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Mulheres lideram mobilizações sociais após workshop da Change.org

Saiu no site CATRACA LIVRE

 

Veja publicação original:   Mulheres lideram mobilizações sociais após workshop da Change.org

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Do treinamento, resultaram mobilizações em torno de causas ligadas a saúde, segurança e iluminação pública na periferia

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A Change.org, maior plataforma de abaixo-assinados do Brasil e do mundo, realizou nesta segunda-feira, 24, o segundo workshop do programa de empoderamento de mulheres “Elas Mudam o Mundo”. A oficina, que aconteceu ao longo de quatro horas na Câmara Municipal de São Paulo, reuniu mulheres líderes de comunidades, representantes de organizações e integrantes de coletivos sociais. Do treinamento, resultaram mobilizações em torno de causas relacionadas às áreas da saúde, segurança e iluminação pública na periferia.

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O workshop contou com roda de debate e bate-papo entre mulheres que já utilizaram a plataforma de petições online para criar movimentos e liderar causas vitoriosas. A conversa permitiu uma troca de vivências e visão de mundo sobre questões relacionadas ao empoderamento da mulher na busca da transformação social. Na sessão de exercícios práticos, a oficina possibilitou que as participantes criassem suas próprias mobilizações online.

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Uma das causas é a de Adriana Matos Pereira, que se posiciona contra um projeto de lei apresentado pela deputada estadual de São Paulo, Janaina Paschoal (PSL). O PL 435/2019 visa permitir que mulheres grávidas da rede pública possam optar por parto cesárea mesmo sem indicação médica, a partir da 39ª semana de gestação. Nesta terça-feira, 25, após ser discutida durante mais de quatro horas em audiência pública na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), a decisão sobre a proposta foi adiada para agosto.

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Até lá, Adriana, que integra um fórum de saúde na zona sul da capital, seguirá engajada para barrar o projeto, reunindo apoiadores em torno do abaixo-assinado criado no workshop. “Conseguimos barrar até agosto, depois o PL volta de novo. Teremos fôlego para conseguir falar com mais mulheres que também são contra. Temos um congelamento de verba para a saúde por 20 anos, sendo que para uma cesárea os gastos são maiores”, comenta Adriana.

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Direitos das mulheres e saúde foram as causas apontadas pelas participantes da oficina como aquelas que mais as comovem. A jornalista e pesquisadora de estudos feministas Flávia Dias foi uma das convidadas especiais do debate e explica o por que disso. “Acho que [o direito das mulheres] cruza com várias outras questões, a questão da saúde, da violência, ao direito trabalhista. A gente está há alguns anos lutando e reivindicando isso”, destaca a jovem que também faz parte da ONG feminista Não Me Kahlo.

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A oficina também abriu espaço para ouvir a voz das mulheres imigrantes. A boliviana Jobana Moya, que integra um coletivo de mulheres de diversas nacionalidades chamado Equipe de Base Warmis – Convergência Das Culturas, participou e saiu engajada por uma causa relacionada à área de segurança. Ela criou um abaixo-assinado pedindo que a cidade de São Paulo crie uma lei para incluir a Semana da Não Violência na programação do município.

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“Todos sofremos com essa violência. Principalmente quem, como nós, imigrantes, mora em regiões mais vulneráveis da cidade, periferias e centro, por exemplo”, destaca Jobana, que mora em Cotia, na Grande São Paulo, onde desde 2009 já existe uma lei como essa.

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Outras mobilizações fruto do treinamento buscam melhorias nas áreas de saúde e planejamento urbano. A primeira pede a revogação da portaria que descentraliza o  Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) na cidade de São Paulo, e a segunda, clama por investimentos em iluminação pública em Vila Cardoso Franco, zona leste da capital paulista.

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“Escrevi tudo o que estava no coração” 

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O workshop foi realizado com o objetivo de fomentar a voz de mulheres, treiná-las para o uso de ferramentas tecnológicas de transformação social, como petições online, além de apresentar meios de conectá-las ao poder público. O programa internacional de empoderamento feminino recebido neste ano pela Change.org Brasil já foi realizado na Índia, no México e na Argentina.

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Yahisbel Adames, coordenadora de campanhas da Change.org Brasil, apresentou alguns dados mostrando que os direitos das mulheres é apenas a 13ª causa com mais engajamento na plataforma – a primeira é política, seguida por saúde e animais. A partir disso, ressalta a necessidade de empoderar mais mulheres para o uso da ferramenta.

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“A gente quer mudar esse cenário”, comenta Yahisbel. “Queremos conversar mais com as bases, com mulheres das comunidades, que às vezes não entendem muito bem a internet e não sabem muito bem usar, e com meninas jovens também”, acrescenta. Dados da plataforma no Brasil revelam que as mulheres são maioria entre os usuários que assinam mobilizações, mas minoria entre quem tem a iniciativa de criar abaixo-assinados para buscar mudanças.

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Ainda durante o debate, as participantes puderam conhecer histórias de outras mulheres que, a partir de um abaixo-assinado online, conquistaram importantes mudanças. Gabriela Pereira é uma dessas mulheres empoderadas que salvou a vida do filho cardiopata depois de se engajar em uma mobilização. “Sentei na frente daquele computador, olhei para o Beny e fiz. Escrevi tudo o que estava dentro do meu coração, de indignação dentro de mim”, conta Gabriela sobre o momento em que criou a petição pedindo por uma vaga para cirurgia do filho.

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“Eu fiz e não achei que ia acontecer alguma coisa, mas a gente tem que ir por todos os caminhos, por todas as alternativas”, comentou Gabriela durante o bate-papo. “Acabei virando uma ativista sem saber que estava virando uma ativista”, completou.

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O poder da mobilização online

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Durante a conversa com as mulheres, a integrante da ONG Não Me Kahlo destacou o quanto a plataforma online e outras ferramentas de internet são importantes nas lutas pela conquista de direitos. “A internet e as redes sociais são essa amplificação de tudo. A gente consegue atingir muita gente. Temos cada vez mais que nos empoderar sim dessas formas, aprender, porque é isso e o que vai amplificar sua campanha, te dar mais voz e encontrar outras vozes similares, encontrar outras indignações até em comunidades pequenas”, enfatizou Flávia.

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Ao lado da pesquisadora de estudos feministas estava a vereadora Juliana Cardoso (PT) que também participou do bate-papo e, assim como Flávia, abordou a importância do uso da plataforma de petições online como um instrumento para conquistas. “Aprendi na prática, na minha comunidade, que para a gente conseguir chegar com a luz, com a água, o posto de saúde ou com a creche, a gente teve que fazer muita mobilização popular”, disse a parlamentar. “Agora com essas novas tecnologias a gente tem outros mecanismos”, completou.

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Elas Mudam o Mundo

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Em maio, o programa Elas Mudam o Mundo teve seu primeiro evento do ano, no qual 40 jovens estudantes secundaristas, integrantes de coletivo feminista, se inspiraram por histórias de mulheres líderes de campanhas vitoriosas e aprenderam a utilizar a plataforma de petições online como instrumento de empoderamento e mecanismo de transformação social. As alunas, que abriram um abaixo-assinado pedindo que a Fuvest acrescente mais autoras mulheres na lista de livros do vestibular, também dividiram suas experiências neste segundo workshop.

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Em 2018, o programa, ainda em formato de projeto-piloto, foi intitulado Violências Invisíveis e treinou 60 mulheres da periferia a identificar situações de violência de gênero.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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