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Competição de direito em Oxford: brasileiras são únicas da América Latina

Saiu no site UNIVERSA

 

Veja publicação original:   Competição de direito em Oxford: brasileiras são únicas da América Latina

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Por Débora Miranda

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Uma equipe formada por três mulheres, todas elas estudantes de direito da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul), é a única representante da América Latina numa tradicional competição promovida pela Universidade de Oxford, na Inglaterra, uma das mais antigas e prestigiosas do mundo.

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Trata-se da Oxford Intellectual Property Moot, competição que reúne times de universidades de direito do mundo todo para trabalhar em um caso fictício que tenha a ver com propriedade intelectual. A ideia é que os estudantes entreguem um projeto por escrito e, num segundo momento, há uma seleção para que apresentem seus argumentos ao vivo, em Oxford, numa simulação de tribunal com a presença de especialistas renomados na área. Neste ano há 28 universidades finalistas, entre elas a brasileira –representada por Júlia Gessner Strack, 21 anos, Gabriela Raymundi dos Santos, 21 anos, e Clara Affeld Martins de Lima, 23 anos.

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“Somos um time composto inteiramente por mulheres e temos que nos orgulhar disso. É animador pensar que somos um exemplo de que as mulheres estão cada vez mais conseguindo ocupar espaços que tradicionalmente eram ocupados só por homens”, afirma Júlia que, assim como Clara, estagia no escritório Silveiro Advogados, em SP.

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Ela destaca, no entanto, que ser uma equipe feminina também é desafiador. “Isso nos obriga a ter um olhar no sentido de como as outras pessoas vão nos encarar. Isso influencia até na análise da nossa postura, na nossa maneira de falar, porque infelizmente ainda vivemos em um mundo machista. Por exemplo: se um homem fala de maneira assertiva, isso vai ser visto com bons olhos, mas se uma mulher fala da mesma maneira assertiva, às vezes é interpretada como agressiva.”

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Clara completa destacando que os ambientes de competições de direito tendem a ser muito masculinizados. “Ficamos felizes de sermos três meninas fazendo isso. E em termos de empoderamento também. Nós nos desenvolvemos juntas, nos apoiando nos nosso pontos fortes e fracos. Acabamos formando uma equipe de três mulheres com qualidades diferentes, e essa troca foi muito interessante e produtiva.”

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Gabriela lembra de uma outra competição de que participou em que a própria juíza do tribunal simulado chamou a atenção para a grande –e surpreendente– presença de mulheres. “Há alguns anos, esse ambiente de tribunais simulados era muito dominado por homens. Costumava-se ver apenas homens na sala. E, no ano passado, já era meio a meio. Fico muito feliz de ver que a realidade mudou, fico feliz em ser parte dos 50% que também estão na sala.”

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Como se preparam

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Desde que decidiram entrar na competição, as meninas vêm estudando arduamente para o grande momento, que será de quinta a sábado desta semana.

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“A maior dificuldade é o fato de serem sistemas jurídicos bem distintos [o da Inglaterra e o do Brasil], o que faz com que existam várias diferenças práticas na hora de abordar um caso ou de fazer uma defesa. A forma de eles entenderem o direito é bem diferente da nossa, é com base em casos e precedentes. Então, tivemos que aprender uma série de casos estrangeiros que não conhecíamos, que normalmente não vemos na faculdade”, conta Clara.

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O tema da competição deste ano é direito de marca, e os times precisam se preparar para estar dos dois lados: acusando e defendendo. “Tivemos que treinar muito também a questão da postura e qual é a maneira adequada de se endereçar a uma corte, principalmente considerando que juízes da corte inglesa vão participar, além de advogados e estudiosos do tema”, conta Júlia.

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Outra dificuldade é que tudo isso precisa, naturalmente, ser apresentado em inglês britânico, com a linguagem jurídica correta. “Sem dúvida é um dos desafios. Por mais que nós três tenhamos estudado inglês desde pequenas, o fato de haver termos jurídicos muito específicos demanda um estudo maior. Então, procuramos o auxílio de um professor de inglês que é britânico, porque nossa preocupação é ser entendida”, completa a estudante.

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O grupo, que desde o fim do ano passado estabeleceu uma rotina de três encontros por semana, vem trabalhando agora diariamente para chegar bem preparado à competição. E conta com o acompanhamento de professores da UFRGS e de advogados que concordaram em ajudá-las nessa preparação –muitos deles dos escritórios em que elas estagiam.

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“Na faculdade, não temos a vivência de preparar um caso. Obviamente não se trata de uma corte oficial, mas toda a preparação que envolve isso, toda a pesquisa, toda a parte de construir um argumento, esse tipo de coisa não se aprende na faculdade e é muito importante”, destaca Gabriela. “Além disso, é o reconhecimento do nosso trabalho ter sido selecionado entre tantas universidades do mundo. E lá em Oxford, uma das coisas mais importantes é a convivência com estudantes de direito de outros lugares do mundo, sair da nossa zona de conforto brasileira”, define Gabriela.

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O trio embarca para a Inglaterra nesta terça-feira e lançou uma vaquinha na internet para ajudar a pagar os custos da viagem, estimados em R$ 20 mil.

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A expectativa é grande, mas elas encaram o nervosismo de frente. “Nervosos dá um pouco, mas estudamos muito e temos segurança. Confio plenamente nas meninas e acho que estamos preparadas para esse desafio”, afirma Clara.

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Júlia completa: “Nervosismo é muito natural, principalmente considerando todos esses fatores da língua, de ser um sistema diferente, de estarmos diante de pessoas que têm um conhecimento muito grande na área. A questão é saber lidar com esse nervosismo e transformá-lo em algo que não vá nos prejudicar, mas que nos impulsione a ir bem”.

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O prêmio para o primeiro lugar da competição é um período de consultoria, na área de propriedade intelectual, em um escritório especializado da Inglaterra.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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