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Veja publicação original: ELEITORAS: 94% NÃO SE SENTEM REPRESENTADAS POR POLÍTICOS
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Por Luiza Souto
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A duas semanas do primeiro turno das eleições presidenciais e estaduais, quase cem por cento das mulheres (94%) afirmam não se sentir representadas pelos políticos em exercício. Pesquisa inédita do Instituto Locomotiva, sobre o que pensam as eleitoras brasileiras, aponta mais: 95% delas acreditam que deveria haver mais mulheres na política.
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Os dados completos serão divulgados pelo Instituto nesta sexta-feira, quando promovem, em São Paulo, um debate com as candidatas à vice-presidência, junto com o jornal El País e o apoio da ONU Mulheres e do Ibmec. Universa também participará da mesa.
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O TSE (Tribunal Superior Eleitoral) contabiliza que 52% do eleitorado brasileiro é feminino, ou seja, 77 milhões de mulheres podem votar. E são elas que representam 44% da PEA (População Economicamente Ativa), segundo o IBGE. Porém, apenas 10% ocupam o parlamento federal.
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Na pesquisa, vê-se que mais da metade das mulheres (72%) se interessa em algum grau por política, e 55% concordam que a política é o melhor caminho para elas sofrerem menos preconceito. Entre as eleitoras, 76% concordam que seu voto pode fazer a diferença no país.
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A grande maioria (90%), no entanto, está desacreditada: elas não confiam que os políticospensem nas necessidades da população para tomar suas decisões. E 93% discordam que os políticos atuais procuram ouvir os brasileiros.
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Os pesquisadores partiram de uma apuração quantitativa nacional, qualitativa e análise de dados secundários, com pessoas a partir de 16 anos. Foram 2015 entrevistas em 35 cidades, na primeira semana de setembro deste ano.
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“Falta de políticas para este público”
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Para Maíra Saruê Machado, diretora executiva do Instituto Locomotiva, está claro que as eleitoras não se sentem representadas pela falta de políticas voltadas para este público.
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“É o que mais ouço. São elas que mais se preocupam, por exemplo, com a violência ou vaga em creche. E são pautas pouco observadas pelos políticos. Falta esse olhar, falta o candidato compreender e propor leis”, opina.
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Maíra observa ainda que o ambiente político dominado pelo homem é um desestímulo para a entrada de mais mulheres nele.
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“Vimos mais candidatas a vice-presidente, por exemplo, mas mais do que ser mulher, acho que o importante é ver se a pauta feminina está no debate. Não adianta ter uma cota na campanha política para a mulher se não estimular que ela realmente participe”.
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Mulher na política, mas em postos de vice
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A determinação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em maio deste ano, de que 30% do fundo de campanhas sejam gastos em candidaturas femininas, pode ter sido o gatilho para postulantes ao cargo de governador e presidência – homens – desejarem ter mulheres em suas vagas de vice.
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Lideranças feministas e especialistas no tema apoiam esse movimento. Mas fazem ressalvas; entre elas, a de que não adianta chamar mulheres apenas para cumprir cota e, nas decisões, não dar voz a elas.
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Pela determinação do TSE, ao menos 30% do R$ 1,7 bilhão do Fundo Partidário reservado para as eleições devem ser gastos em candidaturas femininas. Também ficou decretado que 30% do horário eleitoral gratuito no rádio e na televisão será destinado a elas.
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Importante lembrar que, desde 2009, a lei eleitoral obriga o cumprimento da cota mínima de 30% para o gênero feminino, mas não havia, até agora, a imposição sobre os gastos. Nas campanhas municipais de 2016, segundo o TSE, 14,4 mil candidatas não receberam sequer o próprio voto. A suspeita é que muitas delas podem ter sido usadas como “laranjas”, apenas para preencher a cota.
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Por sugestão do ministro Luís Roberto Barroso, o recurso do Fundo Eleitoral reservado para as campanhas femininas não pode sequer ser doado a outros políticos.
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“Pode ter certeza que os partidos só estão convidando mais mulheres por conta da nova determinação. Se não a cumprirem, pagam multa. E há também um monitoramento para que as candidatas não sejam laranjas. Mas é interessante que as mulheres se apropriem dessa prerrogativa porque, a médio e longo prazo, elas terão mais poder dentro dos partidos”, avalia a socióloga Jolúzia Batista, membro do Centro Feminista de Estudos e Assessoria (CFEMEA), sediado em Brasília, que estuda, debate e defende pautas do universo feminino e direitos humanos.
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“Presença vexatória”
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O cientista político e especialista em marketing Antônio Lavareda classifica como “vexatória” a presença de mulheres no Parlamento e pontua que deve-se olhar esse novo movimento de forma legítima. Ele considera que discutir somente a cota de financiamento “é uma bobagem” e diz que essencial mesmo é aumentar a representatividade na Câmara, que é onde está o problema, na sua visão.
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Segundo ele, qualquer esforço é válido para que isso aconteça. Longe das campanhas desde 2010, o marqueteiro ajudou a eleger Roseana Sarney a governadora do Maranhão em 1994 e 1998, além da ex-governadora do Rio Grande do Norte Rosalba Ciarlini, em 2010.
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“Mesmo que seja de marketing, uma ação para que se amplie o espaço das mulheres será importante. Quando há maior presença feminina, a política tende a ser mais transparente”, acredita.
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