Saiu no site UNIVERSA
Veja publicação original: Ex-vendedora de artesanato na praia é destaque na Semana de Moda de Paris
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Por Mariana Araújo
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Aos 19 anos, a modelo estreante Thalita Farias já encarou uma responsabilidade de veterana: abriu na quarta-feira (27) o desfile da grife Thierry Mugler na Semana de Moda de Paris, um dos eventos do setor de maior prestígio no mundo inteiro.
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No entanto, há menos de dois anos, o dia a dia da brasileira era bastante diferente: ela vendia peças de artesanato que ela mesma criava nas praias de Natal (RN), onde nasceu.
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A rotina nas areias de Natal
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“Depois de sair de casa aos 16 anos, fiz várias coisas para me sustentar. Vendi salgadinhos e ‘Bis’ caseiros na rua, cuidei de diabéticos aos fins de semana, trabalhei como vendedora em lojas de R$ 10, vendi cursos de máquinas hidráulicas… Mas com o artesanato foi diferente”, contou ela à Universa, direto de Paris.
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“Comecei a fazer e vender artesanato aos 17 anos para suprir minhas necessidades financeiras. Acordava cedo, ia à praia, organizava as peças e oferecia para os frequentadores do local. O trabalho unia o útil ao agradável, porque eu amava estar na praia, sob o sol, e com as minhas peças poder levar boas energias para quem comprava. Cada peça era feita com amor e totalmente exclusiva. Eu me encontrei.”
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Apesar de estar realizada na atividade, Thalita encontrou uma oportunidade inesperada justamente durante um dia de vendas.
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“O Jocler [Turmina, caça-talentos da agência MapModel] foi ao Nordeste para participar de um concurso de modelos em Natal e se hospedou num hotel em uma das praias onde eu vendia artesanato, a de Tabatinga. Ele havia saído para andar e eu vinha com a minha tela, expondo meu trabalho, daí ele me parou e tentou me convencer a ir a um casting do concurso. No começo, não dei ouvidos.”
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A curiosidade acabou levando Thalita a decidir participar da seleção para o concurso. Mas, para ela, não foi fácil vencer a dúvida e a timidez no início.
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O sucesso nos primeiros desfiles
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“Parei para pensar se eu realmente iria fazer aquilo que ele propôs, porque os três primeiros lugares do concurso assinariam um contrato com a agência. Resolvi ir ao casting. Quando cheguei, tinha mais de 300 garotas no shopping, todas loucas para serem notadas. Eu fiquei de costas para o Jocler não me ver. Esperei minha vez. Mas ele logo me viu”, relembrou.
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“No meu primeiro desfile, na mesma praia onde eu era conhecida como a menina que fazia brincos de penas, fiquei muito nervosa. Só ergui a cabeça e não olhei para ninguém. Passei pelas três etapas e fui para a final, mas ainda estava pensando seriamente se era isso que eu ia escolher como profissão, porque nunca havia sonhado em ser modelo. Fiquei em segundo lugar no concurso e assinei o primeiro contrato.”
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Apesar da conquista, Thalita não pôde engatar a carreira imediatamente: sem dinheiro, ela teve de ficar em Natal, vendendo suas peças por um ano, enquanto fazia economias para se mudar para São Paulo.
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Das passarelas paulistanas para as europeias
Após desembarcar na capital paulista, no entanto, a evolução foi rápida: ela estreou nas passarelas da Casa de Criadores, em agosto de 2018, e da São Paulo Fashion Week, em outubro. Além disso, a potiguar deu seu primeiro passo rumo à carreira internacional.
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“Uma das juradas do concurso era a diretora da Elite de Nova York, a Filipa Black. Ela me entrevistou e quis me apresentar à agência. Em menos de oito meses, meu segundo contrato foi assinado.”
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Em fevereiro, já acumulando seu terceiro contrato, com a agência francesa Viva, Thalita viveu outras duas primeiras vezes emocionantes: a estreia em Paris e em Milão. No dia 20, desfilou com exclusividade na semana de moda italiana para a Bottega Veneta. Três dias depois, já estava na França, onde foi a primeira modelo a cruzar a passarela da grife Thierry Mugler — um reconhecimento importante no mundo da moda.
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“Milão é uma cidade linda. E por ser a primeira cidade internacional que conheci, fiquei emocionada. Paris me encantou pelas luzes e ruas. E abrir o desfile da Mugler foi mágico. Estou muito feliz com a minha profissão de modelo. Para mim, tudo é novo e estou muito empolgada com essa nova experiência e a oportunidade de mostrar meu trabalho pelo mundo. Ainda estou naquele momento de correria de castings, mas neste pouco tempo, convivi com meninas bem legais.”
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Apesar do sucesso em um universo glamouroso, Thalita diz que não pretende abandonar seus sonhos mais antigos e quer seguir com sua carreira itinerante com o artesanato.
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“Antes, meus planos para o futuro eram um ônibus para ter a minha casa móvel e acampar pelo Brasil, além de uma loja de artesanato. E eles continuam os mesmos: sair pelo mundo sem data para voltar e me sustentar com a minha arte. Continuo fazendo artesanato até hoje, aliás, vou vendendo independentemente de estar no mundo da moda. Quem sabe com a profissão de modelo consiga realizar esses sonhos.”
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