Saiu no site REVISTA MARIE CLAIRE
Veja publicação original: “Sofri bastante com o machismo no Brasil”, diz atacante da seleção, Cristiane Rozeira
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Jogadora do São Paulo e atacante da seleção brasileira, com passagem por clubes europeus como Paris Saint-Germain, ela sofreu preconceito por ser mulher justamente no país em que nasceu. Nesta entrevista, Cristiane conta como lida com o machismo e relembra sua trajetória de Osasco (SP) para o mundo.
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Por Thiago Baltazar
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Aos 33 anos, Cristiane Rozeira pode dizer que já rodou o mundo jogando bola. A atacante da seleção brasileira e mais nova contratação do São Paulo passou por times como Paris Saint-Germain (França) e Wolfsburg (Alemanha) desde que foi descoberta em Osasco, na Grande São Paulo. Em suas andanças na gringa, ela pôde notar a dimensão do machismo no Brasil — e olha que em seu currículo estão países como como Rússia (Rossiyanka) e China (Changchun Yatai).
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“Uma vez, um torcedor perguntou se havia sido vítima de machismo no exterior. Respondi que não. Nunca vivi qualquer preconceito jogando fora do meu país, mas sofri bastante machismo aqui”, conta a jogadora à Marie Claire. “Tive a impressão de que as pessoas nos abraçavam mais lá do que aqui”.
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Bocuda que é, assim ela própria se descreve, vez ou outra ela bate-boca com torcedores que insistem em diminuir seu brilhantismo –Cristiane é a maior artilheira do futebol feminino em Jogos Olímpicos e um dos grandes nomes da modalidade nos dias de hoje.
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“Ainda existe um grupinho que me manda trabalhar em outra profissão, diz que futebol não é coisa de mulher ou tenta desmerecer meu trabalho. Só se sei se fazem isso porque não são capazes de fazer o que faço (risos)”.
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Mas sua ascensão é prova de que o futebol está mudando. Para melhor, com mulheres. “O futebol feminino sempre teve uma dificuldade de reconhecimento e aceitação”, disse ela. “Hoje, os clubes obrigatoriamente precisam ter times femininos, e isso deu nos deu visibilidade, fez com que as pessoas passem a trabalhar por isso”.
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Ainda assim, falta divulgação, acredita ela. Os jogos femininos não têm o mesmo espaço que o masculino na TV, os estádios não possuem torcida organizada e o público não sabe como o futebol feminino funciona. “Talvez com a Copa do Mundo neste ano e as Olimpíadas em 2020 a modalidade comece a caminhar”.
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Sempre tive admiração quando mais nova Ronaldo, Ronaldinho, Romário, Rivaldo, Denilson, mas hoje temos uma outra geração, gosto do Cristiano Ronaldo. Ele tem uma dedicação incrível com o que faz.
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TRAGETÓRIA
Cristiane começou a jogar futebol quando tinha 6 anos de idade em Osasco, onde vive até hoje. Sua mãe, até tentou direcionar sua paixão para outras atividades como balé e capoeira, mas nada foi capaz de afastá-la da bola.
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“Eu era a única menina da vizinhança a jogar com os meninos”, lembra ela. “Eles só brigavam comigo quando perdiam ou levavam drible, mas nada disso me deixava chateada. No dia seguinte, lá estava eu jogando novamente”.
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Aos 12 anos, um vizinho seu se voluntariou a pagar sua seu curso de futebol numa escolinha porque sua família não tinha condições de arcar com os custos. Lá, ela foi descoberta pela treinadora do Juventus. “Nunca pensei no que seria senão jogadora. Mesmo sabendo das dificuldades na época não havia algo além disso que sonhava em fazer”.
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