Saiu no site EL PAÍS BRASIL
Veja publicação original: De Charlize Theron a Reese Witherspoon, estas 9 famosas sofreram violência de gênero
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Nem todas as que viveram essa situação a denunciaram.
Mas algumas demonstraram grande coragem e dedicaram esforços a combater essa mácula
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Por Juan Jimenez
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GETTY IMAGES
Charlize Theron
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A experiência da atriz foi especialmente dura. Em 2017, na promoção do filme Atômica, ela falou mais abertamente do que nunca sobre o convívio com um pai alcoólatra, morto por sua mãe em legítima defesa em 21 de junho de 1991: “Eu me comportei como se nada tivesse acontecido. Não contava para ninguém. Se alguém me perguntasse, dizia que tinha morrido num acidente de trânsito. Quem iria querer contar uma história dessas? Não sabia como responder, nem queria me sentir como vítima. Lutei contra isto durante anos, até que comecei a fazer terapia”.
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O vício do seu pai marcou sua infância e afetou também a sua vida adulta: “Convivia diariamente com um alcoólatra em casa, e não sabia o que iria acontecer quando acordasse, porque dependia de se ele iria beber ou não”. Uma situação dramática que compartilhou com sua mãe, por quem guarda uma grande admiração pela maneira como administrou o problema: “É incrível e uma inspiração para minha vida. Ela nunca precisou de terapia, e tudo o que queria era manter sua filha afastada de tudo isto, então sua filosofia era aceitar que tudo era horrível, mas que tinha que tomar uma decisão, afundar ou nadar. Isso era tudo”, afirmou a atriz.
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A atriz fez esta confissão a Oprah Winfrey no começo de 2018: “Havia uma linha traçada na areia, e ele cruzou… Foi então que meu cérebro fez um clique e eu soube que seria muito difícil, não podia continuar. Foi algo muito profundo, e eu era muito jovem, realmente muito jovem. Também era uma pessoa diferente. O fato de me levantar e tomar essa decisão por conta própria foi uma mudança crucial na minha vida. Deixar estas situações não é fácil, porque você está cheia de dúvidas, especialmente se alguém fez mal à sua autoestima. Eu não tinha autoestima, e agora sou uma pessoa completamente diferente”.
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Embora a atriz não tenha revelado a qual de seus antigos relacionamentos se referia, alguns meios de comunicação especularam que se tratava do ator Ryan Phillippe, seu ex-marido, que foi processado em setembro de 2017 por sua ex-namorada Elsie Hewitt, que o acusava de tê-la surrado e atirado escada abaixo num feriado da Independência dos EUA. O ator negou a agressão, mas também veio à tona que sua parceira anterior, Paulina Slagter, o havia denunciado em março por assédio.
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A socialite norte-americana já se casou três vezes. A primeira com o produtor musical Damon Thomas, com apenas 19 anos. Quando vieram a público os documentos de seu divórcio, que aconteceu em 2003, se soube que ela o acusara de maltratá-la física e verbalmente, algo que ele negou numa entrevista publicada pela revista In Touch, na qual, além de desqualificá-la, argumentava que tinha sido ele que havia solicitado o divórcio e alegava que a atual esposa de Kanye Westhavia sido infiel a ele em diversas ocasiões.
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Seu relato dos fatos difere muito da versão de Kim: “Damon decidia o que tinha que fazer e quando. Era como o rei do castelo. Queria saber constantemente onde estava”, afirmava Kim no seu reality, onde revelou que se casou com Damon depois de ter tomado um ecstasy e, portanto, não estava consciente do passo que estava dando.
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Em fevereiro de 2009, a cantora levou uma surra de seu então namorado, Chris Brown, depois de uma festa prévia ao Grammy. O também cantor deformou os lábios de Rihanna, e imagem dela com as marcas dos socos rodaram o mundo. Ele foi condenado a cinco anos de prisão e a 180 dias de serviço comunitário pelo episódio. O casal ainda tentou uma segunda chance, mas a relação não prosperou, apesar de ele insistir em dizer que ainda sente algo de muito especial por ela. Em um documentário intitulado Cris Brown Welcome to My Life, disse que se sentiu “como um monstro” depois da agressão. Em uma entrevista posterior ao ataque, a cantor fez uma eloquente descrição de sua relação: “Quanto mais apaixonados estávamos, mais perigosos éramos um para o outro”.
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O rapper voltou ao noticiário recentemente após ser detido em Paris sob a acusação de estuprar uma mulher na noite de 15 para 16 de janeiro. Apesar de ter sido liberado sem acusações algumas horas depois, a suposta vítima, uma modelo, tornou a acusação pública, o que fez a equipe jurídica do cantor processá-la por calúnia. A polícia ainda está investigando os fatos.
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Apesar de não ter revelado o nome, todos sabiam a quem ela se referia quando falou em 2016 ao programa E Show! Sobre a traumática experiência que viveu: de seu ex-marido, o magnata musical Tommy Mottola, atualmente casado com a cantora mexicana Thalía. Não era novidade, porque Mariah já havia revelado ao jornalista Larry King na CNN os maus bocados que passou durante seu casamento.
