Saiu no site G1:
Veja publicação original: Aretha Franklin – A mulher negra visível
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Por Dodô Azevedo
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o Brasil, vivemos uma espécie de descoberta da mulher negra brasileira.
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Na academia, no mercado de trabalho, no mundo pop, elas tomaram o microfone. Começaram a chamar a atenção para o que querem dizer. A reivindicar lugar de fala.
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Djamila Ribeiro e o sucesso nacional de seu livro “Quem tem medo do feminismo negro?”.
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Conceição Evaristo candidata a Academia Brasileira de Letras.
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O elenco do magistral musical “Elza”, sobre a vida de Elza Soares.
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“Dona Ivone Lara – o musical”, preparando-se para estrear nos palcos.
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Na TV, a Michelle Brau de Taís Araújo tornada protagonista da série “Mr. Brau”, em sua derradeira temporada.
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O Brasil de 2018, em muitos aspectos parecido com os EUA do fim da década de 60, com suas polarizações, extremismos, fraturas e consequentes contraculturas, também celebra hoje a vida de Aretha Franklin.
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Lá, e na época, a cantora (e incrível pianista, pouco se fala) foi ponta de lança de um movimento de afirmação e ocupação de espaços que começa quando Sister Rosetta Twarpe, nos anos 30, resolve levar a guitarra elétrica para os palcos gospel, praticamente inventando o rock and roll, até os dias de hoje, onde a comunicadora mais popular, com alcance de voz a milhões de cidadãos, é Oprah Winfrey.
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Aretha Franklin morre como unanimidade.
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Mas, antes de tudo, visível.
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Morrer visível, relevante e respeitada é, para mulheres negras, uma construção que leva décadas.
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E que aqui só começou.
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Aretha Franklin foi, involuntariamente, mãe os 12 anos, sofreu com a pobreza, apanhou de maridos.
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Nada muito diferente a trágica rotina da mulher negra brasileira.
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Aretha Franklin morre visível, relevante e respeitada.
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As nossas Arethas Franklins permanecem na luta.
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Atenção a elas.
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Atenção às nossas.
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Atenção.
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Esse outro nome para respeito.
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