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Veja publicação original: “Procurei fazer a diferença olhando para a vítima e para os servidores ao meu lado”, diz nova chefe de Polícia
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Delegada Nadine Anflor tomou posse do cargo nesta terça-feira (8), em Porto Alegre
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O dia 8 de janeiro de 2019 foi histórico e cheio de simbolismo para a Polícia Civil gaúcha. Pela primeira vez na história da corporação, uma mulher assume o cargo de chefe de Polícia. Às 16h4min, a delegada Nadine Tagliari Farias Anflor, 42 anos, assinava o termo de posse.
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Aliás, uma posse diferente. A presença feminina, entre convidadas e servidoras, no auditório lotado no Palácio da Polícia, era maior do que masculina. Os comentários paralelos de quem acompanhava a cerimônia era de que pela primeira vez tantas mulheres prestigiavam a posse em uma instituição com tamanha representatividade na segurança pública.
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Nadine substitui o delegado Emerson Wendt, que ficou por dois anos e 10 meses no cargo. O discurso do governador Eduardo Leite, que também participou da posse, assim como o vice-governador e secretário da Segurança, delegado Ranolfo Vieira Júnior, foi de que há necessidade cada vez maior de “igualdade entre homens e mulheres”.
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Durante a cerimônia, Nadine foi presenteada com flores e uma placa entregues pelo marido Elmo Anflor Junior e pelo filho Carlos Eduardo. Em seu discurso, reforçou a importância da igualdade.
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— Cada vez mais se tem consciência da importância de se defender a igualdade, dando a homens e mulheres as mesmas oportunidades de terem sua profissão, de serem corresponsáveis pela manutenção da casa e poderem exercer o protagonismo — disse Nadine.
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A nova chefe de polícia citou os anos 1970, quando, pela primeira vez, houve a necessidade de contratação de mulheres na segurança pública para revistar suspeitas de crimes:
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— Assim, a antiga Escola de Polícia Civil do Estado do Rio Grande do Sul abriu vagas no curso de formação de investigadores da polícia. De 183 alunos, 42 foram mulheres, as quais arrebataram as melhores classificações do concurso no contingente quase absoluto de homens.
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Nadine lembrou que essas profissionais carregaram árdua tarefa, “a luta para conquistar a aceitação, a igualdade e o respeito dos colegas. Além dos criminosos, precisavam vencer o preconceito”. A delegada também citou a criação das delegacias específicas para crimes cometidos contra mulheres no fim da década de 1980 e lembrou do seu ingresso na Polícia Civil, em 2004.
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Seguiremos dando prioridade à elucidação dos crimes de homicídio, aos inquéritos de lavagem de dinheiro que buscam descapitalizar o crime, à investigação de crimes patrimoniais, à violência doméstica e familiar, ao combate ao tráfico.
DELEGADA NADINE ANFLOR
Chefe de Polícia do RS
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— Procurei, como profissional, fazer a diferença por todos os lugares que passei, olhando sempre a para a vítima e para os servidores que estavam ao meu lado. Não me conformei com o balcão apertado da delegacia de Santo Antônio da Patrulha, com o plantão improvisado embaixo de uma escada em Gravataí, com as inúmeras mulheres vítimas de violência sentadas nas escadarias da delegacia da mulher de Porto Alegre por falta de espaço físico e acolhedor.
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A delegada lembrou ainda da quebra de paradigma ao ser a primeira mulher a assumir a chefia de Polícia.
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— Tenho plena consciência, governador, dos desafios e das responsabilidades que estou assumindo. Afinal, segurança pública é o grande clamor da nossa sociedade perplexa e assustada com a criminalidade que atinge níveis insuportáveis, mas asseguro que estou pronta para enfrenta-los — destacou a delegada ao se dirigir a Eduardo Leite, que acompanhava o discurso.
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Nadine lembrou dos atrasos salariais e da necessidade de melhoria nos recursos materiais na instituição, das reclamações sobre promoção das carreiras, das horas extras trabalhadas e dos sobreavisos sem remuneração e adiantou que “essa realidade será enfrentada”. Também ressaltou que pretende dar continuidade “ao trabalho feito por todos os chefes de polícia”.
