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Depois disso você passou por empresas como L’Oréal, ClikOn, virou sócia da Predicta, depois, CEO na Netmovies e diretora de marketing do Walmart.com. O que foi determinante para chegar a esses cargos?
Em 2004, fui estudar no Instituto de Pós-Graduação e Pesquisa em Administração da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Também fiz um programa da Harvard Business School voltado para empreendedores na construção de plataformas digitais, o Building Ventures in Latin America. Esse foi o momento “game changer” (desafiador, numa tradução livre) da minha vida, porque ali, participei de uma competição que a L’Oréal promove no mundo inteiro. Eu e dois amigos apresentamos para o presidente global da marca uma plataforma em que um gerente real da empresa tinha que administrar um produto online e, todos os dias, tomar uma decisão em relação a ele. Ficamos em primeiro lugar. A L’Oréal então me convidou para montar a parte digital da empresa. Depois disso, em menos de um ano, fui para a Predicta. Em seguida, para ClickOn, Netmovies e Walmart.com, em que sempre trabalhei na construção de plataformas digitais. É muito difícil um profissional ter a experiência que eu tenho.
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Você foi diretora do Banco Original e, no posto, comprou uma briga com o Banco Central, para conseguir implantar a abertura de contas online. Processo histórico, não?
Assumi o banco em 2014, primeiro como superintendente executiva, quando nenhum banco tinha aberturas de conta online, e fiquei dois anos cuidando do mobile banking, internet banking e atendimento ao cliente. Mas a grande conquista veio em 2017. Até então, o mercado financeiro entendia que só se podia abrir uma conta com interação humana, ou seja, de forma presencial.
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Quando lançamos a abertura online, o Banco Central nos mandou parar por três semanas. Fomos lá e provamos que esse processo é mais seguro que o humano. Hoje, todos os bancos abrem conta 100% digital.
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Apesar de todos esses feitos, enfrenta machismo?
Quando cheguei no Original, usava blusa de gola, zero maquiagem e calça comprida, até que um dia fui de saia e uma pessoa me falou: “Volta amanhã de calça porque não estou conseguindo me concentrar”. Voltei com uma saia mais curta e disse: “Vamos continuar aquela conversa?”. Isso despertou em mim um negócio “girl power” insano e, desde que cheguei no Webmotors, me encontro com todas as mulheres que trabalham na empresa, e também no Santander (dona de 70% do site) fazendo um coaching, falando sobre assédio abertamente, perguntando quais os momentos em que elas não se sentem bem. Já conversei com cerca de 100 funcionárias.
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