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Veja publicação original: Síndrome do Segredo: por que vítimas de violência sexual ficam caladas?
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Por Helena Bertho
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Aos cinco anos de idade, foi um primo que tocou a publicitária L.A., hoje, com 23, por dentro de sua calcinha. Aos sete, um amigo de sua mãe passou a mão em seu corpo. E, aos 12, o avô de uma amiga lhe fez propostas sexuais. Todos os abusos machucaram, de alguma forma, a publicitária. E ela sempre achou que algo muito errado tinha acontecido. Mas, por anos, nunca falou sobre o assunto com ninguém.
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“Parecia um sonho. E eu me sentia culpada. Tive depressão e tentei me matar duas vezes”, conta L.A.
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Vítimas de abusos sexuais que não conseguem falar sobre o que passaram fazem parte de uma enorme quantidade de pacientes em consultórios psicológicos e psiquiátricos. E um grupo desses profissionais de saúde dá até um nome para essa condição: Síndrome do Segredo ou Síndrome do Silêncio.
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Medo, culpa, dinâmica familiar e dependência
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“O silêncio dessas vítimas é fruto de um fenômeno complexo. Não existe um motivo único pelo qual elas não falem.
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Quando o abuso acontece por parte de um conhecido ou de uma pessoa próxima da vítima, a síndrome é mais comum, dizem os especialistas. “A vítima tem medo de que as consequências para o pai, o irmão ou o marido sejam ruins. Outro medo bastante recorrente é o de que, se decidir contar, ninguém vai acreditar nela”, explica Cátula Pelisoli, psicóloga e doutora em psicologia, também pela UFRG.
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Outros fatores compõem o quadro perverso do silêncio. Em muitos casos, existem ameaças por parte do abusador, vergonha da vítima pelo que aconteceu, e dependência financeira e emocional de quem perpretou a violência.
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Pior consequência é a violência seguir
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Entre as piores consequências do segredo está a manutenção da violência.
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Mas o não falar também gera prejuízos emocionais, pois a vítima, segundo os especialistas, “não elabora o que viveu”. “Quanto mais tempo passa, mais danos esse trauma traz para o desenvolvimento de quem foi abusado”, diz Cátula Pelisoli. Depressão, síndrome do pânico, traumas sexuais e somatização do sofrimento transformado em doenças são alguns desses prejuízos.
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Sentir que vai ser acolhida ajuda vítima a falar
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Foi só aos 18 anos que L.A. conseguiu contar para uma psicóloga o que viveu. E, depois disso, guardou segredo novamente até os 22, quando casou e relatou a violência sofrida ao marido. Ela diz que as duas experiências foram fundamentais, porque a terapia e o companheiro a ajudam a lidar com o trauma.
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Ter engravidado, no entanto, foi um estimulante ainda mais potente para que falasse do assunto, alguns anos mais tarde, com sua família. “É preciso alertar as pessoas, porque, todas as vezes que a violência aconteceu comigo, eu estava com uma amiga ou com a minha mãe, ou seja, alguém que eu confiava. Minha filha tem 10 meses, e eu não quero que isso aconteça com ela”, diz L.A..
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Ter alguém próximo, ou em quem se confia, é essencial para que vítimas que sofrem com a Síndrome do Segredo decidam falar. “Muitas mulheres encontram apoio em grupos comunitários, que se reúnem para falar desses assuntos “, diz Débora. “E ver pessoas denunciando, também estimula as vítimas as falarem.
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