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Veja publicação original: 10 histórias e conselhos de famosas que sobreviveram a relações abusivas
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Por Mariana Araújo
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Não importa a cor da pele, a classe social ou a profissão: mulheres estão sujeitas a violências de gênero até mesmo dentro de um relacionamento afetivo, em qualquer parte do mundo.
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Estas famosas já foram agredidas por seus parceiros verbalmente ou fisicamente — e decidiram usar suas experiências para alertar e aconselhar outras mulheres que se virem nesta situação. Conheça suas histórias:
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Abigail Breslin
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Em outubro de 2017, a atriz falou no Instagram sobre o impacto do estupro que sofreu de um ex-namorado. “É o mês de conscientização sobre a violência doméstica. Sou uma sobrevivente de abusos e estupro. Apesar de não estar mais com meu abusador, o que aconteceu comigo foi desenvolver estresse pós-traumático”, escreveu ao mostrar uma foto de seu tornozelo machucado. “Eu estava tão descontrolada e desorientada que escorreguei e caí em um pedaço de vidro. Normalmente as crises ocorrem por causa de um gatilho, que é difícil de detectar. E é por isso que devemos manter os debates sobre violência doméstica abertos”, acredita. Às sobreviventes de violência, Abigail ainda mandou um recado. “Não há do que se envergonhar. Vocês ainda são lindas, importantes e têm seu valor.”
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Imagem: Reprodução/Instagram
Kéfera Buchmann
Em setembro de 2018, a atriz desabafou no Instagram sobre os abusos que sofreu de um ex-namorado. “Eu já estive em um relacionamento abusivo. Eu já fui torturada psicologicamente. Eu já fui xingada de tudo e já duvidei do meu potencial por ter sido tão colocada pra baixo. Eu já pisei em ovos com tudo que eu falava pra pessoa, eu já tive muito medo (inclusive de ser eu mesma), eu já chorei até exaustão enquanto o outro sentia prazer em me fazer e me ver chorar. Eu já me tranquei no quarto por medo de apanhar, eu já me violentei por ter deixado o outro me violentar. Mas eu tô aqui. Viva”, escreveu. Kéfera ainda deixou uma mensagem de apoio a outras mulheres na mesma situação. “Eu sobrevivi. Eu dei conta. Eu me salvei. Eu consegui. E eu acredito em você e na justiça divina, você também consegue ser feliz de novo, mulher.”
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Tina Turner
Em sua autobiografia, lançada em 16 de outubro de 2018, a cantora falou sobre o casamento abusivo com o ex-marido, Ike Turner, com quem se uniu em 1960. No texto, Tina conta que sofreu violência física, mental e sexual por parte de Ike e que, a certa altura, chegou a cogitar o suicídio. Em 1976, ela fugiu do marido durante sua turnê, com apenas um cartão de crédito para compras apenas em postos de gasolina e US$ 0,36 no bolso. Mais tarde, ela conseguiria nos tribunais o direito de manter seu nome artístico, que era de propriedade dele, e dois carros. No entanto, ela deixou uma mensagem de força para mulheres que, como ela, enfrentam agressões dos parceiros. “Considerando minha idade, 39 anos, meu gênero, minha cor e os tempos em que vivíamos, eu tinha cada vento forte contra mim. Mas você continua lutando”, concluiu.
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Letícia Colin
A atriz acredita que a melhor forma de combater o machismo (e a violência decorrente dele) é a informação. Ela passou a se identificar como feminista no momento em que “caiu um véu” e descobriu que “mulheres são estupradas, violentadas, apanham, não têm a chance de falar que os homens têm”. Segundo Letícia, essa falta de informação e de referências a fez tolerar um relacionamento abusivo no passado. “Eu era muito nova e por não ter referência, não saber que aquilo era errado. Achava que eu tinha que me comportar daquela maneira. ‘Ai, você tem que trocar de roupa porque não gosto dessa roupa’… [Hoje] quando eu penso, eu falo: ‘nossa, eu podia ter falado dane-se’. Você percebe o constrangimento que a pessoa criava para mostrar que você sabia menos, para mostrar que você tinha menos experiência, que isso era uma coisa ruim ao invés de ser uma coisa celebrada”, disse à “Vogue”, em novembro de 2018.
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Imagem: Getty Images
Amber Heard
Em 2016, a atriz denunciou à polícia de Los Angeles o então marido, Johnny Depp, por violência doméstica. O caso ganhou a mídia internacional e, apesar das negativas do ator, foi resolvido nos tribunais. Em dezembro de 2018, Amber revelou em texto no “The Washington Post” o impacto em sua vida da exposição das agressões. “[Precisei] mudar o número do telefone semanalmente por estar recebendo ameaças de morte.” Ela disse, ainda, que foi julgada pela opinião pública e perdeu trabalhos por causa da denúncia, mas decidiu “se tornar uma pessoa pública na luta contra a violência doméstica”. Amber incentiva mais mulheres a apoiarem outras que estão passando por situações semelhantes por meio de sua posição de embaixadora pelos direitos da mulher da organização de direitos civis American Civil Liberties Union, já que este suporte pode ser decisivo para que a sobrevivente denuncie o agressor.
