Saiu no site O GLOBO
Veja publicação original: Mulheres ainda são minoria no universo de investidores
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Investidoras não representam 30% do total; corretoras criam ações focadas no público feminino
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Por Ana Paula Ribeiro
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Taís Magalhães, de 30 anos, estava insatisfeita com as alternativas de investimento em seu banco. Foi quando decidiu se dedicar ao assunto e encontrar opções que garantissem um rendimento maior. Em 2015, já cliente de uma corretora, começou a investir em títulos públicos no programa Tesouro Direto e, mais tarde, em ações. O seu plano, além de ter uma reserva financeira, é quitar o apartamento que comprou, ainda na planta, até a entrega das chaves. A socióloga, no entanto, é minoria. No Brasil, o número de investidoras mulheres não chega a 30%, embora sejam 51% da população.
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— Já comprei um seguro achando que era um investimento. Eu me senti enganada. Foi quando decidi que precisava assumir a responsabilidade sobre minhas finanças, para isso não acontecer novamente. A partir daí, passei a me informar melhor e buscar alternativas, sempre de olho nos prazos (para meu objetivo) — conta Taís.
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Essa participação mais baixa das mulheres está presente nos investimentos em Bolsa. Dados da B3 mostram que o público feminino representa apenas 21,75% das pessoas físicas que compram ações. No caso do Tesouro Direto, a parcela é de 30,3%.
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Salários mais baixos
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A superintendente de educação da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), Ana Leoni, explica que parte dessa menor participação se deve ao fato de os salários das mulheres serem mais baixos, mas também porque elas, muitas vezes, terceirizam a tomada de decisão sobre investimentos, mesmo quando provêm o sustento da casa:
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— É um comportamento que leva a esses números. É um problema mundial, mas tende a diminuir à medida que a mulher ganha mais confiança em relação a esse assunto.
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Para estimular esse público, Ana Leoni afirma que é importante apostar em conteúdos que mostrem à mulher que, ao ter independência financeira, ela terá mais liberdade de escolha — o que, inclusive, facilita a saída de um relacionamento abusivo.
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— A independência financeira está mais ligada ao poder de escolher. Com independência, ela não ficará em uma relação por dependência financeira. Tem mulher que se separa e não tem ideia de qual era a renda familiar, nem tem reservas para lidar com isso — explica.
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‘A mulher não administrava o seu dinheiro’
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As iniciativas para atrair o público feminino estão disseminadas. Uma delas é o “Nós, Mulheres Investidoras”, criado em 2017 pela plataforma de investimentos Easynvest. Uma das percursoras é Mariana Cammarano, gerente de marketing da empresa. Ela conta ter percebido que o ambiente era dominado por homens, a começar pelos consultores, o que poderia contribuir para afastar o público feminino:
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— Por muito tempo, a mulher não administrava o seu próprio dinheiro. E quando falamos de empoderamento feminino, saber fazer as escolhas certas com o dinheiro também garante mais liberdade.
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No programa, há conteúdos destinados às mulheres, além de um grupo de discussão no Facebook, para tirar dúvidas e discutir temas relacionados às finanças. Segundo Mariana, essa iniciativa elevou a participação feminina entre os investidores da plataforma de 27% para 36%.
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Já na XP Investimentos, a estratégia para atrair as mulheres tem sido fazer parcerias com influenciadoras, além de contar com escritórios de agentes autônomos liderados por mulheres. Ainda assim, as mulheres são 24% do total de clientes.
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No BTG Digital, a situação é parecida. As mulheres não chegam a 30% do total de investidores. Segundo Marcelo Flora, responsável pela plataforma de investimentos, essa fatia é apenas um pouco maior entre o público mais jovem. Para ele, a saída passa pela educação financeira.
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As mulheres que quiserem saber mais sobre investimentos podem aproveitar a 6ª Semana Nacional de Educação Financeira, que começa nesta segunda-feira.
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