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Veja publicação original: Amor obsessivo: veja sinais de que a relação deixou de ser saudável
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Por Roberta Figueira
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Você conheceu alguém e de cara já sentiu uma conexão. Logo veio a curiosidade de saber mais sobre essa pessoa.
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Deu aquela fuçada nas redes sociais, descobriu o que ela faz, lugares que frequenta, viu alguns amigos, achou “provas” de um relacionamento passado, partiu para o perfil da possível ex e, quando percebeu, tinha passado horas vasculhando a vida do seu objeto de desejo.
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Essa história não é tão difícil de imaginar. Isso por que é normal querer conhecer melhor o outro quando estamos iniciando um relacionamento ou até mesmo antes de embarcar em um. Porém, é preciso ficar atenta para saber se esse interesse não está passando do limite.
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“A curiosidade faz parte de todos nós, mas quando isso se torna obsessivo ao ponto de alguém precisar saber cada detalhe da vida do outro e de acompanhar todos os passos, já configura uma doença”, defende a psicanalista Tatiana Ades.
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E isso também vale para a dinâmica dentro de um relacionamento. Sabe aquela coisa de ficar acompanhando todas as atualizações do namorado, querer saber as senhas e ficar buscando indícios de que ele saiu da linha ou não a ama mais como antes? Isso pode ser um sinal de que a relação não está saudável.
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Um comportamento obsessivo é tudo aquilo que leva a pessoa a ficar pensando exageradamente sobre algo, quando sua vida gira em tono disso, como um vício. É uma questão que toma a mente de forma que outras coisas que eram importantes antes se tornam coadjuvantes,
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A afirmação é da psicóloga Daniela Faertes, criadora do setor de amor patológico da Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro.
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Quando a relação começa a apresentar essas características, é bom perceber se o relacionamento não está trazendo prejuízos para outras áreas da vida.
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“Claro que, quando estamos no auge da paixão, tendemos a pensar só no ser amado, mal dormimos, não sentimos fome, o coração dispara etc. Mas, com o tempo, isso tende se ‘normalizar’. Porém, em alguns casos, isso não acontece”, explica a psiquiatra Monica Zilberman, pesquisadora de obsessão amorosa e ciúme excessivo.
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Segundo a especialista, em situações assim o comportamento da pessoa se assemelha a de um dependente químico, ela não consegue pensar em nada além de seu objeto de desejo e é capaz de qualquer coisa para estar próximo do amado.
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Amor patológico
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O amor é definido pelo dicionário como sentimento que impulsiona ao belo, digno ou grandioso, como grande afeição que une uma pessoa a outra, como apego ao que proporciona prazer, como desejo intenso de possuir, entre outras coisas. Mas sabemos que, na vida real, ele é ainda mais complexo e pode até virar doença.
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Segundo a psicoterapeuta Eglacy Sophia, autora do livro Como lidar com o Amor Patológico, isso acontece quando há o comportamento de cuidar dos interesses do parceiro de maneira excessiva e sem controle.
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Apesar de esse quadro existir bem antes da internet, Eglacy acredita que as redes sociais, muitas vezes, acabam instigando ainda mais o ciúme, o medo da perda e a insegurança de pessoas com amor patológico. “No amor saudável, existe o respeito pelo limite do outro, não há necessidade de controle.
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Já no patológico, existe um jogo de poder e o controle obsessivo. O ciúme acaba aparecendo e, em muitos casos, até uma paranoia em relação à traição. Esse tipo de amor é um vício, que pode levar a quadros graves de depressão, pânico e crises de ira”, completa Tatiana.
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As origens do problema, de acordo com Monica, estão na forma como se desenvolveram as primeiras relações da pessoa.
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Muitas vezes, os pais, ou cuidadores, não eram disponíveis emocionalmente de forma consistente. A criança então tende a desenvolver ansiedade de separação, pois não tem confiança de que o cuidador estará disponível caso ela precise, dificultando o desenvolvimento da autoconfiança e autoestima
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Principais sinais
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- Necessidade de controle das atividades e do pensamento do parceiro. O outro se torna o centro de tudo, quer estar junto o tempo todo, saber cada passo do outro e controlar sua vida, como amizades, trabalho e participação em redes sociais.
- Insatisfação e insegurança com o relacionamento. Medo de abandono, excesso de possessão, ciúme e pode chegar a paranoia.
- Intensa dedicação ao relacionamento. O outro se torna mais importante que qualquer coisa, filhos, família, trabalho, dinheiro, amigos, tudo.
- Idealização do outro e do relacionamento. É comum ideias como “fomos feitos um para o outro”; “nossa conexão é total”; “eu adivinho seus pensamentos e ele adivinha os meus”; “se eu não ficar com ele, nunca mais conseguirei ser feliz na minha vida.”
- Sintomas físicos, como taquicardia, dores musculares e insônia, quando está longe ou brigada com o parceiro.
- Aparecimento de problemas emocionais como depressão e ansiedade e, nos casos mais graves, pode chegar a pensamentos suicidas e/ou homicidas ou até tentativas nesse sentido quando sentem que vão perder a pessoa amada. É comum sentir muita raiva, tanto do parceiro quanto de si mesma.
- Abandono de seus próprios interesses e das atividades normais do dia a dia. Falta de foco e de interesse por tudo que não envolve o parceiro.
- Autoestima extremamente baixa, sensação de falta de identidade e vazio constante.
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Tratamento
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O processo terapêutico é essencial para identificar a patologia e entender o caso. Segundo Tatiana, o tratamento para doentes de amor é parecido com o de viciados em álcool e outras drogas. Existem inclusive grupos anônimos como o CODA (Co-dependentes anônimos) e o MADA (Mulheres que amam demais).
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Muitas vezes é necessário o uso de medicamentos para quadros depressivos ou de transtorno de ansiedade para controlar a impulsividade e as oscilações de humor. “Meditação, atividade física e técnicas de relaxamento também são importantes para fortalecer a autoestima, reduzir a ansiedade e melhorar a autodeterminação”, aconselha Monica.
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