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Luiza Brunet
Em 2015, a empresária denunciou o então parceiro, Lírio Parisotto, por agredi-la. Ele foi condenado a um ano de detenção em regime aberto e Luiza fez da luta pelo fim da violência doméstica sua bandeira. “Me tornei uma pessoa completamente engajada nos direitos das mulheres. É a bandeira que escolhi para a minha vida daqui para frente. Não sinto vergonha, de jeito nenhum, não me sinto por baixo. Me sinto íntegra e corajosa de ter colocado isso para fora e contribuir para que as mulheres tenham acesso à informação”, disse à Universa, em outubro de 2017. Para Luiza, romper com tabus e conversar sobre o assunto é a forma como as mulheres podem se proteger. “Passei seis, sete anos ouvindo relatos de várias mulheres e agora dou o meu depoimento. É doloroso? Claro que é, mas falo com convicção, sei o que cada uma sentiu na pele. Hoje, é mais fácil falar, dar conselho, dizer ‘você irá passar por isso, mas se recuperará’. Me sinto tão, mas tão forte, tão preparada para falar sobre esse assunto, sem vergonha. Verbalizar foi importante, valeu a pena.”
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Imagem: Getty Images
Reese Witherspoon
Em fevereiro de 2018, a atriz disse ao “SuperSoul Conversations”, da apresentadora Oprah Winfrey, que viveu um relacionamento abusivo. “Sofri muita agressão psicológica e verbal”. A atriz disse que um dia seus limites foram ultrapassados e ela teve um estalo, que a fez terminar com o ex. “Eu sabia que seria muito difícil, mas eu não conseguia mais. Foi profundo e eu era jovem, muito jovem. Eu era uma pessoa diferente também. Deixar esse tipo de situação não é fácil, pois você está cercada de dúvidas e sua autoestima está detonada. Eu não tinha nenhuma, sabe?”. Para Reese, trabalhar a própria autoestima é, desde então, uma prioridade — e seu principal mecanismo de autopreservação. “Mudou quem eu sou e é por isso que eu me defendo, digo que sou ambiciosa. Porque alguém já quis tirar isso de mim. Sou uma pessoa diferente agora.”
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Ashley Graham
A modelo contou em um episódio de seu podcast, em outubro de 2018, que foi abusada por um ex-namorado. “Ele era alcoólatra funcional e odiava quem era, me abusava fisicamente, verbalmente e mentalmente”, disse ela, que classificou o primeiro ano de seu relacionamento como “torturante”. “Na época, eu não conseguia ver nada disso, não conseguia ver como eu valia muito mais do que esse homem estava me oferecendo”. O segundo ano do namoro foi mantido em segredo por ela, que passou a mentir para amigos e familiares, afirmando que os dois haviam terminado. Em sua biografia, “A New Model: What Confidence, Beauty And Power Really Look Like”, Ashley disse que este parceiro chegou a correr atrás dela com uma faca e jogar garrafas quebradas em sua direção. “Eu deixei esse homem tomar posse de quem eu era e determinar todas as minhas ações, os meus negócios e as minhas amizades”, escreveu. Após o término, a modelo sentia vergonha de ter tido esse relacionamento e não conseguia falar com as amigas sobre o assunto. No entanto, ela ressalta a importância do apoio de uma delas para que buscasse uma saída da relação violenta. “Ela me disse que eu merecia mais e terminei”.
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Preta Gil
Em um evento de beleza em agosto de 2018, a cantora relembrou um relacionamento abusivo que durou cinco anos: o parceiro controlava seu comportamento e diminuía sua autoestima. “Ele reclamava da minha gargalhada. Eu ria e ele falava: ‘que vergonha, parece que você está bêbada’. Começou com minha gargalhada, depois falou da minha roupa. Quando percebi, não gargalhava mais, não dava mais risada. Era inconsciente. Pensava: ‘Eu não vou gargalhar, porque se eu fizer isso ele vai me criticar e se ele fizer isso vou ficar chateada'”, relembrou. Assim como Ashley Graham, Preta teve vergonha de procurar amigas para desabafar sobre o assunto. Hoje, ressalta a importância de que as mulheres procurem apoio se surgem questionamentos sobre uma relação amorosa. Para ela, esse suporte veio de uma terapeuta. “Eu não tinha coragem de falar para as minhas amigas. Comecei com uma terapeuta que me ajudou a criar forças e ter coragem de romper com ele (…) No final do relacionamento eu estava triste, emburrada, isolada. E o palco era minha fuga.”
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Imagem: Reprodução/Instagram
Deborah Secco
A atriz afirmou à “Veja”, em setembro de 2018, que se relacionou com “homens muito controladores”, que a oprimiam e “de quem dependia emocionalmente”. Deborah contou que um ex a trancava no quarto para não comer. “Ele dizia que eu estava gorda e que, se continuasse assim, não iria me querer mais”. “Tive medo de apanhar. Sofri muitas agressões verbais. Um deles dizia que eu só era bem-vista e tinha amigos por ser namorada dele, o meu salvador. Eu era cega, viciada nesse tipo de relacionamento. Muitos eram bonzinhos no início, até começarem a impor seus limites. A pessoa abusiva pode ser muito cativante”. Quando admitiu ter traído seus ex-parceiros abusivos, ela recebeu muitas críticas de mulheres. E, por isso, fez um apelo à sororidade. “É muito triste que as mulheres não se defendam.”
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