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No caso dela, não falou de violência física, mas de outro tipo de agressão ou situações de abuso de poder: “Naquele momento estava com alguém que exercia um enorme controle sobre a minha vida. Era muito maior do que eu e tinha muito poder, e queria que eu ficasse afastada de muita gente. Era como estar sequestrada”, disse, em alusão ao ex-presidente da Sony Music, 20 anos mais velho que ela, com quem se casara em 1993. “Tinha que pedir permissão para sair de casa. Achei que nunca mais conseguiria escapar dali.”
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A cantora concedeu uma reveladora entrevista à Paper Magazine, em março do ano passado, quando retomou um assunto que já havia abordado anteriormente, mas desta vez em maior profundidade: a violência de gênero. Christina revelou que essas vivências a marcaram profundamente, mas também a tornaram mais forte: “Vi como minha mãe tinha que ser submissa para não apanhar. Nestes casos, infelizmente, há duas alternativas: que você esteja tão abalada que acabe da pior forma possível, ou que se sinta empoderada e tome decisões para não seguir jamais esse caminho”.
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Nos últimos anos, a artista esteve muito envolvida em ajudar as vítimas, e já em 2016, na revista Forbes, fazia um claro apelo para que essa realidade fosse encarada: “Sei que não sou a única pessoa que sofreu tanto e se sentiu traída por causa dos abusos e da violência. Por isso sinto que é tão importante usar minha voz para apoiar todos os esforços que estão sendo feitos para que as pessoas estejam mais alerta e estimular a que se comprometam contra a violência doméstica”.
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Um dos casos mais conhecidos de violência de gênero é o de Tina Turner, que em algumas ocasiões esteve perto da morte por causa das surras que levava do seu marido Ike, com quem também formou uma famosa dupla musical. O drama ficou registrado no filme sobre sua vida, Tina, em que foi interpretada por Angela Bassett, e também em suas memórias, lançadas em outubro passado sob o título de My Love Story.
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A célebre cantora se separou em 1976, e a vida, a despeito de alguns graves problemas de saúde (câncer, um transplante de rim, um enfarte) e do suicídio de seu filho Craig, no ano passado, também havia lhe reservado um grande amor. Erwin Bach, seu atual marido, que era executivo da gravadora EMI quando eles se conheceram, esteve ao seu lado durante os últimos trinta anos, e eles vivem felizes na Suíça, numa espetacular mansão à beira do lago Zurique, afastados do ruído mundano.
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A premiada atriz viu se repetir consigo mesma a história da sua mãe, vítima da violência cometida por seu pai. A maior sequela dessas experiências tão traumáticas foi a baixa autoestima, e ela teve o azar de se relacionar com homens que também a maltrataram. “As mulheres são com frequência desvalorizadas, marginalizadas e minimizadas. Crescemos com essas crenças sobre nós, então quando nos vemos em relações abusivas não consideramos que mereçamos sair de lá. Achamos que não merecemos nada melhor. Se um homem ou qualquer um põe a mão em você uma vez, vai pôr de novo. Você precisa ir embora, amar a si mesma e aos seus filhos e sair de lá”, dizia em 2015 a atriz, que perdeu 80% da audição de um ouvido por causa de uma surra, mas nunca revelou o nome e sobrenome do agressor.
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Por isso, quando estava se divorciando do ator francês Olivier Martinez, o jogador de basquete David Justice disse que não tinha sido ele quem havia causado essa lesão na sua ex. Tristemente recordada é também a surra que Martinez deu em 2012 no modelo Gabriel Aubry, com quem a atriz teve uma filha, Nahla.
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Não foi exatamente pacífico o processo de divórcio entre a modelo e Johnny Depp, a quem ela acusou de maltratá-la em reiteradas ocasiões — algo que o ator negou taxativamente numa reportagem publicada pela GQno ano passado: “Bater nela é a última coisa que eu teria feito”. Afirmações que desataram a ira de Amber, que emitiu um comunicado em que acusava a publicação de não ter verificado a informação com testemunhas que teriam presenciado algumas das situações de maus tratos que afirma ter sofrido.
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Em 2016, a Porter Magazine publicou uma carta aberta em que a modelo denunciava esta situação e que voltou a ler em público dois anos mais tarde numa cerimônia comemorativa do primeiro aniversário do movimento #MeToo. “Comecemos com a verdade, a fria e dura verdade. Quando uma mulher se atreve a falar de seu sofrimento, sobre a injustiça, em vez de ajuda, respeito e apoio recebe hostilidade, ceticismo e vergonha. Seus motivos serão questionados, e a verdade, ignorada. Não importa quão terrível seja o trauma ao qual tenha sobrevivido, empalidece em comparação com o que ocorre depois.”
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A modelo, muito emocionada, contou os motivos pelos quais considera que muitas mulheres não se atrevem a denunciar: “Não há dúvida de que muitas de nós consideramos que temos que guardar silêncio, zelar por nossa segurança ou tratar de manter nossa dignidade aguentando caladas. O medo de serem submetidas ao ostracismo por nossa comunidade é aterrorizante, mas estou aqui para lhes dizer que não é necessário passar por essa situação terrível”, afirmou Amber, que doou todo o dinheiro de seu acordo de divórcio a ONGs que apoiam vítimas da violência e a crianças carentes.
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