Saiu no site G1
Veja publicação original: ‘Meu marido amputou minhas mãos com um machado’: a terrível violência doméstica na Rússia
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Margarita Gracheva, de 26 anos, foi vítima de uma extrema violência praticada por seu ex-marido: ele usou um machado para cortar suas mãos.
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“Ele me levou para uma floresta, um lugar isolado. E gritou: coloca suas mãos na árvore. Eu chorei, gritei, implorei para ele não me machucar. Então ele disse para eu não olhar, e começou a cortar minhas mãos”.
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Essa história dramática pertence à russa Margarita Gracheva, de 26 anos, vítima de violência doméstica praticada por seu então marido.
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Em dezembro de 2017, depois de deixar os filhos do casal no berçário, seu agora ex-marido Dmitry Grachev a levou a um bosque nos arredores de Moscou. No local, ele prendeu Margarita com torniquetes e amputou as duas mãos da esposa com um machado.
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Em seguida, ele a levou a um hospital e entregou uma caixa aos médicos – nela, havia a mão direita de Margarita. Depois, Grachev se entregou à polícia.
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O caso de Margarita aponta para o problema da violência doméstica na Rússia. No ano passado, o país relaxou as leis de violência contra as mulheres do código penal.
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Os médicos conseguiram reimplantar a mão esquerda de Margarita Gracheva em uma operação que durou 10 horas — Foto: BBC
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O marido de Margarita foi condenado a 14 anos de prisão na última quinta-feira, 15 de novembro.
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Ameaças
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Dias antes do ataque, Dmitry Grachev ameaçou a esposa com uma faca. “Ele pegou uma faca e colocou em meu pescoço. Ele repetia: Admita, você está me enganando ou não?”, diz Margarita à BBC.
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“Quando fui à polícia, tinha certeza que eles viriam a minha casa no dia seguinte, mas não foi assim que aconteceu”, contou ela.
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“O policial me disse: ‘Vocês vão fazer as pazes, isso não é importante’. O caso foi encerrado. Três dias depois, ele me levou para a floresta e cortou minhas mãos”, conta Margarita.
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Rússia modificou leis sobre violência doméstica
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Em fevereiro de 2017, o Congresso da Rússia modificou o código penal do país para eliminar algumas das leis que puniam a violência doméstica. A mudança foi sansionada pelo presidente Vladimir Putin.
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Segundo a nova legislação, as agressões que causam dor física, mas não lesões, e deixam hematomas, arranhões e ferimentos superficiais nas mulheres ou crianças não são consideradas crime, mas uma falta administrativa. As agressões só viram um processo criminal caso haja reincidência – e isso só acontece se a vítima consiguir provar que foi agredida mais de uma vez.
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Essas mudanças motivaram uma série de protestos de ativistas nas ruas da Rússia. Mais de 600 mulheres são mortas em suas casas a cada mês no país, de acordo com estimativas policiais.
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Um relatório da ONG Human Rights Watch (HRW) afirmou que as mudanças na lei iriam retirar uma proteção importante e deixar as mulheres mais vulneráveis à violência.
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O governo russo criticou o relatório, alegando que ele não refletia a realidade do país.
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No caso de Margarita, como de outras milhares de mulheres da Rússia, os abusos começaram com espancamentos, mas eles foram desconsiderados pela polícia. “A princípio, pensei que algo estava estranho. A polícia classificou meu caso como uma falta administrativa e não como crime. Você bate em alguém e é apenas multado”, diz ela.
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Seu ex-marido foi multado em 10 mil rublos (cerca de R$ 560) por tê-la ameaçado com uma faca.
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Marido foi julgado e condenado
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Dmitry Grachev foi a julgamento sob as acusações de sequestro, ameaça de morte e lesão corporal grave contra sua ex-esposa.
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No processo, ele confessou ter cortado as mãos de Margarita.
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Na quinta-feira, ele foi condenado a 14 anos de prisão. Também foi proibido de ver os filhos.
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“Meus filhos não sabem o que aconteceu. Pensam que sofri um acidente. É difícil para eles. Não sei como explicar”, diz Margarita.
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Margarita Gracheva recebeu doações para adquirir uma prótese biônica — Foto: BBC
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“Para mim, seria melhor que ele tivesse sido condenado à prisão perpétua. Eu ficaria mais segura. Se ele sair e, eventualmente, morar perto de mim, não será seguro para mim e meus filhos.”
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Recuperação
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“Minha mão esquerda se perdeu na floresta. Mais tarde, ela foi encontrada. Estava quebrada em oito partes. A pele e as veias foram transplantadas”, diz Margarita.
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Os médicos reconstruíram e reimplantaram sua mão esquerda em uma operação que durou 10 horas.
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Pessoas do mundo inteiro enviaram doações a Margarita, que conseguiu arrecadar R$ 243 mil para adquirir uma mão prótese biônica para a mão direita.
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