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— Seguiremos dando prioridade à elucidação dos crimes de homicídio, aos inquéritos de lavagem de dinheiro que buscam descapitalizar o crime, à investigação de crimes patrimoniais, à violência doméstica e familiar, ao combate ao tráfico, aos crimes contra a administração pública, à corrupção em todos os níveis, inclusive na polícia, às organizações criminosas e às facções no sistema prisional.
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Ao final de seu discurso, foi fortemente aplaudida. Ainda na cerimônia, o delegado Fábio Mota Lopes assumiu o cargo de subchefe da Polícia Civil, no lugar do delegado Leonel Carivali.
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Leite cita diversidade e igualdade
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Ao discursar de improviso, o governador Eduardo Leite disse que o “Estado tem que fazer as regras serem cumpridas”.
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— Eu quero resgatar esse compromisso diante do que se assistiu na história recente no nosso país e do estado, de um cenário de deterioração social com reflexo na segurança e de falta de investimento e articulação que gerou crescimento da violência e medo da sociedade.
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Leite admitiu que não será possível resolver todos os problemas da segurança em quatro anos, mas que será viável ter resposta de reação aos problemas que aparecerem. Mesmo dizendo que não estava ali para falar de crise financeira, o governador disse que será preciso um “esforço coletivo”, inclusive na segurança pública. Leite também falou sobre igualdade e diversidade ao se referir à posse de Nadine.
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— Temos os desafios da mudança de comportamento, de entendimento da sociedade. A mudança de percepção sobre a igualdade de homens e mulheres, o respeito à diversidade da nossa sociedade como um valor da nossa sociedade.
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O governador disse ainda que a posse de uma mulher como chefe de polícia do Estado é “momento de celebrara e olhar com otimismo o avanço da nossa sociedade na compreensão da igualdade de gênero, independentemente de serem homens ou mulheres”.
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Ranolfo ressalta integração
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O vice-governador e secretário estadual de segurança, delegado Ranolfo Vieira Júnior, também lembrou que a sociedade clama por segurança e que essa é a área “mais reclamada pela sociedade brasileira”. Também ressaltou que a importância da integração entre os órgãos de segurança para vencer o crime.
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— E não só entre as polícias estaduais, entre as vinculadas da segurança pública, mas nós temos que estar emanados com os nossos policiais federais, a Polícia Rodoviária Federal. Não podemos, governador, desprezar da integração com os municípios. Hoje, os municípios têm mais de 3,5 mil guardas municipais — disse Ranolfo ao se dirigir a Eduardo Leite.
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Ranolfo também disse que há necessidade de “trabalhar com inteligência, com planejamento, organização e com meta para melhorar a sensação de segurança pública no Rio Grande do Sul”.
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Wendt e o “leite de pedra”
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O discurso de despedida da chefia de polícia do delegado Emerson Wendt teve praticamente o mesmo tempo da sua sucessora, delegada Nadine Anflor, cerca de 20 minutos. Ele fez um balanço da sua gestão de pouco mais de dois anos, chorou ao citar sua família e fez uma espécie de desabafo.
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— Isso tudo foi feito em meio à maior crise financeira do RS, com presos em delegacias e com atraso nos salários.
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Wendt elevou o tom de voz no discurso, ao dizer que “se em momentos de crise é exigida a quota de sacrifício de todos, que ninguém se esqueça jamais que o sacrifício do policial muitas vezes é feito em detrimento à própria vida para que pessoas que ele sequer conhece possam ter uma vida melhor”.
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O delegado ressaltou ainda que muitos dos seus desafios quando assumiu o cargo continuarão, como o caso do efetivo defasado.
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— Desde a minha assunção foram quase mil aposentadorias contra 551 nomeações. Tiramos leite de pedra.
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Wendt vai assumir um cargo no setor de inteligência da Secretaria Estadual de Segurança.
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