Saiu no site O GLOBO:
Veja publicação original: Milhares de chilenas voltam às ruas em marcha feminista
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Manifestantes exigem igualdade de gênero e educação não sexista; governo promete reforma constitucional
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Milhares de mulheres saíram mais uma vez, nesta quarta-feira, às ruas em várias cidades no Chile para reivindicar uma educação não sexista e igualdade de gênero, no âmbito de uma revolução cultural que parece ter vindo para ficar.
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Com o lema “Precarização vivemos todas: às ruas estudantes, migrantes, mães e trabalhadoras”, o movimento pretende abarcar metade da sociedade que se sente vítima do machismo e da desigualdade e não só se limitar às salas de aula dos centros educativos.
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Com slogans como “Necessita-se de forma urgente uma educação feminista e dissidente” e “Não nasci mulher para morrer por isso”, a marcha transcorreu em um ambiente festivo na principal artéria da cidade, a Avenida Libertador O’Higgins, sob o olhar de dezenas de policiais.
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— Recebemos o apoio de grande parte da sociedade, das mulheres (…). O feminismo sempre vai incomodar os homens porque lhes questiona — disse Amanda Mitrovic, dirigente da Coordenadoria Feminista Universitária (Confeu).
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A centelha feminista se propagou no Chile em consequência da condenação pela Justiça espanhola, no fim de abril, a nove anos de prisão por abuso sexual a cinco homens acusados de estuprar uma jovem na Espanha, no caso conhecido como “La Manada”.
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Desde então, mais de 20 universidades foram ocupadas por estudantes que reivindicam uma educação não sexista e o fim dos estereótipos culturais que depreciam a mulher.
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— Esta mobilização explodiu na cara de todos, porque havia muito ressentimento, muita história por trás acumulada — afirmou à AFP Araceli Farías, vice-presidente da Federação de Estudantes da Universidade Católica.
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Segundo a Prefeitura de Santiago, cerca de 15 mil pessoas compareceram à marcha.
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O governo do conservador Sebastián Piñera anunciou no fim de maio uma Agenda Mulher com 12 pontos para tentar reduzir a brecha entre homens e mulheres, entre eles uma reforma da Constituição para garantir “a plena igualdade de direitos”.
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Mas a maioria das jovens que lideram este movimento feminista sentem que a medida é insuficiente porque o presidente não recebeu as representantes das confederações estudantis para dialogar, e em suas intervenções públicas não se referiu à educação não sexista nem falou da mudança social e cultural.
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— A educação não sexista é a primeira mudança que devemos fazer para uma mudança social e cultural! — exclamou Mitrovic, acrescentando que a mudança deve acontecer “desde as bases”. — É um problema sistêmico. Acreditamos que os professores devem ser educados para que tenham uma perspectiva de gênero.
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