Saiu no site EXPRESSO – PORTUGAL
Veja publicação original: Nigéria perde empréstimo de 300 milhões por impedir alunas grávidas de continuarem na escola
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As políticas em matéria de costumes têm endurecido muito desde a eleição do presidente John Magufuli em 2015. Outro alvo são os gays, facto que já tinha levado o Banco Mundial a criticar o governo da Tanzânia
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Por Luiz M Faria
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Banco Mundial cancelou um empréstimo que ia fazer à Tanzânia por esse país africano ter instituído uma política de expulsar da escola as adolescentes que engravidam. Os 300 milhões de dólares do empréstimo (€265 milhões), que se destinavam a promover a educação de qualidade no país, representam uma parte substancial da ajuda que o Banco previa atribuir este ano à Tanzânia, num total de 500 milhões.
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“Os retornos económicos e sociais de as raparigas terminarem a sua educação são muito elevados em todas as sociedades, para as gerações atuais e para as futuras”, justificou o Banco numa declaração enviada à CNN.
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A Tanzânia já tinha sido criticada em duas ocasiões recentes por essa instituição sediada em Washington. Uma das vezes foi quando um ministro anunciou o lançamento de uma campanha contra a comunidade LGBT, a segunda foi quando o governo anunciou que estatísticas que contrariassem os dados oficiais passariam a ser criminalizadas.
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Desde pelo menos os anos 1960 que existe em escolas do país uma política de expulsar as alunas que engravidam. Com a eleição do presidente John Magulufi em 2015, essa política tornou-se mais estrita e alargou-se para incluir também a proibição do retorno das raparigas aos estudos depois de darem à luz.
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Mesmo antes de 2015, calculava-se que anualmente oito mil raparigas grávidas, em média, fossem obrigadas a abandonar o liceu. “Barrar as mães adolescentes da educação não só perpetua normas de género discriminatórias, como é uma indicação do fracasso do governo a lidar com a raiz de violência sexual muito espalhada contra as adolescentes”, diz a representante da Equality Now, uma ONG.
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Segundo informações bastante divulgadas, duas em cada cinco raparigas no país casam antes dos 18 anos. A ausência de educação escolar proporciona e agrava uma série de complicações, desde a gravidez prematura e violência doméstica e carências de nutrição.
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