Saiu no site INSTITUTO GELEDÉS:
Veja publicação original: Uma em cada quatro mulheres é vítima de violência obstétrica no Brasil
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Não há dúvidas, ser mulher no Brasil é uma missão arriscada. Morar em dos países mais machistas do mundo é conviver diariamente com todos os tipos de agressões. Entre elas está uma prática comum, mas silenciosa e que atinge cada vez mais mulheres.
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Um levantamento feito pela pesquisa Mulheres Brasileiras e Gênero nos Espaços Público e Privado, comandado pela Fundação Perseu Abramo e o Sesc, aponta que uma em cada quatro mulheresjáfoi vítima de violência obstétrica.
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Parte dos costumes de uma sociedade acostumada com métodos opressivos, ela atinge a paciente por meios e formas diversas e caracteriza-se pela apropriação do corpo e processos reprodutivos da mulher pelos profissionais da saúde. Desumanização, abuso de medicamentos, ofensas e até mesmo abusos sexuais, são tipificados como violência obstétrica.
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Para jogar luz sobre o assunto, as advogadas Maria Luiza Gorga e Ana Paula Cury produziram um estudo acompanhado de um ensaio fotográfico registrando as formas de agressões obstétricas. Violência obstétrica: o que é e os direitos da parturiente mostra frases proferidas com frequência em consultórios médicos Brasil adentro.
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“Cala a boca. Fica quieta senão eu vou te furar todinha”.
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“Se você continuar com essa frescura, eu não vou te atender”.
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“Na hora de fazer, você gostou né?!”
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Os exemplos acima fazem parte do estudo e são manifestações explícitas de casos de violência obstétrica. Entretanto, nem sempre é assim. Em muitas ocasiões, o método acontece de forma velada e travestido de supostos protocolos institucionais. O viés racial também se faz presente na história.
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Foto: Carla Raiter / Projeto 1:4
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Entre mulheres negras, é comum ouvir relatos de médicos que recusam a aplicação de anestesias ou que realizam o exame de toque de forma dolorosa. Segundo elas, estes profissionais se valem de uma máxima racista de que a mulher negra “é mais forte”.
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Cerca de 60% das mulheres vítimas de morte materna são negras. É necessário dizer que a morte materna, em 90% das situações, pode ser evitada com o atendimento correto. Em 2015, o caso de Rafaela Cristina Souza dos Santos, de 15 anos, chamou a atenção do país todo.
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Mulher e negra, a adolescente acabou morrendo depois de dar à luz em uma maternidade do Rio de Janeiro. O atendimento (ou a falta dele) foi negligente, fazendo Rafaela esperar cinco horas pelos médicos. Ela foi forçada a escolher pelo parto normal e o método só foi descartado quando os médicos perceberam que Rafaela apresentava um quadro de eclampsia. Tarde demais para a cesariana.
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“O espaço do cuidado e da assistência à saúde, assim como os seus profissionais, deveria garantir minimamente que as mulheres tivessem os seus riscos de adoecer e morrer reduzidos, no entanto, por conta de uma estrutura de sociedade opressora, desigual e preconceituosa, coloca a vida das mulheres em risco a cada momento que elas entram nos serviços de saúde”, afirma Emanuelle Goes – enfermeira e coordenadora do Programa de Saúde das Mulheres Negras – Odara Instituto da Mulher Negra.
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Para denunciar, reúna o máximo de provas que puder, faça um Boletim de Ocorrência ou uma denúncia por escrito ao Conselho Regional de Medicina de sua cidade.
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