Saiu no site METRÓPOLES
Veja publicação original: 64ª Cometa Cenas, mostra da UnB, traz peça sobre abuso contra mulher
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Um Lugar que Só Nós Conhecemos faz parte de projeto de extensão e aborda a violência psicológica e sexual do ponto de vista feminino
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Por Thais Moura
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A o percorrer o Instituto de Artes Cênicas da UnB a caminho da sala BSS-59, onde a montagem é exposta, encontra-se, no final do corredor, Um Lugar que Só Nós Conhecemos. A obra, dirigida por Louyse Borges e apresentada por Violeta Andrade nesta segunda (3/12) e quinta (6/12), aborda diferentes questões relacionadas aos abusos que as mulheres sofrem no decorrer de suas vidas e objetiva mostrar o que é ser mulher.
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Trata-se de um solo que compõe a 64ª edição do projeto de extensão Cometa Cenas, mostra cênica que ocorre todo semestre e reúne trabalhos finais dos estudantes e professores de teatro da universidade.
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A peça é composta por performances artísticas variadas, como dança e interpretação. Enquanto Violeta vive uma mulher que aparenta ter sofrido toda forma de abuso, com um roteiro recheado de frases impactantes capazes de comover o público, relatos de vítimas de violência psicológica, física e sexual são transmitidos ao lado de uma trilha sonora que prepara os espectadores para os sentimentos transbordados pela atriz.
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A todo momento Violeta pronuncia falas de fácil identificação por parte de mulheres que já foram oprimidas por seus parceiros, realizando movimentos que exigem preparo físico, flexibilidade e agilidade. “Você tinha tanto medo da minha voz que passei a ter medo também”, pronuncia a atriz logo no início da montagem.
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O roteiro, além de abranger questões polêmicas, como estupro e menstruação, transmite a mensagem de que a mulher que é abusada provavelmente aprendeu a ficar sempre de boca fechada em casa, com os próprios familiares.
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“Não fui embora porque deixei de te amar, fui embora porque quanto mais eu ficava, menos me amava”, resume perfeitamente o abuso psicológico que ocorre dentro de relações amorosas. “Ele só dizia eu te amo enquanto deslizava a mão para abrir o botão de sua calça”, incorpora a atriz, olhando diretamente para a plateia e arrancando até mesmo lágrimas do público feminino.
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Com presença de mais de 40 espectadores, o primeiro dia de apresentação lotou o espaço destinado à peça, assim como arrancou longos aplausos de seu público.
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“A peça expõe, de forma crua e delicada, uma realidade que por muitas vezes não é alcançada por parte do público, em específico o masculino. Dessa maneira, a obra toma um teor expositivo e quase educativo”, analisou Gabriel Joffily, 19 anos, estudante de Teoria, Crítica e História da Arte.
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