres suecas fazem duas vezes mais trabalhos de casa do que homens, mesmo que elas estejam mais propensas a trabalhar em período integral, na comparação com outros países. Naturalmente, quanto mais tempo gasto em tarefas domésticas, menos uma mulher pode gastar em outras atividades, como dormir, trabalhar e ter lazer.

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Produtos de limpeza aumentam as bactérias no organismo de bebês (Foto: Pixabay/Congerdesign/Creative Commons)

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No nosso estudo, que foi publicado recentemente no periódico Sociological Methods and Research, nós pedimos a 327 homens e 295 mulheres de várias idades e origens para que eles olhassem uma foto de uma sala pequena e uma cozinha.

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De modo aleatório, alguns participantes classificaram uma imagem de uma sala que estava bagunçada — com louças sujas na pia, roupas por todo lado — enquanto que outros tiveram de examinar uma versão bem mais arrumada da mesma sala. Todos os participantes olharam para uma foto que eles obtiveram e depois classificaram o grau de bagunça que eles achavam que ela representava e o quão urgente era necessário limpar o local.

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A primeira coisa que queríamos saber era se os homens e as mulheres iriam classificar as salas de modo diferenciado. Ao contrário da crença popular, os homens e as mulheres viram a mesma bagunça: eles classificaram a sala limpa de modo igual e a sala bagunçada do mesmo jeito.

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Não é que os homens não enxerguem a bagunça. Eles simplesmente são menos severamente penalizados por não manter os espaços deles limpos e arrumados.  (Foto: Unsplash)

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Expectativas que divergem
Se a “ cegueira à sujeira” não é a culpada, então porque as mulheres ainda fazem as tarefas domésticas? Um argumento é que a expectativa social é diferente entre homens e mulheres. As mulheres podem ser julgadas de modo mais severo por não terem um lar impecável e a percepção dessa expectativas nas mulheres podem motivá-las a fazer mais trabalhos domésticos.

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Nós testamos essa ideia contando aleatoriamente aos participantes que a foto que eles estavam olhando era a casa do “John” ou da “Jennifer”. Então nós pedimos para que eles julgassem o caráter da Jennifer e do John — o quão responsável, trabalhadores, negligentes, consideráveis e gostáveis eles eram — com base no grau de limpeza da casa deles.. ou ele poderiam ser julgados por visitantes — família, chefes e amigos — quanta responsabilidade eles acreditavam que a Jennifer ou o John teriam pelo trabalho se eles trabalhassem o dia todo e vivessem sozinhos, ou se trabalhassem período integral e fossem casados com crianças ou casados e ficassem em casa.

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Foi aí que as coisas ficaram interessantes. Os participantes classificaram as fotos de modo diferenciado dependendo se eles tivessem sido contados que o morador era um homem ou uma mulher. Notavelmente, os participantes colocavam padrões de exigência mais elevados de limpeza para a Jennifer do que para o John. Quando eles viram que a sala arrumada pertencia à Jennifer, as pessoas — independentemente do gênero — julgavam o quarto menos limpo e tinham maior tendência para supor reações de desaprovação por parte de supostos convidados.

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A cultura na qual as mulheres fazem a maior parte das tarefas domésticas deve ser mudada.  (Foto: Pixabay)

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Nós todos já ouvimos que “homens são preguiçosos”
Em comparação com seus pares mais limpos, tanto Jennifer, quanto John, receberam substantivamente mais avaliações negativas e tinham a expectativa de receber mais julgamentos ruins dos visitantes.

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Interessantemente, o caráter do John foi classificado de modo mais negativo do que o da Jennifer se a casa dele era mais bagunçada, o que reforça o estereótipo de que os homens são preguiçosos. Ainda assim, os participantes não acreditaram que o John sofreria mais julgamentos negativos dos visitantes, o que sugere que o estereótipo não é uma desvantagem para eles no lado social.

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Finalmente, pessoas tinham maior tendência a acreditar que a Jennifer tinha a maior parte da responsabilidade pela limpeza — essa diferença era especialmente maior no cenário hipotético no qual ela ou ele eram pais que trabalhavam em tempo integral vivendo com parceiros. O fato das pessoas atribuírem maior responsabilidade para as tarefas domésticas para as mulheres, independentemente do emprego delas, sugere que elas são mais penalizadas com maior frequência do que os homens pela bagunça.

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Mulheres gastam mais tempo com tarefas domésticas do que homens.  (Foto: Unsplash)

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Não julgue
As pessoas impõem padrões de limpeza maiores às mulheres e as mantém como mais responsáveis por isso. Algumas mulheres podem internalizar e abraçar esses requisitos. Para muitas, é improvável que isso seja uma paixão pela limpeza, mas parece mais um medo de como a bagunça será percebida — e esse é o real problema e uma possível razão para que muitas mulheres limpem as casas antes que visitantes inesperados cheguem.

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A boa notícia é: com poder de vontade coletiva suficiente, expectativas ultrapassadas podem ser alteradas. Nós podemos começar pensando duas vezes antes de julgar a casa de alguém, especialmente a nossa própria casa.

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*Sarah Thebaud,professora de sociologia da Universidade da Califórnia, Estados Unidos; Leah Ruppanner, professora de sociologia da Universidade de Melbourne, Austrália; Sabino Kornrich, professor de sociologia da Universidade Emory, Estados Unidos. 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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