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Na Holanda, mercado de trabalho flexível permite que pais fiquem mais em casa com os filhos

Saiu no site G1

 

Veja publicação original:  Na Holanda, mercado de trabalho flexível permite que pais fiquem mais em casa com os filhos

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Por Mariana Timóteo da Costa

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Lei prevê que empresas devem flexibilizar as horas trabalhadas para quem é pai: é o chamado Papadag (ou Daddy Day, dia do papai); G1 publica série de reportagens sobre como a Holanda foi parar no topo dos países com as crianças mais felizes do mundo.

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Um dos segredos do bem-estar das crianças holandesas é o fato delas passarem muito tempo com suas famílias. No ranking do Unicef, quase 85% das crianças alegaram sentirem-se confortáveis para conversar com os pais.

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É lei que as empresas flexibilizem as horas trabalhadas para quem é pai. Existe até um termo para isso: “Papadag” (ou Daddy Day, dia do papai). Como a flexibilização é opção para homens e mulheres, e é bastante comum ver homens ficando em casa com as crianças pelo menos um dia na semana.

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“Em vez de 40 horas semanais, é possível tirar 30 horas, com pequenas reduções salariais”, explica a consultora familiar Michelle Leyendekkers, que trabalha numa creche em Roterdã e mãe de Julia, oite, Cas, seis, e Sara, quatro.

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O marido, Hans, é gerente de produtos numa empresa de estufas e tirou vários “Papadag”, principalmente quando as crianças estavam na idade pré-escolar. Sara, de quatro anos, ingressou neste ano na escola.

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Série de reportagens do G1 explica os êxitos da educação holandesa (Foto: Roberta Jaworski/G1)

Série de reportagens do G1 explica os êxitos da educação holandesa (Foto: Roberta Jaworski/G1)

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Desde quarta-feira (4), o G1 publica uma série de nove reportagens que investigam os fatores educacionais, econômicos e sociais por trás do sucesso holandês. Leia outras reportagens publicadas nesta sexta:

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Olha que legal: Holanda é o país com as crianças mais felizes do mundo

Olha que legal: Holanda é o país com as crianças mais felizes do mundo

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Cuidados com os filhos

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Michelle e Hans se revezam igualmente no cuidado com os pequenos. Eles estudam das 9h às 16h e sempre um dos pais leva ou busca todo o mundo na escola. Como às quartas-feiras a escola na Holanda só costumam funcionar meio período, um dos pais costuma trabalhar de casa.

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“Aí os cinco jantam juntos diariamente, às 18h. As empresas entendem que temos filhos para criar e ninguém trabalha mais horas do que o necessário”, conta Hans.

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Segundo pesquisa da revista “The Economist”, a Holanda é campeã do trabalho em meio período: mais da metade da população economicamente ativa opta por contratos de menos horas de trabalho – mais do que qualquer país rico do mundo.

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Antes dos 4 anos, quando a educação pública passa a ser obrigatória, os pais ou fazem como Carter ou colocam as crianças em creches, normalmente pagas.

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“O valor pago é descontado do imposto de renda, dependendo do salário da pessoa. Quem ganha mais, ganha menos desconto”, conta Maria Patijn, mãe de Anna, de dois anos.

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A funcionária do museu Van Gogh, em Amsterdã, optou por deixar a filha três vezes por semana na creche; um dia ela fica em casa, em outro, o marido. Paga cerca de mil euros (R$ 4,2 mil) por mês de creche, mas recebe de volta 700 euros (R$ 3,1 mil).

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Maria diz que gostaria que a licença maternidade fosse superior aos quatro meses que ela teve direito na Holanda, mas acha que as facilidades dadas para que ela tenha acesso a uma creche “acabam compensando”.

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Há ainda muitas instituições que oferecem creches para imigrantes ou população de menor renda, por valores simbólicos.

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Ampliação da educação pública

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São vários os movimentos na Holanda para que a educação pública seja estendida para a partir dos dois anos.

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“Hoje sabemos da importância de se atender à primeira infância (0 a 6 anos), período determinante para todo o desenvolvimento humano, quando a maior parte das conexões cerebrais se formam. Portanto, quanto mais cedo essa criança for atendida pela instituição pública, melhor. Pelos pais em casa ela já estão realmente muito bem”, declara Thea Peetsma, diretora do Departamento de Desenvolvimento Infantil e Educação da Universidade de Amsterdã.

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Em busca de mais igualdade

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Outro desafio é igualar mais a proporção entre homens e mulheres, já que 75% dos que trabalham meio períodos são mulheres, como explica Leotien Peters, chefe da Fundação Bernard van Leer na Holanda, que trabalha com projetos relacionados à primeira infância em várias partes do mundo.

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“Se quisermos dar mais poder e autonomia às mulheres, especialmente com o envelhecimento da população, precisamos que aqui elas tenham condições iguais de se desenvolver no mercado de trabalho. E isso significa dividir mais com os homens os cuidados das crianças”, comenta.

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“Para o futuro do país, é importante que as mulheres em idade economicamente ativa possam trabalhar em todo o seu potencial.”

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A executiva cita um fenômeno recente na Holanda e em outros países da Europa: as mulheres estão tendo filhos mais velhas (acima dos 37 anos), ao mesmo tempo em que seus pais estão envelhecendo e precisam de cuidados.

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“Aí muitas delas acabam cuidando de seus bebês e de seus pais ou sogros ao mesmo tempo, uma carga sem dúvida pesada, outro motivo para incluirmos mais os homens nessa força doméstica de trabalho”.

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Licença-paternidade

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A fundação foi uma das instituições que pressionaram os legisladores para aumentar o tempo de licença-paternidade – hoje de dois dias para os homens, mas que deve passar para cinco dias até o fim do ano e para seis semanas até 2020. Muitas empresas já estão dando licença-paternidade não remunerada, segundo artigo recente na imprensa holandesa.

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Mesmo assim, a executiva vê a sociedade holandesa como “muito mais igualitária e equilibrada” do que a de muitos países ricos – “e claramente isso influencia a percepção das crianças”.

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E tudo isso sem prejudicar a economia. Segundo o último ranking de competitividade da escola de administração suíça IMD, a Holanda é o país mais competitivo da Europa em 2018_ passou a própria Suíça, atrás apenas de EUA, Hong Kong e Cingapura.

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Está entre as 20 economias do mundo, mesmo sendo um país de apenas 17 milhões de pessoas.

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“Estamos de mudança para a China e não sabemos como vai ser por lá”, brinca Carter Duong, de 41 anos, que resolveu parar de trabalhar quando ele e o marido, Remco Van, de 52, adotaram a pequena Ella, de um ano e meio. “Aqui realmente passamos muito tempo com as crianças e ninguém parece se importar com uma pequena redução salarial ou de dar um tempo na carreira para ter isso.”

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